Aqui estou, mais uma vez, falando sobre novela. Enquanto da última vez a minha maior preocupação era a "cura gay" e a "redenção da piriguete", dessa vez o assunto é outro: Estupro. Em pouco tempo tivemos os protestos da prudence e da Nova Schin, e agora, "Avenida Brasil" naturaliza a violência.
Casamento de Ronielen |
Sabíamos, como disse no outro post, que Roni e Suelen se casariam, o que de fato aconteceu: O gay e a piriguete se casaram. Em tese, o casamento seria de fachada, mas Suelen está determinada a seduzir o marido. A questão é que Roni é gay, o que a Suelen faz? Embebeda o rapaz para seduzí-lo e faz sexo com ele.
Assista aqui.
No dia seguinte Roni acorda e fica atordoado ao perceber o que aconteceu. Ele a acusa de assédio sexual (Não, Roniquito, o nome disso é estupro de vulnerável mesmo!), diz que vai chamar a polícia que vai processá-la. A reação de Suelen? Ela ri, zomba dele, diz que ele vai ser piada no Divino. Não é à toa que tantas pessoas, homens e mulheres, quando vítimas do estupro se sentem envergonhados e até mesmo culpados. A estigmatização também é responsável pela impunidade dos agressores.
Assista aqui.
A questão é que em tempos em que figuras nefastas como a psicóloga Marisa Lobo e o deputado Jair Bolsonaro promovem debates tentando deslegitimar a proibição do Conselho de Psicologia à chamada "cura gay", a novela exibe um gay fazendo sexo com uma mulher. A prática do sexo não-consensual para fins de cura da homossexualidade é chamada de estupro corretivo.
Estupro corretivo sendo exibido na novela de maior audiência do país, em tom de piada, além da troça que suelen faz da ameaça de processo de Roni, é mais uma manifestação da cultura do estupro naturalizando a violência.
O pior é que essa não é a primeira cena de estupro que vi em Avenida Brasil, há alguns meses vi uma cena horripilante no núcleo do Cadinho. Um personagem detestável que era casado com duas mulheres e mantinha um relacionamento com mais uma, Alexia. E há uma cena em particular em que o estupro de fato aconteceu.
O núcleo mais chato da novela |
A cena é a seguinte: Alexia já tinha terminado o relacionamento com Cadinho e estava noiva de outro homem, o Ruy. Cadinho entra na casa dela, veste o pijama do Ruy, passa o perfume do Ruy e tenta estuprá-la enquanto ela usa um tapa-olhos desses de dormir. Ao perceber que se tratava de Cadinho, Alexa tenta expulsá-lo, mas não consegue. Diante da negativa dela, ele a força a fazer sexo com ele, mas no fim, ela parece feliz.
Assista aqui.
Então, se ela está feliz, qual o problema disso?
O problema é que essa cena diz o seguinte: "Mulheres dizem não quando querem dizer sim". E essa é uma máxima que ajuda na manutenção da cultura do estupro. Ainda que ela quisesse fazer sexo com o Cadinho, ela disse que não. A vontade dela foi expressa e deveria ter sido respeitada. Não é não.
Imagem babaca que corre aí pelas redes sociais |
Não é difícil entender o que é o estupro. Basta compreender o que significa "não consensual". Sabe aquela passada de mão na bunda da mulher? Estupro. Sabe aquele beijo forçado na boate? Estupro. Sabe quando alguém embebeda outra pessoa para conseguir ficar com ela? Estupro. Pois é, nossa legislação é bem abrangente. Estupro não é apenas aquele momento em que alguém é abordado por um estranho na rua e é forçado a fazer sexo com o agressor, estupro é muito mais que isso. E inclusive, acontece frequentemente dentro de casa, com pessoas conhecidas, muitas vezes com o próprio marido ou namorado, como no caso de Roni/Suelen e de Alexia/Cadinho.
Exibir um gay bêbado fazendo sexo hétero e um casal hétero fazendo sexo após uma negativa expressa da mulher, sem nenhuma consequência para as partes agressoras é passar uma mensagem clara de que esses comportamentos são aceitáveis. É acatar a cultura do estupro, é mantê-la, é disseminá-la.
UPDATE: Algumas pessoas estão achando que eu detesto o Cadinho porque ele está numa relação não-convencional. Muitíssimo pelo contrário, o que eu não gosto é de mentira. O Cadinho enganava as mulheres e não estava em uma relação livre, ele estava em 3 relações monogâmicas em que ele era infiel em todas. Reside aí uma grande diferença. Eu encaro as relações livres como um relacionamento onde a sinceridade é muito importante. Não é conservadorismo da minha parte. Quem quiser se informar mais sobre relações livres pode entrar no blog da Rede Relações Livres.
UPDATE: Algumas pessoas estão achando que eu detesto o Cadinho porque ele está numa relação não-convencional. Muitíssimo pelo contrário, o que eu não gosto é de mentira. O Cadinho enganava as mulheres e não estava em uma relação livre, ele estava em 3 relações monogâmicas em que ele era infiel em todas. Reside aí uma grande diferença. Eu encaro as relações livres como um relacionamento onde a sinceridade é muito importante. Não é conservadorismo da minha parte. Quem quiser se informar mais sobre relações livres pode entrar no blog da Rede Relações Livres.
Texto maravilhoso. Perfeito. Traduz a opressão sofrida pelos grupos tidos como inferiores.
ResponderExcluirVou epsquisar mais sobre o estupro, pois de acordo com meus conhecimentos prévios, estupro era o ato de penetração pênis-vagina; os outros crimes eram tidos como atentado violento ao pudor.
Também fiquei pensando a respeito... Quando vi a cena, achei que a Suelen estava brincando, que não havia acontecido nada, só para zoar com ele.
ResponderExcluirAlém do cenário "cura gay" tem toda a desconsideração do sentimento da vítima. Não importa quem foi o algoz, quem é abusado sempre tem de encarar aquela pecha de "não reclama, que você gostou, você pediu".
Ótimo post!
Tá me dando raiva esse "casal", que era só pra ser de fachada... Deveriam ter continuado do jeito que estava, coisa mais besta sempre ter que fazer o "casal-heterossexual-cissexual-felizes-para-sempre" no final.
ResponderExcluirEra muito legal com a Suelen sendo uma mulher sexualmente ativa e o Roni homossexual. Havia muito para explorar nesses dois personagens, fazer as pessoas pensarem que "cura gay" não existe, mostrar cada vez mais homossexuais como pessoas normais, e que o caráter de uma mulher não se define pela quantidade de homens que passam pela sua cama.
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Assino embaixo!
ResponderExcluirSó um adendo:
Avenida Brasil, apesar de ter como personagens centrais e mais fortes (que movimentam a trama) mulheres, também joga uma profusão de violência verbal contra a mulher... O que tem de "vadia", "piranha", "ariranha", "biscate", etc. não tá no gibi!
Para postar o que vou escrever agora, acho até estranho, mas perguntei minha sobrinha que é noveleira fiel (estou assistindo de pouco) sobre Roni e Suelem. Ao que me parece depois de tantas reviravoltas é que não é Roni que é gay e sim seu amigo, Leandro. Observei atentamente assim como um amigo observou que na verdade parece que a vilã não é Carminha e sim Nina.
ResponderExcluirQuantas vezes homens ou mulheres se acham gays e não o são. Acho que esse é o caso do Roni. Agora Leandro, apesar de ter dado uns pegas por aí, é que tem o seu lado gay mais aflorado. Pode ser impressão. Mas...
Não sei nem dizer o que é mais grave nesse caso do Roni e Suelen: se é o lance da "cura gay" com um viés de estupro corretivo, se é o estupro dentro de um casal ser totalmente relativizado, de forma, que soa para a população que a violência sexual sofrida gerou um mero aborrecimento apenas. Que aquilo ali não é um crime. Ou se é o fato dele não ter denunciado porque um homem denuncia um estupro como o ocorrido seria um atestado de "menos homem".
ResponderExcluirE o caso do Cadinho, mais uma vez relativizou totalmente o consentimento feminino. Ai, ai. O texto mostra claramente como essa novela ignora as vítimas de estupro, que como a gente sabe, normalmente são estupradas por seus maridos, namorados e ficantes. :/
Esse texto é incrivelmente claro e direto. Quem não entender é por muita má vontade mesmo (a mesmíssima que impediu que entendessem que havia estupro no comercial da Nova Schin). Meus parabéns.
ResponderExcluirAh, se eu soubesse montar imagens, pegaria aquela fito da Carminha que todo mundo está usando e colocaria a legenda 'Culpa da Rita: ela quer relativizar o conceito de estupro. Sexo sem consentimento É estupro'
ResponderExcluirTá uma explosão de Carminha na minha timeline também. Pena que eu não sei fazer montagens =/
ExcluirFlávia, uma amiga me mostrou como é fácil: geradordememes.com
ExcluirA percepção da cena me parece correta: isto é estupro. Pois se um indivíduo do sexo masculino faz isso com uma mulher, esta conduta é passível de punição penal (algo que já ocorre, com a atual legislação de crimes contra liberdade sexual)Mas a conclusão não gosto,pela seguinte razão. Uma novela de TV não deve passar somente cenas 'corretinhas', aliás não é o que ocorre. Nestas tramas se vê assassinatos, roubos etc. E se episódios como estes são retratados em textos artísticos, não significa 'naturalização'. A arte não pode naturalizar nada. Porque, penso eu, que o papel da arte é a desbanalização.
ResponderExcluirAcho que o ponto é entender que apesar da arte ter o direito de mostrar o mundo nu e cru como ele existe, a banalização ocorre a partir do momento em que o mundo é retratado sem consequências e como se aquilo não fosse nada demais. Quando alguém mata, sabe-se que matou e mesmo que o assassino saia impune na novela, as pessoas têm sim noção de que aquilo é errado. O conceito de estupro é muito difícil de ser entendido pela maioria das pessoas e a novela vem e presta um desserviço à sociedade ao mostrar cenas claras de abuso sexual como algo normal. A Gizelli disse: "Exibir um gay bêbado fazendo sexo hetero e um casal hetero fazendo sexo após uma negativa expressa da mulher, sem nenhuma consequência para as partes agressoras é passar uma mensagem clara de que esses comportamentos são aceitáveis." E eu dou ênfase ao sem nenhuma consequência porque isso é ruim sim.
ExcluirO que me deixa mais triste é saber que se estas cenas dão audiência, elas tem seu teor aprovado pelo público, composto de todas as classes sociais e gêneros.
ResponderExcluirviajou na maionese............ Estou adorando que a Suellen está fazendo o Rony se descobrir hetero, sentir prazer pelo corpo feminino.E vc ainda acha que é um ESTUPRO!!!Que isso.Isso é bom pra ele, melhor do que ser gay.
ResponderExcluirConcordo plenamente, acho que expor esses tipos de cena ajuda a abrir nossa Mente , td isso que diz o texto acaba sendo uma crítica destrutiva a novela... Novela, nada mais nada menos do que a realidade na Televisão.
ExcluirQuem viajou na maionese foi vc anônimo ser estuprado é melhor do q ser gay? Fala sério esse povo não pensa não. Essa novela tá um porre e esse Ronielen tá uma m...
ResponderExcluirMesmo que o Roni fosse bi(o q eu acho q não é,pra mim ele é gay) ele não gosta da Suelen ele gosta do Leandro e só um idiota pra não perceber isso.
Também uma coisa q me incomoda nessa novela é o fato da Suelen se humilhar tanto pra conseguir uma transa com ele, esse tipo de mulher me dá vergonha assim como as mulheres do Cadinho =P
Lixo,lixo,lixo.
Eu confesso que por algum tempo, achei o núcleo do Cadinho positivo. Finalmente a GLobo mostrava que existem outras formas de relacionamentos, não só o casamento/relacionamento monogâmico. Relacionamentos abertos existem, estão aí e fingir que eles não existem ou diminuí-los, é babaquice.
ResponderExcluirMas passando os capítulos, vi algo que me incomodava. Eu não sabia direito o que era, até que caiu a ficha. Apesar de o Cadinho ter um relacionamento com três mulheres, as três possuem um relacionamento apenas com o Cadinho e se contentam com seus dias de revezamento. A mulher tem obrigação de ser fiel mesmo com um cara poligâmico, afinal, ele é homem, não é mesmo?
Entendo que muitos me dirão que o trio não quer outro homem, mas apenas o Cadinho. Pode ser o argumento. Ainda assim, é machismo, como se mulheres devessem ser fiéis e monogâmicas, mesmo quando o cara é um baita fio da puta.
Quanto ao casal Rony e Su, desconheço os personagens profundamente, mas acho legal como a novela simplesmente abstrai os bissexuais. Eles não existem no mundo global. Para muitos, bis são indecisos ou são revoltados ou experimentam uma fase. E a mídia se cala há anos, seja esquecendo os bis, seja nunca mostrando reportagens ou esclarecimentos sobre essa orientação sexual.
As coisas são simples. Se a pessoa sente atração pelo mesmo sexo e o sexo oposto, ela é bissexual. Se ela gosta de meninos e meninas, ela é bissexual. Ela pode preferir ter relacionamentos mais com um do que com o outro, mas ela não deixa de ser bissexual. Roni, pelo que eu vejo, pode ser bissexual. Tudo bem que essa noitada com a Su não conta, pois ele foi violentado por ela e eras isso. Mas se o personagem se apaixonar por ela, sentir tesão por ela, e tudo isso, ele não deixará de ser gay. Ele se descobrirá bi. Pena que isso não será explicado, por óbvio.
Nem falarei sobre esteriótipos porque meu comentário ficou grande e isso é assunto antigo.
Obrigada pelo comentário! Tenho algumas considerações a fazer.
Excluir1 - Não é o primeiro bígamo (nesse caso polígamo) que apareceu em novelas, em "Passione" havia um italiano que tinha uma esposa na Itália e outra no Brasil. E não estamos falando de um relacionamento aberto por um motivo: Elas não sabiam umas das outras. E agora, aparentemente, elas vão abrir o relacionamento. Não por OPÇÃO, mas pela falta de opção, entende? Porque se não aceitarem dividir o Cadinho, ficarão sem ele. Basicamente é isso, não é opção, é imposição.
2- eu realmente não acho que ele seja bissexual. Não sei se você leu o outro texto que escrevi, mas é recorrente na globo essa estratégia da "cura gay". Como você disse personagens bissexuais são raros nas novelas. Eu realmente espero estar errada, espero que Roni seja bissexual e não um gay que virou hetero. Mas também acho muito ruim que tenha sido preciso um estupro corretivo para ele desenvolver bissexualidade, entende? ainda que ele seja bissexual, isso não apaga o que aconteceu.
Gizelli,eu confesso que não sou noveleira (não mais), então se a Globo já abordou a poligamia de forma positiva, confesso que não vi. Mas eu acho interessante que eles falem sobre isso.
ExcluirEu concordo com seus pontos, inclusive no texto anterior, mas discordo dessa história do Cadinho apenas na questão da imposição. No momento em que as moças descobriram tudo e optaram por fazer um contrato, elas aceitaram, consensualmente, viver um relacionamento poligâmico. Não acho que isso seja imposição. Seria se elas tivessem sido chantageadas ou coagidas, o que não me parece ser o caso.
O que as levaram a concordar com o arranjo, é o de menos. O que importa é que elas concordaram e finalmente estamos vendo um relacionamento diferente da monogamia convencional.
Com relação ao Roni, eu concordo que ele foi estuprado, e pior, que isso seja um estupro corretivo. Eu concordo que a novela está rumando para a cura gay. Eu ficarei genuinamente surpresa se eles falarem a respeito da bissexualidade. Mas achei interessante destacar como os bis são excluídos do mundo global. No mais, concordo com você.
Não vejo nada de inovador em um relacionamento onde mulheres decidiram se adaptar ao "jeito de ser do Cadinho" como é o caso. Isso acontece em diversas novelas, inclusive na Gabriela, por exemplo, onde as mulheres aceitam a traição com as prostitutas. A monogamia convencional é justamente essa, onde o homem faz o que quer e a mulher fica presa por causa do "amor", ela existe justamente porque existe a ideia de que homens gostam mais de sexo, que eles tem necessidade fisiológica de fazer sexo e não conseguem se segurar. E é isso que tá acontecendo na Avenida Brasil, mas um pouco modernizado. Eu não consigo ver consentimento na relação deles ali, pelo menos não vi nos episódios que vi. Para mim o que tem ali é dependência emocional e aparentemente no caso da Alexia, até financeira. Há quem diga que elas não amam o Cadinho, elas só tem tesão por ele. Se fosse assim, elas se envolveriam com outras pessoas, né? E cadê?
ExcluirHá uma imposição ali sim, a imposição do mito do amor romântico, mulheres são criadas para buscarem um amor, independente se ele as faça sofrer. No caso, elas cedem nesse ponto, porque elas querem ficar com ele. Elas acham que só """"dividindo"""" o Cadinho é que elas terão amor e o sofrimento que essa divisão causa nelas (que a novela deixa claro o tempo todo) não é uma novidade, é simplesmente um sinal de dependência emocional.
Se essas mulheres começarem a ter outros relacionamentos além desse com ele, o núcleo Cadinho vai ter algo de positivo, mas enquanto foi uma divisão que só "incentiva" a rivalidade entre as amizades femininas, ai tá mais pra monogamia convencional: homens podem tudo, mulheres fiquem nas suas casas chorando.
É por isso que eu afirmei que eu comecei vendo o núcleo como algo positivo mas depois vi que ela era machista, como sempre.
ExcluirAgora eu ainda discordo que haja imposição. Discordo mesmo. No mais, assino embaixo.
Gizelli bom texto e vem em tempo de pensarmos como a sociedade trata os humanos. Faço minhas as palavras da Priscila(mostra a opressão sofrida pelos grupos tidos como inferiores). E gostaria de complementar se me permitem: perssogens que seguem esta mesma linha, um exemplo Leleco e Murici. E principalmente como o Leleco trata a Tessália. Me faz refletir: como as mulheres estão inseridas na atual sociedade e como os homens cada vez mais estão buscando a sua origem. E em como a mídia coloca isso tão normalmente para o grande público, como se não fosse nada?
ResponderExcluirAdoro a eloquencia da Gizelli, como desenvolve e aborda os temas. Esse tema deve sim ser rebatido, mas véi na boa cultuar novela é q nem cultuar pin-up. A própria razão de ser da novela é questionável. Entendo q esse tema deve ser rechaçado em quaisquer veículos midiáticos... mas simplesmente não consigo digerir a idéia de ser feminista e noveleira. Sorry pelo meu preconceito level high.
ResponderExcluirExcelente texto, bem o que eu já achava mesmo. É triste ver alguém dizendo nos comentários "melhor que ser gay...". Deus cure a burrice, isso sim!
ResponderExcluirTexto interessante, mas foge do conceito jurídico, embora eu concorde com a maior parte do que escreveste.
ResponderExcluirSó discordo do seu comentário pejorativo em relação ao casamento do Cadinho com 3 mulheres, pois vc dá um tom de moralismo em uma relação que não é a convencional, passando a emitir opinião conservadora, quando, de fato, vc aborda temas que devem ser respeitados e não o são porque não se encaixam no "Convencional"...
ResponderExcluirCarlos, desculpe, mas é sim necessário criticar um relacionamento em que há hipocrisia, mentiras e, principalmente, desigualdade.
ExcluirEu não sou monogâmica, tenho relações livres há anos e, me desculpa, mas criticar um adúltero não tem nada de conservador. Isto porque, nada mais comum dentro de uma sociedade machista, um homem que trai a esposa, que engana mulheres.
É diferente se relacionar com mais de uma pessoa, simultaneamente, com todos conscientes disso e, principalmente, com todos tendo a mesma liberdade, o que não é o caso retratado na novela.
Se encaixa perfeitamente no "convencional" homens que enganam mulheres.
Li quase todas as postagens. Sabem o que eu acho? Que esses personagens da novela são aceitos pelas pessoas porque refletem, de forma exagerada em muitos momentos, comportamentos que andam por aí, embaixo dos tapetes das famílias... Existem mulheres Suellen, que acham que podem até "curar" gays,porque se acham as gostosas. Quantas pessoas acham que ser homossexual é coisa "normal"? O preconceito ainda é grande, muito grande. Quantos Cadinhos existem por aí e muita gente acha que é assim mesmo... O machismo em nosso país é forte, está em todos os lugares, infelizmente. A novela está parecendo um espelho. Será que esse autor não está, de alguma forma, mostrando isso? Vejam só a Mona Lisa. Ela é a mulher independente, que trabalha, empresária mas vive só. O Silas, seu eterno apaixonado, quando ficou com a sua melhor amiga, que não é uma mulher que se impõe, acaba fazendo dela uma empregada doméstica disfarçada... No Brasil, ser Mona Lisa te leva a ser rejeitada - se deu bem, então deve ser uma vagabunda ou feito algum pacto com o demo... A Carminha é o supra-sumo da mulher que usa sua imagem de santa, manipula,faz o tipo família-acima-de-tudo, mas é só uma fachada... Clichê é o q não falta! Todo suburbano gosta de gritar, de fazer confusão. O que falar então da filha do Cadinho? a ex-namorada do Jorginho? Aquilo não é uma mulher, é uma Amélia do século XXI. Novela é ficção, texto para as massas, porém seus personagens fictícios, na verdade são bem reais.
ResponderExcluirEu entendi o que você quis dizer... Um programa, novela, filme ou o que quer que seja não precisa, necessariamente, ter apenas personagens que são modelos perfeitos de comportamento. Mas deixa eu ver se eu consigo expressar o que eu tô pensando aqui. Por exemplo: eu tenho uma novela em que existe um personagem homofóbico. Assim, muito homofóbico. Isso não é necessariamente negativo, _a não ser que_ ele seja glorificado justamente por essa característica, entende? Se um vilão odiado é homofóbico, isso fica ressaltado como uma característica negativa. Agora, se é o mocinho, isso automaticamente acaba virando algo ~positivo~. Algo parecido acontece quando você pega um vilão gay: muita gente considera que a grande falha no caráter dele acontece justamente por causa da sua sexualidade. Existe sempre esse perigo quando se trata de comunicação em massa, e novelas tem alcance assustador aqui no Brasil. Aí você pode pensar "mas, ah, isso aí é querer enfiar lição de moral nas coisas", mas, bem, se a gente trocar "homofóbico" por "racista", num instante muito mais gente concorda que não seria positivo colocar um mocinho racista na novela como se isso fosse uma atitude louvável.
ExcluirQuerendo ou não, novelas são muito ~formadoras de opinião :/ Como você disse, os personagens podem até ser bem reais, mas acho que, dado o ~poder~ que eles têm, isso deveria ser usado de forma bem melhor do que apenas com um espelho. No caso do Roni e da Suellen, por exemplo, o mais triste é que é um reflexo do fato de que realmente ninguém _percebe_ que aquilo é errado por motivos mil. Acontecendo na vida real, muito provavelmente iria se desenrolar exatamente daquele jeito mesmo.
Ninguém percebe que aquilo que aconteceu entre Roni e Suelen é errado por mil motivos e quando a novela trata o caso com levianidade, ela contribui para a sociedade normatizar aquela violência como algo ok, sabe?
ExcluirAs pessoas ainda acham que estupro só acontece na calada da noite, se a mulher estiver com roupa curta e entre desconhecidos. As estatísticas mostram que não é assim: estupros acontecem dentro de casa, entre marido e mulher, entre namorados, entre ficantes. E quando a novela mostra uma cena dessa, além de atentar contra a orientação sexual do Roni (e assim de vários gays), ela atenta também contra as vítimas de estupro que sofreram essa violência por parte do marido/namorado.
No mais, Kamila arrasou na resposta.
Para a criatura sem noção do comentário lá de cima vou explicar devagar!
ResponderExcluirGaroto, orientação sexual não é kinder-ovo!
Ela não é uma coisa por fora e dentro tem surpresinha!
1) Ninguém se descobre hétero (ou você é ou não)
2) "sentir prazer pelo corpo feminino" não faz ninguém ser um homem hétero! O que te faz homem hétero é SENTIR UNICAMENTE PRAZER POR MULHER!
Se o cara gosta de mulheres mas também gosta de homens: ele é Bi-sexual!
3) "E vc ainda acha que é um ESTUPRO!!!". Sim!!! Inverta os papéis e tente argumentar... Consegue?
4) "Isso é bom pra ele". De que forma? Deixando ele MENOS VIADO? (Afinal ele não vai deixar de ficar excitado vendo um peito cabeludo..)
5) "melhor do que ser gay". Não mesmo, é mellhor ser gay do que fingir ser hétero e passar a vida querendo dar loucamente e quando chegar aos 50 anos se divorciar por isso! Isso sim é pior! Estragar a vida de uma mulher e dos filhos por causa de uma mentira!
Meu amigo, quem gosta de MULHER não precisa ficar bêbado pra conseguir transar e JAMAIS vai querer transar com um homem!
Se uma dessas coisas acontecer, ACREDITE: VOCÊ NÃO É HETERESEXUAL!
Tem que ver mais a novela e esperar o desenrolar da trama pra saber o que vai acontecer. Do que adianta se antecipar e ficar criando ideias erradas? Agora parece que toda a sociedade é santa, ninguém xinga e as pessoas traem. Quanta hipocrisia.
ResponderExcluirVou comentar só uma coisinha que sempre me irrita também: esse negócio do "dicionário feminino" é algo tão comum, mas tão arraigado, tão naturalizado que MUITA gente, eu digo, MUITOS homens que se acham feministas por aí acreditam nele. Muita babaquice mesmo.
ResponderExcluirA ideia da "cura gay" é ridícula.
ResponderExcluirMas também é ridícula a idéia de que uma mulher possa estuprar um homem.
(a não ser que ela tenha penetrado ele, claro, mas não parece ter sido o caso)
Não tem como um homem ficar de pau duro sem sentir desejo. Portanto, o consentimento é óbvio.
A cena do "depois" é simplesmente uma cena de alguém arrependido do que fez durante um pileque. Nada mais.
Amg, eu discordo veementemente de você. Essa sua ideia é tão absurda quanto dizer que se uma mulher fica molhada não é estupro.
ExcluirAcho um absurdo sim esta cultura de endeusar a violência. Violência é violência, não importa o resultado.
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