quarta-feira, 18 de julho de 2012
A mais nova propaganda machista da última semana.
O vídeo começa com a namorada levando cerveja para o namorado toda carinhosa, o que é narrado como "o começo de namoro é lindo". Na segunda tomada, a namorada ocupada pegando pizzas, se recusa a levar cervejas para o namorado e para a galera dele. Nesse momento, os amigos dele riem da "tirada". O que é narrado como "mas com o tempo, a relação esfria", a narração continua falando "um dia inexplicavelmente elas se rebelam". E o vídeo continua fazendo propaganda do produto, um cooler movido por controle remoto. O que é colocado na propaganda como a maneira de permitir que o namoro volte para os tempos de paz.
Além de ignorar que, pasmem, mulher também pode gostar de beber cerveja, a propaganda coloca a namorada com uma função: buscar a cerveja gelada para o namorado; servir o cara. Nisso de "mulher não bebe cerveja", inclui todo aquele blablabla de que mulher é fresca, se bebe algo alcoólico é só coisa docinha ou bebe cerveja só pra agradar o namorado e que homens sabem se divertir e gostam disso, enquanto mulheres não. E nem venham me falar que quase no fim da propaganda, ela vai e toma cerveja. Como se isso anulasse toda a idéia que a propaganda passa, de que o cara bebe e ela serve.
Li nos comentários do youtube, (sim, às vezes sou masoquista), que reclamar dessa propaganda é idiotice, afinal, ela não é uma das piores e que na verdade ela é até uma crítica ao machismo. É fato que a propaganda fugiu do eterno "loira gostosa" se referindo a cerveja e as mulheres, né? Mas não acho que haja alguma crítica ao machismo em colocar as mulheres servindo como se essa fosse a utilidade de uma mulher. E no caso, a mulher se rebela com essa "exploração" e isso é tratado como algo inexplicável, afinal, conforme os padrões de gênero, mulheres são passivas, não tem atitude, não se rebelam e além disso, ela está se rebelando a fazer algo que mulheres "devem" fazer. No caso, a cerveja em questão, usa essa "rebeldia repentina" como uma forma de vender um cooler de controle remoto, porque se a namorada não mais vai buscar a cerveja pra ele, não é ele é que vai buscar, né? E ainda, a propaganda é totalmente voltada ao público masculino (e machista), porque quem mais supõe que mulheres devem buscar cerveja para o namorado? Quem mais fala que ela se recusar a fazer isso é uma rebeldia inexplicável? E quem mais tá interessado em resolver esse "problema dos tempos modernos"?
Só faltou um "malditas feministas que 'ensinaram' nossas mulheres que elas não precisam nos servir" pra deixar ainda mais claro que uma mulher que se recusa a servir, tem voz suficiente pra tomar decisões que os contrariem, não é bem vista pelos machistas de plantão. O item "inovador" nessa peça publicitária é existência de uma mulher que não só enfeita, mas tem voz. Mas que voz é essa que é considerada na narração da propaganda como "uma rebeldia inexplicável?". Nesse vídeo a mulher foi mais do que um objeto, mas continuou sendo menos que o homem.
Sobre sexismo na mídia, indico um excelente post do Blogueiras Feministas, escrito pela Tássia Hallais: "Sobre cervejas, detergentes e desodorantes".
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A carga de mensagens que a propaganda transmite, reforçando valores sexistas, é brutal. O que se sugere que fazia do relacionamento algo "lindo", se nao a posiçao servil da mulher? E essa hierarquia sexista é reforçada até o final, porque a posiçao ativa e superior é sempre do homem: ele é quem faz um "favor" `a mulher (essa rebelde sem causa) comprando o tal do cooler - e, é claro, "salvando" o relacionamento. Patético.
ResponderExcluirDe objeto, ela foi para escrava. Nossa, é muita evolução nessa propaganda, né? SÓ QUE NÃO. ^^
Excluirué? mas vcs feministas pregam que a mulher é poderosa sendo objeto sexual,fazendo o que quer com o próprio corpo...vcs são quem mais incentiva a nossa degradação na mídia.
ExcluirLucia
Lucia, você não sabe o que é feminismo. O feminismo quer a libertação das mulheres e quer o fim da culpabilização delas, se a Sabrina Sato ganha dinheiro mostrando o corpo dela, nós não a julgaremos, porque a gente sabe que a sociedade machista é que faz com que a tevê dê tanto ibope às mulheres semi nuas.
ExcluirNós defendemos que as mulheres sejam livres pra fazer o que elas querem ser serem julgadas de vadias, entendeu? Isso não é achar ok a objetificação das mulheres.
Quem degrada a mulher é a sociedade machista, porque não há nada de degradante em fazer sexo com quem quiser, usar a roupa que quiser etc. Mas tem algo muito errado quando a sociedade julga quem faz isso ao mesmo tempo que vende o corpo "objetificado".
Lembre-se, Lucia, que tratar mulheres como objeto é coisa que a sociedade faz, por exemplo, a atleta que é reduzida a uma gostosa acontece todo dia e tem a ver exclusivamente com o machismo. Então, pare de culpar o feminismo por tudo, porque o culpado é a misoginia e o machismo da nossa sociedade.
Mariana Ramos
Essa propaganda besta conseguiu ao mesmo tempo me deixar enojada e perplexa com o nível absurdo a que chega: a mulher lá, já ocupada pegando a pizza e ainda tinha a 'obrigação' de correr servir o cara bebum que secou o caneco. Por um acaso ele era paralítico e não conseguiria se deslocar até a cozinha e pegar sozinho? Tudo rola como se um relacionamento se baseasse apenas em homem:ache uma mulher pra lhe servir e mulher: ache um homem pra vc virar escrava dele. Medonho, nojento e revoltante!
ResponderExcluirMulher em propaganda de cerveja, em geral, ou é puramente objeto ou é escrava. São poucas que variam. São poucas realmente criativas, né?
ExcluirAh, me lembrei de uma coisa: nem toda propaganda de cerveja precisa necessariamente desmerecer a mulher. A Heineken, por exemplo, tem um comercial dançante e bem sacado onde um casal se diverte junto ( e devo confessar que a música usada me faz querer dançar loucamente como eles!).
ResponderExcluirSe eu bebesse cerveja, certamente que iria preferir a Heineken do que essas outras que ficam ridicularizando a mulher.
O problema é que a Heineken já fez algumas propagandas machistas também. Acho que nenhuma marca salva, viu? No momento só me lembro dessa machista da Heineken, mas deve ter outras: http://www.youtube.com/watch?v=Xiu4sYMkarY
ExcluirEnquanto isto na cozinha.... http://crieseumeme.com/media/created/x5h7ty.jpg
ResponderExcluirObs: Thais Campolina, não vi nada de mais na propaganda da Heineken... só mostrou que mulheres adoram sapatos (em sua grande maioria) e homens adoram cerveja... até mostrei a propaganda para algumas mulheres e acharam bem engaçada e não se ofenderam em nada
Obs2: tem propagandas que falam mal dos homens e mostram mulheres no topo... daí pode né? e esta da skol não vi nada de tão grave.
Obs3: eu lavo louça (mas não gosto) só coloquei a imagem para irritar vocês hahahahahah....
Entenda, anônimo, que o machismo da propaganda da Heineken é restringir cerveja ao interesse dos homens e sapatos ao das mulheres. Eu sou mulher e odeio sapatos. Odeio comprar sapatos, não entendo o objetivo de ter muitos sapatos. Colocar mulheres como adoradoras de sapatos foi uma estratégia de humor da empresa na propaganda, mas que estratégia é essa que coloca cerveja como algo masculino necessariamente? Só homem bebe heineken? E conheço várias mulheres que gostam de sapatos, mas que se incomodam com essa divisão de homem gosta de cerveja/diversão e mulher gosta de sapato/se arrumar que é reforçada culturalmente e utilizada como humor.
ExcluirPropagandas que "falam mal dos homens" e colocam mulheres no topo normalmente são sabe o que? MACHISTAS. Isso mesmo, porque continua definindo papéis de gênero, continua colocando mulheres como super heroínas que tem que dar conta de tudo: casa, filhos, marido. E continuam super toscas.
Pense assim: sabe aquelas propagandas de limpeza em que um cara é tão imprestável que não consegue nem lavar uma louça e chega uma mulher super heroína que além de trabalhar, cuidar dos filhos, cuidar da aparência, também cuida da casa que "salva" o cara. Ele tá sendo retratado como uma anta, né? E ela como uma "fodona", mas nem por isso deixa de ser machista.
E o principal é: sua piadinha pra nos irritar é ridícula.