Ontem foi um daqueles dias que a gente acorda com a autoestima quebradinha, sabem? Acontece que eu percebi algumas novas marcas que estão aparecendo no meu corpo: Estrias nos seios. Tentei pensar que era só procurar tratamento e elas melhorariam, mas isso não melhorou meu dia. Tentei pensar que sou mais do que uma estria, que ela não representa meu todo, mas também não foi muito eficaz.
Até que uma linda, linda amiga me mandou este site. Um site sobre mulheres, sobre vidassobre a maternidade, sobre corpos e sobre... estrias. Ao ler as histórias e ver as fotos do site eu comecei a me sentir diferente. É engraçado, porque a gente sempre é estimulada a olhar para o outro corpo com um certo distanciamento, a vê-lo com rivalidade, os corpos são uma competição. Mas não foi assim que eu me senti, eu me senti... normal.
Claro que não é igual para todas, mas uma gestação altera sim nossos corpos. E vendo as histórias dessas mulheres, junto com as fotos de seus corpos percebi como as coisas se ligam. Uma marca não é apenas uma marca, ela mostra que temos um passado, uma história, mostra que estamos vivas.
E aí eu percebi porque buscar tratamentos ou pensar que eu sou mais que uma estria podia até parecer solucionar meu problema, mas não fazia eu me sentir melhor. Porque eu sou sim uma estria. Cerca de quatro dias após o nascimento da minha filha o meu leite desceu, os meus peitos incharam e desde estão ela costuma mamar me arranhando, segurando o peito, sabem? Adora dormir assim. E isso me deu estrias.
Quando dizemos que o padrão de beleza comercial é desumano, não é uma forma de sensibilizar, sensacionalizar o assunto. É apenas porque ele é, bem... desumano. Quando falamos em retoques, photoshop, iluminação e os mil e um truques (dos quais não entendo nem um pouco, vocês devem ter notado) utilizados estamos falando em formas de deixar a nossa pele apenas cada vez menos parecida com uma pele.
A imagem vendida do corpo por si só não representa sua totalidade. O nosso corpo é todo especial porque traz a gente dentro dele. É como se fosse uma casa na qual a gente mora a vida toda. E tanto tempo em um lugar deixa marcas. Nós não somos apenas as nossas estrias, mas sim, somos as nossas estrias. As nossas rugas, cicatrizes, manchas, olheiras... tudo isso é um pedaço da nossa história que ficou marcado em nós.
Entrar em contato com o nosso corpo é (re)conhecer nossa história. Se existe de fato uma “linguagem corporal” eu diria que é essa: A do corpo contando sobre nós. Sobre a nossa genética, nossos hábitos, nossos tombos, nossas dores, nossas noites em claro, nossas filhas arranhando os nossos seios.
Ora, se eu não quero ser hoje menos do que sou, então não quero menos de tudo o que vivi. Por que então vou querer menos marcas? Deixe que a vida siga acontecendo e que fique estampada em nós.
Tenho estria nos seios, na bunda e nas pernas por causa de um transtorno alimentar que me fez emagrecer e engordar loucamente num ano. Não gosto delas. Não me sinto confortável em usar biquíni e mostrar minha bunda de zebrinha hehehehe
ResponderExcluirMas elas contam sim minha história. Contam sobre momentos de fraqueza e de força, e me lembram que eu sou sim dona do meu corpo, do meu único corpo que eu devo sim, amar. Elas me lembram que eu preciso permanecer saudável e comendo direitinho não só pelas marcas que a doença deixa no corpo, mas porque eu preciso ter força pra me amar apesar da gordurinha, apesar da estria, apesar da minha historia tão ligada as aparencias. Elas me lembram que eu sou capaz de ser maior que uma doença que quase me jogou no buraco.
Nossas marcas são lembretes, contadoras de histórias... se for pensar por esse lado, algum dia eu saio por aí de biquíni, sem me importar com mais nada.
Eu não gosto é dos olhares de reprovação para o meu corpo. É isso que faz eu me odiar. (era apior) O que me incomoda é meu excesso de pêlos. Os da barriga e da perna é pelo olhar alheio. Os da axila e da virilha é porque sinto que o primeiro me faz feder mais que quando depilada (na vdd isso tb se aplica no caso da virilha) e o segundo me dá menor sensibilidade nos meus atos sexuais e, consequentemente, menos tesão. Comentei isso com um colega feminista e notei q ele tentou distorcer minha afirmação reperguntando se eu me sentia 'mais sensual' por estar depilada. Disse q não o que sentia ela mais tesão mesmo, inclusive costumo me masturbar quase sempre o meu pós depilação de virilha. Me senti muito incomodada com a pergunta. Pareceu algo do tipo: 'você não sabe o que acha que acha'.
ResponderExcluirAdquiri uma barriga ao estilo pochete e me sinto desconfortável em blusas mais justas, pra exercitar esse combate de policiamento do corpo, gosto de olhar meu corpo nu frente ao espelho e observar cada parte dele...quando estou em casa fico algum tempo nua após o banho e isso tb tem me feito bem. Recomendo.
Também faço isso! Recomendo muito :)
ExcluirUma das fotos do post não tá abrindo chrome.
ResponderExcluirÉ tudo muito bonitinho, é uma utopia na verdade! Gente é impossível que alguém se sinta bem porque tem pêlos demais, ou porque é gorda ou porque tem estrias, ou porque tem pelancas demais! Eu não aceito isso, não aceito mesmooooo! E estou enquadrada em tudo que falei só não nos pêlos! Tenho 22 anos, tenho um bebê de 9 meses, e me sinto pessimaaaa quando me olho no espelho (por mim não existiria espelhos) porque aquele corpo não é meu, aquelas listras não são minhas, eu não era assim!!! Não era, mas estou sendo agora. Poxa é dificil pra caramba me aceitar, e saber que preciso mudar até por questão de saúde, tenho caso de diabetes na família. É dificil passar em um lugar e abaixar a cabeça pra não ver seu reflexo no vidro, não gosto de espelhos mesmo!!! Nuncaa fui magrinha, tenho 1,68 e cheguei a pesar 80 kg, depois perdi 10 kg, e alguns anos depois engravidei e estou agora com oitenta e muitão! Sabe não é assim que queria ver meu corpo! Todos dizem que fiquei mais bonita que a maternidade me fez bem, mas do que adianta me dizerem se não gosto do que vejo?!! Sei que aceitação é o inicio de tudo, mas ao mesmo tempo não quero aceitar porque sei que vou cair no comodismo!
ResponderExcluirCara anônima. Eu compreendo e sou solidária à sua insatisfação com a aparência. Mas acho que tem duas coisas a serem tratadas aqui. Uma coisa é o seu corpo no sentido de sua saúde: parar de se preocupar pode ser comodismo e pode te trazer prejuízos sérios, concordo. Outra coisa é a aceitação do seu corpo, porque convenhamos, você pode emagrecer e reduzir suas chaces de problemas cardíacos, por exemplo, mas as estrias vão continuar se você não fizer um tratamento. Só que essas estrias não alteram em nada suas chances de desenvolver diabetes, hipertensão, ou qualquer coisa nesse sentido. Então talvez seja hora de parar pra pensar no que de fato está te incomodando. Se é a saúde, se esforce pra atingir um peso saudável, com dietas e atividades balanceadas, está certa. Se é a autoimagem, se esforce pra se livrar do que te incomoda, como as estrias, se isso te fizer bem. Mas tem outra possibilidade que é a aceitação do seu corpo, lutar contra coisas normais como estrias (normais, sim) pode te tornar eternamente insatisfeita, eternamente em busca de uma pseudo perfeição que pode acabar com algo muito importante pra você, para a sua saúde e para as pessoas que realmente se importam com você que é a sua felicidade.
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