Escrevo para contar o que
aconteceu hoje. Pensei que aconteceu tantas vezes, mas hoje foi mais
forte e me indignei mais. Pensei que isso acontece todos os dias e que
ao invés de educação, nos dão dois vagões no metrô/trem por cerca de 5
horas por dia. Contra a violação diária
do direito aos nossos corpos ganhamos dois vagões nos horários de pico.
Não tem educação. Não tem nada. Tem cartaz no metrô falando pr'a gente
não colocar o pé na parede, tem cartaz no metrô falando pra não jogar
lixo no chão, mas não tem cartaz no metrô falando pra não mexer na
genitália das moças.
Hoje peguei o metrô para ir a faculdade. Peguei como pego todo dia. Quem é do Rio sabe o que é pegar a linha 2 (Pavuna) às 19h. Na verdade, quem é do Brasil sabe o que é pegar transporte público àas 19h.
Hoje um cara achou que seria bacana enfiar a mão na minha genitália. Não aquela roçada que vez ou outra a gente leva. Foi a mão. Quase embaixo da minha saia. E eu gritei. E esperneei. E sabe o que aconteceu? Nada. Ele saiu sorrindo numa estação depois da que eu comecei a gritar e eu fiquei lá. Talvez devesse ter descido e chamado a segurança.
Eu segui minha viagem (não sei se deveria ter descido, se deveria ter descido a mão na cara dele...) e ouvi, até descer no Maracanã que "Aposto que é baranga que está reclamando". E ver ou as pessoas rindo do que aconteceu ou completamente indiferentes. Nenhum olhar de indignação, nenhum olhar de compreensão com o que aconteceu.
E é isso aí. Ser mulher é isso aí. A qualquer momento alguém que você não conhece, não deseja, em uma situação que você não conhece e não deseja pode enfiar a mão na sua genitália e é tudo normal. Pq, né, foi só uma mão, não é como se o cara tivesse me violado ou algo assim, né?
Não. Ele me violou. Violou meu direito de dizer "não". Violou meu direito de escolher quem toca a minha genitália. Quem toca EM MIM.
E ele sorriu. Os companheiros homens riram, as outras mulheres, talvez tão acostumadas e preocupadas em não terem tocadas as suas próprias genitálias, sequer fazem coro com o meu grito de indignação.
E é isso.
Ainda hoje a mulher e seu corpo são tratados como propriedade pública. No Rio de Janeiro, neste centro urbano, nesse turbilhão de ideias, eu sou tratada como objeto.
Escrevi essa nota de maneira anônima pq tenho medo da reação das pessoas. Na internet as coisas tomam proporções gigantescas e isso vira faroeste, terra sem lei onde você é conhecido, ameaçado, ridicularizado. Sou feminista, universitária, independente, fui a vítima e ainda assim tenho medo.
Mas denuncio. Denuncio a violência que eu e todas as mulheres sofremos diariamente quando nosso único crime é estar lá, disponível com um corpo feminino.
Shame on us.
Hoje peguei o metrô para ir a faculdade. Peguei como pego todo dia. Quem é do Rio sabe o que é pegar a linha 2 (Pavuna) às 19h. Na verdade, quem é do Brasil sabe o que é pegar transporte público àas 19h.
Hoje um cara achou que seria bacana enfiar a mão na minha genitália. Não aquela roçada que vez ou outra a gente leva. Foi a mão. Quase embaixo da minha saia. E eu gritei. E esperneei. E sabe o que aconteceu? Nada. Ele saiu sorrindo numa estação depois da que eu comecei a gritar e eu fiquei lá. Talvez devesse ter descido e chamado a segurança.
Eu segui minha viagem (não sei se deveria ter descido, se deveria ter descido a mão na cara dele...) e ouvi, até descer no Maracanã que "Aposto que é baranga que está reclamando". E ver ou as pessoas rindo do que aconteceu ou completamente indiferentes. Nenhum olhar de indignação, nenhum olhar de compreensão com o que aconteceu.
E é isso aí. Ser mulher é isso aí. A qualquer momento alguém que você não conhece, não deseja, em uma situação que você não conhece e não deseja pode enfiar a mão na sua genitália e é tudo normal. Pq, né, foi só uma mão, não é como se o cara tivesse me violado ou algo assim, né?
Não. Ele me violou. Violou meu direito de dizer "não". Violou meu direito de escolher quem toca a minha genitália. Quem toca EM MIM.
E ele sorriu. Os companheiros homens riram, as outras mulheres, talvez tão acostumadas e preocupadas em não terem tocadas as suas próprias genitálias, sequer fazem coro com o meu grito de indignação.
E é isso.
Ainda hoje a mulher e seu corpo são tratados como propriedade pública. No Rio de Janeiro, neste centro urbano, nesse turbilhão de ideias, eu sou tratada como objeto.
Escrevi essa nota de maneira anônima pq tenho medo da reação das pessoas. Na internet as coisas tomam proporções gigantescas e isso vira faroeste, terra sem lei onde você é conhecido, ameaçado, ridicularizado. Sou feminista, universitária, independente, fui a vítima e ainda assim tenho medo.
Mas denuncio. Denuncio a violência que eu e todas as mulheres sofremos diariamente quando nosso único crime é estar lá, disponível com um corpo feminino.
Shame on us.
foda. texto foda.
ResponderExcluirPuta merda...
ResponderExcluirNessas horas que me dá vontade de saber lutar, dar um soco bem dado, uma rasteira que derrube o cara no chão, sei lá!
Tá que num vagão lotado seria difícil de qualquer jeito, mas mesmo assim ._.
sim, bom seria socar o sujeito. infelizmente na hora que acontece o abuso a gente fica sem ação, é bem complicado psicologicamente. além do violador, a vítima ainda tem que enfrentar a cara de tacho do povo que se recusa a aceitar que o mundo está errado. fico muito agradecido à autora por ter conseguido forças para gritar! quem sabe pelo menos algumas das pessoas no trem pararam pra pensar no assunto, e vão ter mais força pra resistir se acontecer com elas.
ResponderExcluirEu ando com no mínimo uma faca de 10cm de lâmina no bolso depois q um babaca ficou passando a mão na minha perna e na de outra mulher no ônibus e ninguém fez nd com ele. Se hj acontecer de novo eu n penso nem 2 vezes, vai levar uma facada no peito, no pescoço ou na barriga. É legítima defesa e eu vou atacar pra matar pq me é permitido matar em legítima defesa, então faço qstão de n perder a oportunidade de tirar um de circulação. E hj isso aí já é considerado estupro na nossa lei, só q a gnt sabe q n vai ficar preso, a gnt sabe q vai sair e fazer de novo. Os caras do metrô q são levados pelos vigias (qndo são) recebem uma advertência q nem fica registrada na ficha criminal deles! Além do mais, o fato é q mt provavelmente esses caras são estupradores na antiga lei. Abusam de suas mulheres, de suas filhas, de outras na rua. E só n penetram a gnt no transporte lotado pq n tem espaço. Msm assim às vezes acontece do cara colocar o pênis pra fora e gozar em alguma mulher. Mulheres PRECISAM andar armadas, nem q seja spray de pimenta ou stungun. Ficar esperando a polícia é ilusão. São homens, em algum nível abusam de alguma mulher, qrem manter seu direito de abusar e querem proteger seus amigos. Isso é o q tem q ser feito a nível pessoal. Coletivamente temos q nos organizar, mas n é só "votar certo" e esperar fazerem leis. Vamos sair nas ruas, fazer vigílias, panelaços, organizar grupos de mulheres pra vigiarem locais perigosos como campus universitários, metrôs, ruas etc. Parece demais, mas só assim q alguma coisa vai mudar.
ResponderExcluirjá pensei nisso também. já pensei em aprender a lutar, a me armar, mas eu não gosto de violência. eu penso nos estados unidos, onde é permitido ter armas de fogo. as pessoas se matam por bobagem. não faz muitos anos um homem foi morto por outro, a tiros, ao reclamar da janela do ônibus aberta num dia frio. eu ando com uma tesoura na bolsa, mas não sei se conseguiria usar, se teria coragem e força. e penso nesse ambiente de paranoia péssimo (e a longo prazo inútil, se os abusadores começarem a andar armados também). mundo de merda!
Excluirjá aprendi a lutar e também flerto com a idéia de andar armada. só temos que ter cuidado para, com esse argumento, não transferir para nós mesmas a responsabilidade pela segurança pública, que é do estado (sei que essa não foi a intenção de seu comentário, ok?). somos feministas e queremos transformação social. e a violência não faz parte dela. mas dá que vontade de sair cortando pauzinhos, isso dá! e como!!!
ExcluirJá aconteceu comigo e o que posso dizer é que na hora é tão assustador, chocante, que demora pra gente perceber o que está acontecendo.
ResponderExcluirAdmiro muito a moça do relato por ter gritado, mostrado indignação. E não dá pra acreditar que ninguém fez nada. As pessoas são egoístas, sacanas e não tem empatia nenhuma por outro ser humano, principalmente se for uma mulher.
Um abraço de solidariedade e conte comigo na revolta, porque ela é minha e de todas as mulheres.
Como contar com a polícia? Já fui assediada por polícia, dois policiais dentro da viatura, que acharam engraçado reduzir a velocidade e ficar me falando bobagem. E foi em plena luz do dia!
ResponderExcluiraconteceu algo parecido comigo, não gritei na hora, mas procurei os seguranças do metrô e eles me trataram como se eu tivesse incomodando, como se o que tinha acontecido não fosse nada e o pior é que eu cai naquela ladainha e não denunciei
ResponderExcluirme arrependo, mas eu era bem mais nova e realmente achei que talvez eu estava exagerando, que eu era culpada por ter sofrido aquilo, mas, anônima, te admiro por ter gritado, você não tem culpa e o que aconteceu com você e aconteceu comigo e outras mulheres são violações das nossas dignidades, eu te ofereço minha solidariedade
Meinas,
ResponderExcluirRecebi como resposta do metro Rio:
Prezado(a),
Agradecemos seu contato e a preferência pelos nossos serviços. Com relação à sua observação, gostaríamos de prestar alguns esclarecimentos: As nossas estações são equipadas com circuito interno de TV para prevenir ações como furtos, assaltos e comportamentops inapropriados no interior dos trens e nossa coordenação de segurança mantém entendimentos com os órgãos públicos de segurança no intuito de coibir e auxiliar na resolução de tais ocorrências. Nossos funcionários são treinados para prestar um atendimento dentro do mais elevado padrão de qualidade e cordialidade à todos os clientes. Assim, em caso de quaisquer incidentes ocorridos em nossas estações, orientamos que se dirijam aos Agentes de Segurança, localizados nas estações que estão disponíveis para orientar os clientes e tomar as medidas necessárias para identificação desses meliantes, bem como auxiliar no registro de Boletim de Ocorrência na Delegacia Policial local. Atenciosamente, SERGIO PACHECO Relacionamento com o Cliente MetrôRio Teleatendimento: 0800-595-1111/ 4003-2111 Site: Siga-nos no Twitter: Blog do Metrô:
OU SEJA, no papel, tenho todo o direito de denunciar.
Mas não tem câmera dentro do vagão. E mesmo se tivesse, num vagão lotado, a câmera não ia pegar o que tá acontecendo embaixo. Ia pegar só a sua reação.
ExcluirAconteceu o mesmo comigo, só que foi em plena rua, na luz do dia, numa cidade pequena (70mil hab.). Estava andando na rua e ele vinha na direção oposta a minha. Quando se aproximou, virou bruscamente e fez o mesmo. Na hora, a gente fica completamente sem reação. Não consegui gritar. Só chorar e ligar pro namorado me buscar.
ResponderExcluirParabéns e obrigada por ter gritado, por ter denunciado, por ter se indignado.
Precisamos sair nas ruas gritando nossa revolta, precisamos falar sobre pra mídia, precisamos organizar as mulheres pra reagirem, aprenderem a lutar e não ficarem caladas!
ResponderExcluirSe não me engano, isso se enquadra no caso de estupro
ResponderExcluirEu encaminhei o relato para a Sônia Galdino e ela respondeu o seguinte:
ResponderExcluirBom dia Thaís Campolina,
Solidária com a sua denúncia, pois também já sofri este tipo de humilhação, não vamos nos calar.
Encaminhei seu email para os setores de denúncia.
Att,
Sônia Galdino
Sou homem, mas tenho mãe, irmãs, mulher e filha. Esse tipo de atitude não é aceitável em nehuma hipótese e deve ser duramente combatido. Tenham certeza que se um dia houver uma manifestação contra isso, muitos homens como eu estarão lá.
ResponderExcluirAbç.
existe. a marcha das vadias é uma manifestação contra a violência sexista. havia muitos homens lá? alguns iluminados, certamente. não exatamente muitos, infelizmente...
Excluirprecisei reler esse texto, repensar meu comentário, porque quando se trata de uma violência tão cotidiana, eu fico sem palavras! todas as vezes que leio esses relatos fico tão triste, não dá pra acreditar que as pessoas veem esse tipo de atitude como algo que não é uma violência! nós mulheres, sofremos com o medo todas as vezes que saímos de casa e muitas vezes dentro da nossa própria casa. :/
ResponderExcluirofereço a minha solidariedade e o meu apoio a todas vocês!
Mari
eu não sou a favor da violência, mas uma dica que sempre dou pois é uma forma de defesa e que, se a gente tiver como fazer, serve de aviso e é um bom susto para esses caras que se aproveitam da gente: pressionar o "gogó" do cara. Claro que num trem/ônibus apertado é difícil se movimentar, mas sempre que é possível, sugiro isso: com a mão aberta mesmo, pressione o máximo que conseguir, não é nem preciso saber lutar e é uma forma efetiva de afastar o cara...
ResponderExcluirCom certeza, por bem menos que ela ali no trem já fiz escândalo...
ExcluirApertar gogó, até os olhos nesse caso, chutar onde paralisa, e principalmente humilhá-lo, com toda a vontade...
Essa de ficar sem saber o que aconteceu e sem o que fazer é que tem que mudar. Deve ser corrigido na hora, e não deixar o cara ir, se não vão mesmo achar sem importância, depois que já passou.
Vou ao trabalho de bicicleta, á ouvi coisas nojentas de homens em carros, já cheguei a seguir um até a empresa onde trabalhava.
Prefiro ter que partir para agressão para me defender do que deixar um porco desses colocar a mão, nem que seja no meu braço, que dirá o que esse aí fez. Não choro sozinha e não engulo a raiva, o negócio é resolver na hora.
O bom é que vejo isso acontecer bastante em ônibus, as mulheres se defendendo e se ajudando nessas situações, e homens tbm.
No Rio deve ser tenso mesmo.
Percam o medo de se defender mulheres. A sensação depois é ótima.
o/
Obs.: Premeditar um crime, como andar com uma faca na bolsa, não é legítima defesa! Vamos pensar um pouco pois vcs podem acabar virando réu de uma vitimização!
ResponderExcluirANONIMA ARMADA: concordo ctg, deve ser frustante ser fisicamente mais fraca do que os homens e se sentir constantemente ameaçada... e é por isso que existem armas. Nenhum homem é mais forte do que uma mulher armada. As mulheres em geral tem essa ideia de que andar armada é ser a favor da violencia e etc.... e esses bandidos contam c isso. Se a sociedade não protege os fisicamente mais fracos, nesse caso, as mulheres, estamos na barbarie. E na barbarie sobrevive os mais fortes... Então deixem isso de lado, e se armem. Isso é bem sério, qdo um monte de mulher tiver armada por aí, neguinho vai pensar 2 vezes antes de se aproveitar de vcs. Deixa uns 3 ou 4 levar tiro depois de uma passada de mão, q vcs vão ver como a situação vai melhorar. Não adianta, com gente não civilizada não adianta conversa não, tem q ser na força.
ResponderExcluircaralho que foda, pelo menos aqui pelo Ceará, eu sempre escuto o discurso, poderia ser com a minha mulher, com minha irmã, minha mãe e sempre os homens tomam alguma atitude, inclusive os bandidos seguem essa lei nas cadeias, quando pegam algum estuprador a lógica é essa, poderia ser com algum ente querido meu. Não tem como não se indignar ao ler um relato desses.
ResponderExcluirEu sempre passei raiva calada, até que em março eu estava a caminho do trabalho e fui abordada por um sujeito que me pediu informação. Respondi e tentei seguir meu caminho. Ele bloqueou minha passagem. Eu desviei e ele me bloqueou novamente. E então ele disse "vou é chupar suas teta tudinho" e seguiu andando, risonho, satisfeito. Eu fui atrás dele, gritei que se fosse macho parasse e me encarasse novamente. Perguntei qual era o tesão dele em constranger mulheres na rua, disse que aquela baixaria era uma falta de respeito, que não era assim que se tratava mulheres, e usei todas as palavras ofensivas que eu conhecia. A plenos pulmões. As pessoas que passavam até pararam e olharam, assustadas. O sujeito ficou completamente sem reação. E acabou por sair correndo. Eu segui meu caminho e caí no choro dali a dois quarteirões.
ResponderExcluirAcredito que não precisamos andar armadas com facas e canivetes, como algumas sugeriram. Precisamos re-aprender a usar a nossa VOZ, para causar constrangimento naqueles que tentam constranger. E precisamos urgentemente aprender a ser mais SOLIDÁRIAS nesse tipo de situação. Podemos ter menos força física, mas podemos gritar juntas.
Este mundo é triste mesmo... sinto muito por você! Infelizmente, aqui ainda impera a figura do machismo. Mexer com mulheres assim, é virilidade! Ou, no máximo, uma brincadeirinha inofensiva "que ela, no fundo, gosta".
ResponderExcluiralem de tantas provaçoes .... testes diarios.... lutas travadas diariamente... preconceitos .... alme de ter de convivier com o machismo marcante da nossa sociedade temos que passar por esse tipo de situaçao, de violencia nos nosssos direitos de ser tocada por quem escolhemos.... E O PIOR É TER MULHERES QUE NAO CONSEGUEM SE INDIGNAR COM ESSA SITUAÇAO...
ResponderExcluirDENUNCIEMOS!!!!!