Em tempos onde os direitos humanos das mulheres são considerados moeda de troca na construção de um documento internacional, Henrique Marques-Samyn escreveu um excelente texto que toca num dos componentes do "direitos reprodutivos e sexuais", o direito da mulher de decidir quando e quantos filhos quer ter e ao direito a opção do aborto seguro.
"Obrigada mãe, eu nasci", uma variação do falso argumento. |
Qualquer um pode ser contra o direito ao aborto (com uma ressalva: ninguém é "a favor do aborto"; as pessoas são a favor, ou contra, o direito de a mulher receber auxílio médico para interromper a gravidez). Mas uma discussão razoável exige bons argumentos. Dizer que "só quem já nasceu é a favor do aborto" não é apresentar um argumento, e sim uma frase de efeito falaciosa.
Em primeiro lugar, analisemos o "argumento" como está formulado. O que quer dizer? Que só quem já nasceu pode ter uma posição favorável à descriminalização do aborto (a propósito, faria mais sentido substituir o "só quem já nasceu" por "só quem está vivo", mas isso acabaria com o jogo de palavras presente no "argumento"). Ora, isso quer dizer algo óbvio: que só quem nasceu (= está vivo) pode ter opiniões. Nada mais evidente: quem não nasceu pode ser contra ou a favor de alguma coisa? Quem não tivesse nascido poderia ter algum tipo de opinião? E quem não está vivo, um morto, pode ter opinião? Isso já basta para demonstrar que não estamos tratado de um argumento consistente.
Por outro lado, há quem use aquele "argumento" para sugerir que apenas quem teve o "direito de nascer" é contra esse mesmo direito, quando se trata de outras pessoas. Nesse caso, o pressuposto é que os pró-escolha agem hipocritamente, interrompendo a vida de outros, cerceando o seu direito. Mas as coisas não são bem assim. Aqui, cabe um esclarecimento prévio, e bastante simples, acerca da posição de quem defende o direito à interrupção da gravidez com auxílio médico: assim como se considera cientificamente que a morte cerebral indica o fim da vida, entende-se que a vida humana surge quando se forma o cérebro; isso só ocorre após as primeiras doze semanas, quando se desenvolve o sistema nervoso do feto. Na maior parte dos países nos quais o aborto é legalizado, a interrupção é permitida nessas primeiras doze semanas, antes que seja possível a formação do cérebro − logo, antes que seja cientificamente possível falar em vida humana. Não há, portanto, nenhuma vida sendo interrompida.
"As mulheres decidem, a sociedade respeita, o Estado garante, as Igrejas não intervem. Educação Sexual para decidir, anticoncepcionais para não abortar, aborto legal para não morrer." |
Vale dizer que, na verdade, quem é pró-escolha é, sim, a favor da vida: a favor da vida das mães e das mulheres, em primeiro lugar. Aqui, passamos a tratar de fatos: a criminalização do aborto não evita o aborto; apenas obriga a mulher a realizá-lo na clandestinidade. Sabe-se que o aborto ilegal é a terceira causa de morte materna no Brasil. São essas pessoas que os pró-escolha buscam defender, assegurando-lhes meios seguros e adequados para a realização de práticas que já fazem parte da realidade brasileira, independentemente da proibição do aborto. Com a criminalização do aborto, a situação em nosso país é a seguinte: mulheres ricas têm meios financeiros para interromper uma gravidez indesejada em maternidades de luxo (por um altíssimo custo, devido à ilegalidade); mulheres pobres recorrem a clínicas clandestinas, que realizam o aborto em condições inadequadas. A Pesquisa Nacional de Aborto, realizada em 2010 pela Universidade de Brasília (UnB) com o apoio da Agência Ibope Inteligência e do Ministério da Saúde, revelou que uma em cada sete brasileiras entre 18 e 39 anos já realizou ao menos um aborto na vida. São 5 milhões de mulheres. Seu perfil? Essas mulheres já são mães (81%), são casadas (64%) e são religiosas (pouco menos de dois terços são católicas; um quarto, protestantes ou evangélicas).
Por fim, cabe ressaltar que o principal pressuposto de quem defende o direito à escolha é que a mulher tem o direito de lidar com a própria gravidez de acordo com suas crenças e convicções. Se o aborto for descriminalizado no Brasil, uma mulher religiosa pode jamais sequer considerá-lo como uma opção para si, caso esse lhe pareça o modo correto de agir, conforme suas crenças; esse direito lhe será assegurado. Mas, numa sociedade democrática, não se pode obrigar uma mulher que não é religiosa a agir segundo os dogmas de qualquer religião − e esta é a situação na qual nos encontramos atualmente. Em outras palavras: a descriminalização do aborto só tenciona permitir à mulher que exerça sua autonomia, conforme seus próprios princípios. Seu corpo, suas regras!
Henrique Marques-Samyn, (@marques_samyn), escritor e professor da UERJ.
Contra-ativismo de sofá.
ResponderExcluirMuito bom o texto.
ResponderExcluirEspalhando...
ResponderExcluirVocês falam como se a coisificação do feto fosse concenso entre todos os cientistas do mundo e encaram isso como verdade absoluta (mesmo que não haja provas disso), quando não consideram esta discussão (quando começa a vida) inócua. Espalham imagens de mórulas para dizer que o feto não é um ser humano, mas não vejo em lugar nenhum imagens de fetos de 12 semanas usadas para dizer que matá-los é um direito, ou que eles não são humanos, sendo que na fase mórula, a mulher nem sabe que está grávida. Dizem que não tratam aborto como método anticoncepcional, mas chamam de "direitos sexuais e reprodutivos". Questionam as relações de poder, mas não percebem que a própria gravidez pode ser uma relação de poder no caso de aborto, ao se decidir arbitrariamente sobre o corpo e a vida de outra pessoa em situação muito mais frágil que a da mulher que aborta, por pior que seja sua condição de vida. Por mais oprimida que seja a mulher que aborta, ao abortar, mesmo que por pouco tempo, passa a fazer o papel do opressor, não deixando nenhum direito de escolha para quem é abortado, para estes sim, o aborto é obrigatório. Coisificar a vítima é uma excelente forma de oprimí-la, excluindo possíveis dilemas morais, fazendo que a violência não pareça violência, mas sim um exercício de liberdade. Fora a tentativa de eliminar o sentimento de culpa característico da ação. Sou psicóloga há mais de 20 anos e nunca conheci uma mulher que não se sinta culpada por ter abortado, mas conheci várias que se violentam, negando o próprio sentimento de culpa para reafirmar suas ideologias, o que acaba sendo prejudicial ao próprio processo terapêutico, uma vez que quem nega uma culpa não se livra dela, que continua a perturbar em nível subconsciente, agravando quadros de ansiedade e depressão (exceto em casos de sociopatia, onde o sentimento de culpa não existe em nenhum nível). O maior problema do debate sobre o aborto é que ele não existe, acaba sendo transformado em uma briga polarizada entre "progressistas" e "conservadores", como se este binarismo social fosse algo claramente definido, onde a vida de pessoas acaba sendo objetificada como bandeira política. Os dois lados se perdem em julgamentos moralistas, onde o que muda é apenas o código moral que cada lado segue e uma minoria se atreve a tentar debater o assunto com respeito.Eu mesma, acho muito complicado debater com quem, cheio de elitismo intelectual, me chama de hipócrita por acreditar que eu defendo a vida de algo considerado por alguns tão real quanto o coelhinho da páscoa. Os avanços da embriologia e da medicina embrionária estão cada vez mais evidenciando que este "ser inexistente" é bem mais real do que se imagina, mais frágil que nós e digno de proteção. Considerar estas pessoas passa longe de ser o desprezo pela vida das mulheres, até por que, pelo menos metade é do sexo feminino. Acontece que políticas públicas que ofereçam alternativas para que a mulher não aborte, serão sempre consideradas como uma afronta a autonomia feminina, mesmo que evitassem muito mais mortes do que a legalização do aborto, pois aborto seguro não existe, alguém sempre morre.
ResponderExcluirA culpa a que vc se refere só existe porque ela é socialmente construída. Em comunidades tribais ou mesmo nas mais avançadas em que as mulheres são criadas à base da racionalidade, a culpa simplesmente não existe. E obviamente, quando falamos em aborto, não falamos de algo que não deva ser legislado de jeito nenhum. Há um consenso no que se refere ao número de semanas em que o aborto seria aceitável. Por fim, ninguém vai impedir ninguém de levar adiante uma gravidez indesejada. Vocês poderão sim continuar com as crenças de vocês, ninguém tá impedindo isso. O problema é que vocês querem se basear em crenças próprias pra legislar.
ExcluirAnônimo, ninguém é "a favor do aborto". Por isso ilustrei o post do Henrique Marques-Samyn com uma imagem que diz "Educação Sexual para decidir, anticoncepcionais para não abortar, aborto legal para não morrer".
ExcluirÉ de uma má fé enorme você tratar do assunto como se as pessoas abortassem para "provar um ponto".
Anônima, você mesma deu um argumento para que se possa legalizar o aborto: nenhuma mulher fará um procedimento desse tão invasivo se não tiver realmente certeza de que não quer ou não pode ter o filho. Legalizar o aborto não é obrigar a fazê-lo e nem banalizá-lo.
ExcluirComo eu disse, o debate de pessoas atrapalha o debate de idéias, assim como o preconceito intelectual. Em momento nenhum eu disse que as pessoas abortam para "provar um ponto" e nem que o aborto legalizado seria obrigatórios para mulheres. A negação do sentimento de culpa que seria para "provar um ponto" e o aborto é obrigatório para o feto, que não possui o menor poder de escolha, sendo obrigado a morrer. Existe sim uma construção social sobre a culpa, mas ela não é a única causa deste sentimento. Toda mulher possui em seu corpo recursos sensoriais para sentir a presença de outro indivíduo dentro de seu corpo, mesmo que não saiba interpretar estes estímulos sensoriais. A ciência mecanicista, cartesiana, ocidental nega a relação que os estímulos corpóreos e sensorias possuem com a estrutura psicológica humana, a menos que estes estímulos sejam plenamente metrificáveis ou facilmente descritos (como é o caso do stress causado por dor física. Nem tudo no ser humano é socialmente construído. A questão não se resume a machismo e imposição de crença como alguns querem fazer parecer. Por mais que reflita a opinião de boa parte da comunidade científica, a coisificação do feto com menos de 12 semanas passa longe de ser um consenso.Levando isso em consideração, dizer: "É contra o aborto, não aborte" é o mesmo que dizer "É contra o homicídio, não mate". Se coloca tanto julgamento em relação a pessoas que pensam diferente, que não se considera a possibilidade de uma posição contrária a legalização do aborto não ser uma imposição de moral religiosa e nem machismo (algo que não nego que aconteça muito) mas apenas a defesa de uma pessoa que não possui nenhum recurso para se defender por ela mesma. O filho não é propriedade da mãe, por mais que dependa do ambiente e substância do corpo dela por um determinado período de tempo. da mesma forma que o aborto legalizado não é obrigatório para a mulher, o ilegal também não, como vocês mesmos gostam de frisar, é uma opção. Isso faz com que a defesa da vida do feto não signifique a defesa da morte da mãe. Não concordo com a atual legislação que manda estas mulheres para a cadeia, até porque o aborto acontece em um momento de abalo psicológico e não há nenhuma política pública que gere alternativas ao aborto. Mas isso não significa que esta violência deva ser legitimada, só por ser arriscada e largamente praticada.
ResponderExcluirEntão, anônimo, será que já lhe ocorreu que a tendência do corpo humano é REJEITAR o embrião nas primeiras semanas de gestação e a perspectiva de aborto natural é tão alta que muitos médicos recomendam que a gestante não revele que está grávida antes de um certo período? Será que já lhe ocorreu que a "coisificação" do feto antes de 12 semanas a que você se refere está longe de ser um consenso porque muitos cientistas TAMBÉM são religiosos? Já ouviu falar em CONFIRMATION BIAS , que é uma tendência de muitos cientistas a tentarem provar que suas CRENÇAS estão certas cometendo verdadeiros malabarismos intelectuais pra provar um ponto (como já "provaram" a inferioridade de negros)? Pois é.
Excluir"Toda mulher possui em seu corpo recursos sensoriais para sentir a presença de outro indivíduo dentro de seu corpo" possui mesmo, tanto é assim que em muitos casos ela REJEITA o outro indivíduo e isso deveria ser aceito como natural, ou não? E já que vc está tão sensibilizado com a causa de quem não nasceu, eu espero que se dedique, também, a dar apoio psicológico a filhxs que são frutos de gravidez indesejada, pois o impacto de nascer como um fardo se faz visível em suas vidas. Isso a sua "ciência" também não considera, né?
Anônima, quando você falou: "mas conheci várias que se violentam, negando o próprio sentimento de culpa para reafirmar suas ideologias, o que acaba sendo prejudicial ao próprio processo terapêutico, uma vez que quem nega uma culpa não se livra dela, que continua a perturbar em nível subconsciente, agravando quadros de ansiedade e depressão" achei bem claro que você estava falando de que há mulheres que afastam seu sentimento de culpa pra ~provar um ponto. Achei esse comentário bem agressivo apesar de ter sido escrito com palavras "educadas". Como se uma mulher, ao alegar que não sente culpa por ter feito um aborto, está necessariamente negando essa culpa pra reafirmar as suas próprias ideologias.
ExcluirAchei um desrespeito a todas as pessoas que tem uma ideologia.
Anonim@, o problema aqui é de pressuposto. Voce fala do feto como um "indivíduo", e projeta nele um "poder de escolha". Essa questao está posta no texto: antes da formaçao de um sistema nervoso (daí o teto de 12 semanas), nao havendo cérebro, nao há "ser humano", logo nao há como falar em termos de "indivíduo", tampouco de "escolha" -- isso em termos *objetivos*, *jurídicos* (é claro que crenças subjetivas/religiosas podem supor algo diferente, mas o Estado nao pode tomar isso como base para determinaçao política). Pelo mesmo motivo, comparar o aborto ao homicídio nao cabe: o homicídio é algo efetuado sobre um "ser humano"; no caso do aborto, nos termos objetivamente propostos, o único "ser humano" de quem cabe falar é a mae -- o feto nao é um "ser humano" (só viria a ser *depois* que o cérebro fosse formado).
ResponderExcluirIsso aqui é um diálogo de surdos, vocês associam o que eu digo aos seus próprios preconceitos com relação aos pró vida. Consideram todas as opiniões discordantes como fruto de uma crença ou algo religioso sem eu ter citado nada disso, até agora só falei de ciência. Enquadram qualquer discurso contrário a vossa opinião num binarismo social que não existe. Confirmation bias é desumanizar o feto em favor de uma ideologia para tentar comprovar a inferioridade dele, o colocando numa categoria de sub-humano por estar num estágio de desenvolvimento mais primário. Nem todos os cientistas que admitem a humanidade do feto antes das 12 semanas são religiosos. Como eu disse os avanços da medicina e embriologia, principalmente entre os profissionais que não trabalham de maneira mecanicista, o que não significa necessariamente que são religiosos e nem que um médico religioso possa analizar as coisas de maneira totalmente científica. Acupuntura era considerada crença e charlatanice pela medicina mecanicista ocidental até pouco tempo atrás. Não posso resolver o problema de todas as crianças abandonadas, o que não significa que alguém tenha o direito de matá-las por causa de uma previsão incerta de futuro nebuloso. E muito menos que eu seja indiferente a vida delas depois de nascidas por não considerar que ser humano algum tenha o direito de violentar a sua integridade física na fase pré-natal. Quando o corpo da mulher rejeita o feto, é sinal de que algo está errado, seja quimicamente ou de forma psicossomática. Fetos não são parasitas. Se o feto é uma parte do corpo da mulher, o que seria? Um orgão? Um tumor? Aborto não é uma amputação e sim uma mutilação tanto do feto quanto da mulher e não há nada de religioso em afirmar isso, quem conhece os procedimentos abortivos (dos quais os defensores do aborto falam muito pouco) sabe do que eu estou falando. É o único procedimento médico que não serve para curar enfermidade nenhuma, exceto em caso de aborto terapêutico, quando o corpo da mulher não suporta a gravidez devido a algum problema. Isso torna o procedimento anti-medicinal, tendo em vista que o médico mata aquele a quem deveria estar tratando, como acontece na medicina embrionária. Em nenhum momento atribuí poder de escolha ao feto, embora acredite que sua integridade física deva ser preservada para que ele possa vir a ter este poder de escolha, ao invés de ter alguém decidindo arbitrariamente se ele deve viver ou não
ResponderExcluir"É o único procedimento médico que não serve para curar enfermidade nenhuma". No mundo desse anônimo, cirurgia plástica não existe.
ExcluirTudo bem Flávia, cometi um erro, mas não precisa ser tão arrogante e desviar do foco principal da questão. Parece aquela argumentação gramática que pega os erros de português para invalidar tudo o que foi falado. Não é o único mesmo,o que não significa que não seja uma dupla mutilação. Eu me enganei, mas é muita presunção querer definir a visão de mundo de um desconhecido conforme os próprios preconceitos contra quem pensa diferente de você. Isso é totalmente desnecessário no debate, de novo você debatendo pessoas ao invés de debater as idéias. Pura polarização de debate e elitismo intelectual. Não nos tratemos como inimigos, vamos debater com respeito.
ResponderExcluirA pessoa nem se dá o trabalho de nos apresentar um nome para debatermos (oi, bom dia, sou Fulanx de tal e queria fazer umas observações). Vem aqui e nos chama de surdos. Comete um erro que muito se difere de qualquer erro gramatical (aliás eu, como defensora ferrenha da sociolinguística jamais corrijo alguém, a não ser que a pessoa me peça para ser corrigida). E ainda me fala de elitismo intelectual e falta de respeito? É sério isso?
ExcluirRespeito é o caralho. Muito bonito falar da morte de milhares de mulheres todos os dias, falar do nosso útero, da nossa vida, como se fosse um tema meramente teórico, para a gente "debater". Quero que se foda o debate, quero ser livre.
ExcluirComo eu disse antes, o maior problema do debate sobre o aborto é que ele não existe, os dois lados adoram se rotular e partir para o ataque pessoal, hora se chamando de hipócritas, hora de assassinos, hora de ignorantes, hora de burros e essa questão importantíssima acaba se reduzindo a uma disputa de egos e debate competitivo. Se for para me criticar, criticar o que eu disse é muito mais produtivo do que criticar o ser humano que você acha que eu sou. A bitola ideológica acaba fazendo as pessoas extinguirem o debate. Acaba sendo mais importante ganhar e se manter na masturbação intelectual, com o ego inflado, do que parar para refletir sobre o que o outro diz e questionar os próprios pontos de vista, seja para reafirmá-los de forma mais eficiente ou mudar de opinião. O capslock não torna um argumento mais coerente, muito menos o desdém com que se fala sobre o pensamento de quem discorda. Acho que estou perdendo meu tempo aqui...
ResponderExcluirE eu tô perdendo o meu... faz o seguinte: vc não vai mudar sua posição mesmo e vai continuar achando que uma mulher que aborta merece ir pro xadrez. Eu vou continuar achando que aborto não é crime. Então vai cada um pra sua casa, eu tô lendo um post ótimo sobre veganismo e pensando numa resposta então porfa, no hard feelings aqui mas eu, sinceramente, acho que já deu. :*
ExcluirFalei sobre sentimentos de pacientes aqui e meu anonimato é uma forma de preservar a identidade deles. Se alguém tivesse prestado atenção no que eu disse, teria lido que eu concordo que a legislação deva mudar e que a mulher que aborta não deve ser presa. continuarei a fazer o possível para impedir a legalização do assassinato de fetos que segundo vocês é muito bonito de ser defendido. Continuem propagandeando a violência, desrespeitando quem pensa diferente, desrespeitando a vida de quem ainda não atingiu o mesmo grau de desenvolvimento que vocês, distorcendo argumentos alheios para validar suas teses e sejam felizes, se sentindo livres para matar inflando seus egos de intelectuais. Adeus
ResponderExcluirPode crer. Matar fetos, nosso hobby de fim de semana <3
ExcluirComo sobrevivente de uma tentativa de aborto, sinto a falta de respeito de vocês pela vida dos fetos (até por que vocês nunca foram fetos, eu presumo)da mesma forma que vocês interpretam o que a Anônima falou como sendo um desrespeito aos corpos de vocês. O fato de ela não coisificar a vida dos fetos, não significa que ela coisifique os corpos das mulheres. Ela está certa quando diz que o debate sobre o aborto não existe. Julgar quem pensa diferente é muito mais eficiente para "ganhar" o debate. Falam da vida dos fetos como se ela fosse algo meramente teórico, com total falta de respeito pela vida alheia. Muitas pessoas do sexo feminino são abortadas, como tentaram fazer comigo. Vocês só defendem a vida de mulheres a partir de certo estágio da vida, reforçando os preconceitos de quem vê o feminismo como uma busca da felicidade da mulher sobre tudo e sobre todos, não importando por cima de quem tenha que passar. Vocês julgam os outros cda mesma forma que os fanáticos religiosos, mas com um discurso mais bem elaborado, mas que não deixa de ser um discurso pronto. Desclassificar o interlocutor e partir para o ataque pessoal sem nem refletir sobre o que ele disse. Haja ego! Depois ainda se dizem a favor da vida enquanto pregam desrespeito ódio e intolerância
ResponderExcluirhttp://malvadezas.com/2012/03/29/pra-comeco-de-conversa/
ExcluirSe a autora deste texto preferia ser abortada, há uma maneira prática de resolver isso, se chama suicídio!
ExcluirA autora deste texto do "Malvadezas" demonstra sua superioridade moral e intelectual sendo a grande juíza da humanidade. Fala para quem os outros baixarem a bola, mas não baixa a dela. É o macaco que senta em cima do próprio rabo e fica apontando para o rabo daqueles que julga como sendo "mentes medíocres". Ótimo texto para entender a arrogância da patrulha ideológica.
ResponderExcluirSim, claro, com certeza, quem difere daquilo que vocês acham que é certo (ou seja, todo um conjunto de crenças que influi diretamente no corpo de uma mulher) é logo tachado de arrogante. Desculpa, galera, mas os grandes juízes da humanidade são vcs e toda uma moralidade fincada no patriarcado que, desde sempre, tolhe a liberdade das mulheres. A garota do Malvadezas, assim como nós do Ativismo e várias outras de vários blogues espalhados por todo o Brasil e mundo, não vamos mais ficar caladas por medo de que vocês nos tachem de alguma coisa. Lidem com isso.
ExcluirSe você discorda dessa galera, você faz parte da "patrulha ideológica".
ExcluirTenho uma teoria que essa galera que comentou nesse texto nem sequer leu o texto em questão, só veio aqui porque sacou que era um texto pró-escolha, ou melhor, PRÓ-VIDA DAS MULHERES.
O Estado levou em conta que a morte cerebral é vista como falecimento para o Direito. Muitas religiões não concordam com isso, mas o Estado definiu isso sem a religião como base, né?
ResponderExcluirMas isso não acontece no caso do aborto, o feto não tem um sistema nervoso que funcione, mas mesmo assim, esse fato não é considerado um indício de "não-vida". E então, as pessoas falam na expectativa de vida como fato de que faz o feto ser protegido pelo Direito. E nesse momento, eu penso. A proteção da expectativa de vida coloca a vida do feto, sem sistema nervoso, como igual a vida de uma mulher, que tem sua vida, sua história, seus sonhos, suas dificuldades. Iguala um ser humano em fase de desenvolvimento completo, vivo, com um amontoado de células que ainda nem sequer tem sistema nervoso completo. (Sendo que a proteção do feto só deveria ser no sentido patrimonial, para que ninguém gaste toda a possível herança dele antes dele nascer, por exemplo).
E um dos comentaristas que se dizem pró-vida é tão hipócrita que diz que defender o aborto é ter sempre o resultado morte. Ignorando quantas mulheres morrem por causa de abortos ilegais. Ignorando que se legalizar o aborto, não são todas as mulheres que abortarão. O feto não é "vida" propriamente dita, visto que além de depender da vida da mãe, ele não tem sistema nervoso central. Igualar a vida da mãe com a do feto é um absurdo, mostra claramente como a mulher ainda é vista como apenas uma incubadora. E eu já cansei de falar, mas ninguém acha legal abortar, ninguém deseja isso pra si. Todo mundo prefere que os métodos contraceptivos funcionem bem e que nunca falhem, mas eles falham. E o aborto deveria ser legitimado porque mulheres morrem fazendo aborto inseguro e ilegal. E quando elas morrem, o feto também morre, porque os fetos precisam do corpo da mãe. Além disso, essa galera não para pra pensar em como é absurdo colocar um filho como uma punição para uma mãe que fez sexo (algo considerado "desvalorizador" na nossa sociedade.) Além de supor que quando aquele feto crescer, nascer e se tornar um bebê, num passe de mágica, ele passará a ser amado, porque para a nossa sociedade a maternidade é inerente da """""natureza feminina""""".
E olha, quando a gente "defende" a legitimidade do aborto, a gente não defende só o aborto em si, a gente quer políticas públicas que incentivem e ensinem o uso de métodos contraceptivos, a gente quer acompanhamento médico para as mulheres que optam em interromper a gravidez e n outras coisas.
Nós também não vamos ficar calados enquanto somos tachados de machistas, moralistas e hipócritas enquanto vocês propagam um conjunto de crenças ideológicas que influem diretamente sobre os corpos de filhos que não são propriedades da mãe. Continuaremos defendendo quem não tem voz para se defender. Olha aí de novo o macaco falando do rabo dos outros. Julgando qualquer um que discorde da falta de respeito com relação a vida das pessoas em estágio primário de desenvolvimento, como se todos os pró vida fossem iguais. Boa masturbação intelectual para vocês e aproveitem para continuar tachando qualquer um que não aceite essa bitola ideológica e tratando toda discussão na base do ataque pessoal, afinal de contas, é assim que a sociedade evolui, né? Adeus
ResponderExcluirJoelma, você até agora não argumentou nadinha sobre o aborto. Só chegou aqui ofendendo quem pensa diferente de você. Posso imaginar então que você está falando de si mesma ao criticar a gente? Afinal, nessa caixa de comentários dá pra ver uma diferença gritante entre nós e você (e outros), a gente usou argumentos aqui, o texto do Henrique é cheio de argumentos. E você só chegou aqui chamando a gente de arrogante, falando que nós vivemos de masturbação intelectual e falando que é graças ao nosso comportamento que a sociedade não evolui.
ExcluirEntão, na boa, reflita, porque é você que se comporta de forma nada adequada para o debate. =^.^=
vc é contra o ataque pessoal só quando é com você e após ofender todo mundo do debate? parabéns coerente!
ExcluirMari
Thaís, são você que não estão lendo o que as pessoas com opiniões das tuas comentam aqui.Associam aos preconceitos que vocês têm em relação aos pró-vida e os criticam por coisas que eles nem disseram. Se a pessoa se coloca como pró-vida, tudo que ela falar vai ser considerado errado por vocês independente do que seja. Nenhum dos comentaristas disse que aborto legal seria obrigatório e nem que o aborto é um prazer para mulher, aliás, a maioria dos pró-vida vê o aborto não só como uma violência contra o feto, mas contra o próprio corpo da mulher. Os pró-vida não são todos iguais, assim como os "pró escolha" não o são. Não são só religiosos que atribuem humanidade ao feto. Existem outros recursos sensoriais além do sistema nervoso como é o caso da memória celular, que a medicina oriental reconhece a milênios, mas a ciência mecanicista nega a existência assim como negava o Bóson de Higs até pouco tempo atrás. O que vejo aqui são os mesmos tipos de julgamento, onde apenas o código moral seguido muda. Nem todos os pró vida são contra as políticas publicas que incentivem o uso de métodos contraceptivos, afinal de contas, eles são a melhor forma de se evitar que alguém chegue a praticar a violência do aborto. Não é porque a pessoa defende a vida do feto que necessariamente considere a gravidez uma punição por fazer sexo. A anônima ali em cima pontuou o texto de vocês ao invés de fazer a crítica infundada que vocês a acusam. Foram vocês quem disseram que ela era a favor de mandar mulheres para a cadeia, mesmo ela tendo dito que era contra, leiam o que ela escreveu para vocês verem. Este tipo de postura contribui para o mito do binarismo social, assim como contribui para a polarização de debates e ataques pessoais baseados em preconceitos. Vocês não percebem que estão dando razão para ela, pelo menos no que se refere ao motivo de os debates serem sobre pessoas ao invés de serem sobre idéias. Militantes reprodizindo o maniqueísmo dos religiosos para validar suas teses.
ResponderExcluirArgumentar eu argumentei, mas vocês não publicam para poder manipular o debate com mais eficiência. A anônima também argumentou, mas vocês ignoraram tudo o que ela disse, principalmente o que contraria os preconceitos e generalizações de vocês em relação aos pró vida, e a criticaram pelo que ela não disse. Vou parar de dar murro em ponta de faca, pois já vi como as coisas funcionam por aqui.Boa sorte para vocês!
ResponderExcluirhttp://www.reactiongifs.com/wp-content/uploads/2012/05/brit_gum.gif
ExcluirOlha, não sei qual o motivo, mas a gente aceita todos os comentários que vocês fazem. Sou a favor de deixar vocês falando sozinhos com seus "grandes argumentos" que se resumem em "a gente não fala isso", mas não fala o que vocês pensam.
ExcluirE olha, seu comentário tá aceito logo em cima, tá vendo? Não use má fé como se a gente não publicasse alguns comentários só pra prejudicar o argumentador.
E de todo jeito, se a gente quiser a gente não publicar, a gente pode, tá?
Vim ler o debate e estou morrendo de rir de como a Joelma não entendeu o que é Bóson de Higs.
ExcluirNem vou perder muito tempo aqui, porque @ Anonim@ e sua claque, Júnia e Joelma, novamente demonstram que ou nao leram o texto, ou nao entenderam (ou nao quiseram entender) o que ele defende. Falar em termos de "vida dos fetos", "humanidade dos fetos", "assassinato", do feto como "quem nao tem voz", etc. é defender um conceito de vida sem qualquer critério objetivo. Pra nao ficar repetindo o que está no texto que vcs nao leram, vou argumentar de outro modo. Percebam: se o que voces estao defendendo aqui fizesse algum sentido, ou seja, se pudéssemos considerar a vida humana independentemente da vida cerebral, simplesmente nao poderíamos considerar que a maioria das pessoas está morta! Já passou pela cabeça de voces que, hoje em dia, temos tecnologia pra manter o coraçao das pessoas batendo, pra manter o funcionamento das funçoes corporais independentemente da atividade cerebral? Qual é o critério, entao, que devemos adotar para considerar que alguém está morto? Por que nao mantemos os milhoes de pessoas que, neste exato momento, estao sendo consideradas legalmente mortas porque nao apresentam mais atividade cerebral, "vivas" através do uso de aparelhos, por um período de tempo indefinido, mesmo que sua atividade cerebral jamais seja recuperada? Se voces defendem que o início da vida humana independe da atividade cerebral, por que nao defendem uma perspectiva coerente para o fim da vida, e nao lutam politicamente para que, p.ex., *ninguém* cujo coraçao possa ser mantido mecanicamente em funcionamento, mesmo que o cérebro nao tenha mais nenhuma atividade, seja considerado vivo "ad infinitum", e que quem nao faz isso está automaticamente cometendo assassinato?
ResponderExcluirCorrigindo a última sentença:
ExcluirSe voces defendem que o início da vida humana independe da atividade cerebral, por que nao defendem uma perspectiva coerente para o fim da vida, e nao lutam politicamente para que, p.ex., *todos aqueles* cujo coraçao possa ser mantido mecanicamente em funcionamento, mesmo que o cérebro nao tenha mais nenhuma atividade, sejam considerados vivos "ad infinitum", e que quem nao faz isso está automaticamente cometendo assassinato?
Este gif é uma evidência de que vocês conseguem trollar no próprio blog, segundo a sua póropria definição de trollagem: "ofende o interlocutor, zomba de seus argumentos, desvia o assunto propositalmente e coloca "lenha na fogueira". Eles não estão abertos a mudar de opinião, refletir e ter um debate saudável..." Acho esta definição excelente, mas ver as pessoas que deram esta definição reproduzindo este tipo de comportamento não tem preço
ResponderExcluirNé não. É só evidência que, no momento, eu tenho mais o que fazer. Mas tenha a certeza de que um post inteirinho será escrito só para responder os cientistas não-religiosos-pró-vida de plantão. :*
ExcluirAfinal de contas, segundo vocês eles são todos iguais e nada do que eles disserem fará sentido nunca. Nada melhor para combater preconceitos do que propagar outros preconceitos. Estou vendo muito isso nesse blog
ExcluirEngraçado é que eu nunca disse isso. Então vamos lá: eu, Flávia, reconheço você, Roberta de lucca, bem como todxs xs que se manifestaram aqui, como um ser pensante e portanto dotada de toda uma unicidade característica à ontologia imanente do seu "eu". Entretanto, discordo do que você diz, por considerar que seus argumentos, embora consistentes, não são suficientemente plausíveis para tolher a liberdade de qualquer mulher.
ExcluirOutrossim, urge lembrar que aqui no Ativismo de Sofá nós trabalhamos em prol dos direitos da supracitada. Entendemos que o nosso movimento, assim como todo movimento de que se tem notícia em superfície planetária, é plural. Isso quer dizer que, embora tenhamos uma única finalidade, que é defender e tentar resguardar a mulher, podemos diferir profundamente no que tange o elemento 'argumentação'.
Sendo assim, há que se considerar que, estando vocês em posição de defesa da "vida", sendo que por "vida" entende-se um feto, vocês, dotadxs de argumentação técnico-científica pontual, rica e valorosa, ainda assim se encontram no mesmo grupo que os religiosos que, com suas cruzes, querem nos usurpar direitos. Sinto muitíssimo informar, mas você vai ter que lidar com isso.
Roberto de Lucca, você está trollando "meu" blog, o anônimo ali tava trollando usando linguagem refinada falando que é um "diálogo de surdos" e a Joelma Santos também.
ExcluirA gente só entrou na brincadeira, tá? Sabia que é assim que a gente "desarma" os trolls? Até porque tá difícil ter um debate saudável, sendo que poucas pessoas apresentam argumentos.
A morte cerebral é o resoltado de um processo degenerativo, não há o que se desenvolver, a pessoa está morrendo e não se formando. O que não faz sentido é comparar o fim da vida com o começo dela. Antes do feto ter um cérebro plenamente formado, ele já possui recursos sensoriais para realizar pequenos movimentos por iniciativa própria. Como a anônima disse, não existe consenso sobre a teoria das 12 semanas,embora ela seja endossada por muito cientistas. Há no mínimo 8 teorias diferentes sobre onde começa a vida . Alguém aqui já viu um feto de 12 semanas? Vejo muitas imagens de mórulas e zigotos sendo divulgadas para legitimar o aborto, mas nenhuma de um feto de 12 semanas:
ResponderExcluirhttp://4.bp.blogspot.com/_lDvzvr52w24/SxEW8JRoXTI/AAAAAAAAAGY/YUDyi5kAClc/s320/feto_3_meses.jpg
Se isto não é um ser humano, seria o que? Um duende?
Por que a comparaçao nao faz sentido, Júnia? Voce quer dizer que alguém que está em "processo degenerativo" tem menos "direito `a vida" do que algo que está "se formando"? Se sim, o que justifica essa distinçao? Sobre a imagem: voce acha que o "ser humano" pode ser definido a partir da morfologia? Se sim, isso nao pode ser utilizado também para definir que uma pessoa sem qualquer tipo de atividade cerebral continua sendo um ser humano, e continua tendo "direito `a vida", dentro do que argumentei?
ExcluirAcredito que a grande questão disso tudo é que, independente das opiniões de qualquer um dos lado, quando se trata de sociedade, deve-se trabalhar com o que está acontecendo nela. O fato é que a questão do aborto existe e vai continuar existindo independente da sua descriminalização ou não. Trata-se de decidir se vamos (nós, sociedade, e nossos representantes legais)começar a tratar o caso como questão de saúde pública, tendo em vista que, por serem ilegais, locais que realizam a prática do aborto não estão sujeitos à fiscalização (ou seja, não se sabe se há nem higienização correta do local, quanto mais se o profissional é capacitado para realizar tal procedimento). Ou se vamos continuar fazendo vista grossa para isso, como fazemos para tantas outras coisas.
ResponderExcluirNão estou dizendo que tratar como "questão de saúde pública" significa legalizar e, consequentemente, descriminalizar o aborto. Mas sim discutir o que é melhor para a sociedade, independente de crenças e pensamentos individuais. E, caso se decida por não legalizar, tem de haver uma política eficaz de conscientização e apoio a quem tem uma gravidez indesejada para que essa pessoa não resolva fazer o aborto clandestino (ele não irá deixar de existir por uma simples lei, a vida já nos mostrou isso), bem como uma garantia de abrigo, sustento e educação minimamente humanas para a vida que está chegando e não terá nenhum amparo familiar. Neste caso, ignorar que uma mulher pode não querer ter um filho (seja interrompendo a gestação, seja abandonando o bebê) é, no mínimo, ingenuidade (para não falar descaso). Conscientizar e amparar esta mulher e bebê é tratar o aborto e o nascimento como uma questão de saúde pública.
De todo modo, sou a favor da legalização e descriminalização do aborto, muito embora acredito que não o faria. Não vejo o feto, em início de gravidez, como uma vida e acredito que nenhuma mulher é obrigada a carregar dentro de si um corpo que não deseja, muito menos passar por todo procedimento que uma gravidez a obriga a passar para, no fim de tudo, a criança crescer largada na vida (num orfanato ou nas ruas), sem amparo legal ou familiar. Mas essa é a minha opinião pessoal.
Na verdade, quem quer abortar, aborta, independente de lei. E, se não tem dinheiro para tal, não faz pré-natal, não cuida da gravidez e/ou abandona. É triste? É. Mas é assim que funciona...
Pena que assuntos ricos como este sempre viram uma briga de ego ou crença. No fim das contas, tudo vira um "danem-se os fetos e as mulheres, agora o importante é que a minha opinião prevaleça".
Concordo com sua posiçao, Drica. Só ressalto que a intençao do texto era mesmo discutir conceitualmente, a fim de questionar um "slogan" utilizado com fins políticos que acaba reforçando conceitos equivocados sobre quem defende a legalizaçao do aborto -- como se quiséssemos cometer "assassinatos", eliminar um "ser humano". A proposta é justamente demonstrar que tudo é feito com embasamento e critérios objetivos, e que o que defendemos é o direito de escolha. Como voce ressaltou, uma mulher pode defender a descriminalizaçao do aborto, mesmo nao considerando que algum dia faria essa opçao.
ExcluirSim, sim. Eu super entendi o tema do post (mesmo não tendo entrado no mérito em momento algum rs), mas realmente me incomodou (e me incomoda, de um modo geral) ver como os comentários sempre terminam dessa forma, em "briga" sobre o que o outro disse de gramaticalmente errado, ou sobre um dado errado fornecido, etc... aí me empolguei e fiz um testamento.
Excluirentendi que a intenção era chamar a atenção para a questão de que nem todo argumento é um argumento consistente só porque soa bem aos ouvidos. E acredito que esse tipo de post pode levar mesmo a um debate construtivo sobre o assunto. Acredito que isso possa ter sido a sua intenção...
Legal, Drica! Um ponto do qual eu talvez discorde no seu comentário é que seja possível tratar o aborto como questao de saúde pública sem legalizá-lo. Mas nossos pontos de vista se assemelham, e respeito muito sua posiçao. Julgo produtivo que vc observe que, se a política é proibir a interrupçao da gravidez, é preciso assegurar que o bebe tenha assegurados um abrigo, um ambiente familiar (nao necessariamente junto da mae biológica), educaçao, etc. Na situaçao atual, o que se faz é simplesmente jogar toda a responsabilidade para a mae, mesmo no caso de uma gravidez indesejada, quase sempre apelando para o "mito do amor materno", algo que considero extremamente cruel. No mais, acho que as discussoes sobre esse assunto acabam sendo tao acaloradas porque é muito difícil usar argumentos contra a legalizaçao que nao tenham algum fundo religioso, mesmo que a pessoa nao se identifique como religiosa, ou nao reconheça esse fundamento. Acho que a discussao sempre acaba esbarrando em crenças muito internalizadas. Mas, enfim: obrigado por seu comentário, que é bastante pertinente :)
ExcluirDrica, não concordo com tudo o que você diz, mas respeito sua opinião e forma de debater. Acredito mais nas alternativas que você mesma disse para a não legalização assim como acho extremamente necessárias. Fico muito feliz em ver uma pessoa com opinião contrária demonstrando tanto respeito e achei bem interessante o fato de você ter feito as mesmas críticas em relação a forma como o debate é conduzido que a Anônima fez lá em cima. Parabéns por ter uma posição definida, que mesmo contrária a minha, é defendida sem maniqueísmo e julgamento sobre quem pensa diferente. Concordo muito sobro o fato de o debate acabar sempre se tornando uma disputa de ego ou crença e as questões primordiais estarem sendo ignoradas. Te achei um oásis no meio do deserto, é isso aí!
ResponderExcluirSou feminista e acho que certas posturas dentro do nosso movimento acabam reforçando certos preconceitos que a sociedade tem em relação a nós. A maioria das feministas que conheço e que vejo na internet é oriunda da classe média e possui um acesso maior a cultura erudita que a maioria da população, o que acaba muitas vezes se transformando em preconceito intelectual. Acredito que reproduzir o moralismo dos religiosos, mas seguindo um código moral feminista também seja um grande erro. Apesar de discordar muito das pró vida que comentam aqui, concordo com muito do que elas dizem sobre a maneira como o debate do aborto é conduzido. Na marcha das vadias, falamos muito sobre como não devemos julgar outras mulheres e isso também deve valer para as pró-vida. Mesmo que partindo de paradigmas diferentes, todas somos a favor da vida e é muito complicado julgar quem pensa diferente de nós. Assim como nós (pró-escolha) não somos tod@s iguais, @s pró vida também não. Tenho muit@s amig@s que são pró vida e passam longe de ser moralistas ou hipócritas, mesmo eu não concordando com eles. O ser humano é complexo demais para ser julgado e estigmatizado de maneira tão reducionista. Certas posturas acabam gerando conflitos desnecessários entre pessoas que deveriam se unir. Não acho que o respeito deva ser mandado a casa do caralho. Drica sua linda, nem te conheço e já estou orgulhosa de você!
ResponderExcluirComplicado, Márcia. O texto é claramente pró-escolha, se um comentarista chega em anônimo para debater contra a ideia do texto já é bem estranho.
ExcluirO principal para mim é que o debate estava ocorrendo, e o anônimo chegou e falou que era um debate de surdos e blablabla e chegou um tanto de "nomes" endossando isso. E bom, se a gente tá sendo ofendida, não vejo problema nenhum em se defender e imagino que você também não.
E olha, se há má fé sendo usada em argumentos no debate, é necessário sim expor. E isso não é uma falta de educação.
E olha, ninguém tratou os argumentadores como se fossem uma unidade, até porque eles mal apresentaram argumentos.
Thaís, as pessoas possuem os mais diversos motivos para preservar sua identidade e não só esse que a anônima colocou como sendo o dela. Ficar anônimo também pode ser uma maneira de deixar o ego menos importante que a idéia. Concordo com boa parte o que está no texto, apesar de discordar que nascer é sinônimo de estar vivo, pois também entendo a vida começando com a formação do cérebro ao terceiro mês o que necessariamente significa que já começa bem antes do nascimento, caso contrário, o limite de 12 semanas ao qual defendemos não faria sentido. A pessoa anônima chegou criticando o que vocês dizem no blog no que se refere a aborto, mas foi acusada de ma fé por algo que ela nem disse: "que as pessoas abortam para provar um ponto". Me desculpe, mas por mais que eu concorde com a posição de vocês em relação a muitas coisas, você estavam mais atacando a pessoa, e não as idéias dela do que se defendendo. O discurso pró vida já possui muitos pontos questionáveis, não precisamos criticar as pessoas pelo que elas não disseram. Nenhuma delas disse que os pró-escolha são a favor do aborto ou que é agradável para alguém abortar. Vocês debocharam os argumentos de que chamam de trolls e acredito que interpretaram críticas a postura como ataque pessoal e por causa disso, se defenderam com ataques pessoais. Ninguém chamou vocês de surdas e sim o diálogo que estava acontecendo, por causa da distorção desnecessária do discurso do interlocutor, que tornava um diálogo de surdos.
ResponderExcluirDa mesma forma que esta crítica que faço a maneira como vocês debatem não é um ataque pessoal, apenas discordo de vocês em alguns pontos, assim como concordo com uma série de outros. Acredito que a Joelma tenha exagerado mas concordo em parte com as críticas que ela faz sobre o texto das malvadas e imagino que tenha sido pela maneira debochada com que a autora fala dos pró-vida. Os pró vida e principalmente as pró vida, não devem ser hostilizadas por nós, mas tratadas com respeito, pois é este respeito que faz as pessoas questionarem os próprios paradigmas. É complicado combater preconceitos com mais preconceito e arrogância no discurso. Nossos argumentos pró escolha já são bons o suficiente para que precisemos debochar dos argumentos pró vida. Debate de idéias é muito mais eficiente do que o de pessoas, por isso gostei muito da postura da Drica
Por exemplo, o único motivo que eu sou a favor de deixar a possibilidade de postar em anônimo aqui é porque mulheres já relataram violência sofrida aqui no blog e só fizeram isso por causa do "anônimo".
ExcluirNum debate, não usar o próprio nome, não é necessariamente uma ferramenta para "diminuir a questão do ego", normalmente trolls usam o anônimo, por exemplo.
Complicado, porque a Flávia apresentou argumentos para o Anônimo #1, mas se ele respondeu com o tal do "diálogo de surdos" e a gente tem que levar numa boa?
Olha, Márcia, a gente é atacada diariamente por comentários ofensivos aqui e também até no Facebook, a gente fica sim na "defensiva".
E o comentário do Anônimo #1 não tá isento de culpa, ele não foi um anjo, o discurso dele foi bem "vocês isso, vocês aquilo", o que não acho nada respeitoso. Além de ter usado argumento de autoridade para validar as afirmações, sabe?
E olha, realmente supor que todo pró-vida é igual é errado, assim como supor que cada pró-escolha é igual. Adorei a postura da Drica, queria eu ter tanta paciência, mas acho arrogante (olha, só) você supor que a gente deva debater de determinada forma. É igual falar para uma feminista que não milita que ela deveria militar, que essa é a obrigação dela, sabe? Reagir agressivamente sendo um grupo oprimido, recebendo comentários anônimos ofensivos o tempo todo, pra mim é muito razoável.
Mas vou tentar maneirar. Apesar que debochar argumentos é sim uma maneira (legítima) de questioná-los.
Perceba que o Vocês isso, vocês aquilo foi "vocês dizem" e não "vocês são", não há ofensa nem julgamento e sim , mas sim crítica ao conteúdo do blog, da mesma forma que o texto que extamos comentando é uma crítica a certos tipos de discurso.Eu não estava ditando nenhuma maneira de militar, apenas criticando certos tipos de postura que acabam desunindo mulheres que poderiam estar lutando por objetivos comum. Debochar de argumentos alheios é plenamente legítimo, mas acaba por despertar a ira dos que realmente acreditam nestes argumentos e em alguns casos inflando o ego dos que concordam mas acaba não levando ninguém a refletir sobre nada, além de reforçar preconceitos, que é justamente o que combatemos. A paciência é muito necessária, porque é ela que faz com que paradigmas sejam mudados, o ataque pessoal age no caminho oposto.Citei apenas um exemplo de motivo para o anonimato de alguém, mas existem diversos e não é porque um troll seja anônimo, que todo anônimo que entra em um debate seja necessariamente troll.
ResponderExcluirMárcia, eu acho muito válida, e muito útil, a sua busca por moderaçao, por caminhos para a construçao de um diálogo. Eu mesmo tento fazer isso, tanto que procurei escrever o texto da forma mais didática e clara possível. Mas compreendo a dificuldade em manter esse tom "ponderado" quando ocorrem certas coisas -- inclusive o que ocorreu aqui, quando comentários contrários ao que defende o texto demonstram claramente que a pessoa sequer o leu; ou que, se o leu, fez isso sem a menor preocupaçao em compreende-lo. Como debater com quem nao apresenta argumentos, ou simplesmente repete falácias que já foram abordadas no texto a partir do qual o debate deveria ser construído? Acho que falta respeito em quem age dessa forma, porque me parece simplesmente a reproduçao de estratégias de silenciamento que acontecem o tempo todo (em particular no que tange ao Feminismo). Vejo nisso uma tentativa de desqualificar o texto, como se todos os seus argumentos fossem ineficazes "a priori"; por isso eu acho que a reaçao debochada acaba sendo, na verdade, uma resposta no mesmo nível: voce apenas desqualifica quem o desqualificou. Concordo com voce que isso obsta o diálogo; mas acho que isso tende a ocorrer quando a construçao de um diálogo já é dificultada pela postura de quem, em vez de contra-argumentar, limita-se a adotar as já mencionadas estratégias de silenciamento.
ResponderExcluirNão vejo a coisa assim, se você ler o que foi comentado, vai perceber que embora eu não concorde, a pessoa desenvolveu uma argumentação baseada no conteúdo do site. Complicado ir julgando tudo que a gente discorda como falácia má fé, conheço muita gente que realmente acredita no que a anônima disse e acho complicado julgar a intenção de pessoas que embora discordem do nosso ponto. Fora que as falácias que eu vi muita gente aqui acusando, não foram ditas a começar pelas que eu já pontuei. O assunto do aborto, desperta muitas emoções e acredito que muitos de nós acabamos por desconsiderar que uma pessoa possa realmente acreditar que a vida do feto é humana e precisa ser defendida da mesma formaque a da mulher. Apesar de eu acreditar que deva haver uma hierarquização da vida, onde a da mãe deva ser priorizada, para muita gente estas vidas devem ser equiparadas e os motivos não são necessariamente os mesmos de pessoa para pessoa. O discurso da anônima me chamou a atenção justamente por não repetir as falácias que eu estou acostumada a ouvir dos pró vida. Não vejo o feto como ser humano, mas percebo que para quem vê, é complicado lidar com a indiferença das pessoas em relação a isso. Da mesma forma que é complicado para nós ouvir argumentos que demonstrem indiferença para com a vida da mulher, o que não foi colocado no texto da anônima, que foi acusada de defender a prisão das mulheres que abortam, mesmo dizendo claramente que a mulher não deve ser presa. Andei percebendo que assim como ela, existem algumas pessoas que defendem a descriminalização da mulher, mas não a legalização do procedimento e foi isso que me chamou a atenção no que ela disse a ponto de eu achar que não deve ser comparado as falácias que a maioria dos pró vida dizem, aos quais a anônima foi acusada de dizer sem ter dito. Ela estava questinando o conteúdo do blog, pelo menos no que se refere aos textos sobre o aborto presentes aqui, e não desqualificando quem o escreveu. Como eu falei antes, ela já disse coisas suficientes para serem criticadas para ser criticada pelo que não disse ou disse o contrário do que foi acusada, como o fato de ser a favor de mandar mulheres para a cadeia. Fora o fato que no próprio texto dela, há críticas também em relação a maneira que os pró-vida debate, mais do que uma crítica ao blog, pude perceber que o ela critica é a forma como o debate acontece. E eu concordo muito com ela no que diz respeito ao debate sobre o aborto não acontecer e do binarismo social que acontece no debate onde opiniões como a dela (a favor da descriminalização, mas contra a legalização), não tem espaço nem entre os pró-vida e nem entre os pró-escolha, que vivem se julgando entre si o que faz com que o aborto só seja debatido entre pessoas com o mesmo posicionamento e debates entre pessoas com posicionamento contrário acabam se transformando numa sucessão de ataques pessoais. Este debate é urgente e necessita de paciência com relação a convicções alheias e da mesma forma que é complicado partir para o ataque pessoal, interpretar toda crítica como má fé e falácia acaba contribuindo para a inexistência deste diálogo.
ResponderExcluirHá dois únicos textos sobre aborto nesse blog: esse e um outro que é o caso de interrupção da gravidez no caso de feto anencéfalo.
ExcluirEntão, ela não criticou o conteúdo do blog, ela colocou palavras que nós não dissemos na nossa boca, ela supôs que todos os pró-escolha são uma unidade que pensa exatamente igual.
(Exatamente o que você criticou dizendo que nós fizemos, tá vendo?).
E sobre essa questão da legalização e descriminalização, eu particularmente tenho muito mais medo da descriminalização pura e simples do que da legalização, afinal, a descriminalização deixaria uma lacuna no ordenamento jurídico que poderia ser uma justificativa para abortos após determinado período de tempo, por exemplo. E a descriminalização simples também tem os perigos de não ter a fiscalização do Estado e poder virar simplesmente uma forma do Estado controlar a população pobre, negra e afins coagindo mães a abortarem.
Sou a favor da legalização por isso, para que a lei que legitime a prática o faça com responsabilidade, para que não haja tantos perigos para esse tipo de prática que apontei.
Também acho que não faz sentido adotar estratégias de silenciamento num blog controlado por outras pessoas e não vejo os questionamentos da anônima desta maneira. Acho mais produtivo pontuarmos a nossa crítica ao que a pessoa anônima realmente disse, senão, acabamos agindo de maneira preconceituosa.
ResponderExcluirEu só acho engraçado que tenhamos que ser pacientes e educadas diante da falta de respeito das anônimas ali em cima. Só que as pessoas são assim: Chegam falando num tom arrogante conosco, quando debochamos delas, nós é que somos preconceituosas. E aí algumas pessoas acabam por acreditar, é a vida.
ResponderExcluirMárcia, vou tentar esclarecer melhor o que eu quis dizer. Quando eu adjetivei como falaciosos os comentários contra a legalizaçao que apareceram aqui, eu nao fiz isso simplesmente para desqualificá-los. A questao é que o texto sempre procura deixar claros os seus pressupostos: por exemplo, há ali uma argumentaçao acerca do motivo pelo qual o feto nao pode ser considerado uma "vida humana"; contudo, os comentários contra assumiram como um pressuposto que o feto é uma vida humana, sem evidenciar qualquer pressuposto, nem refutar seriamente os argumentos do texto. Está aí a falácia: falar contra o texto usando pressupostos que lhe sao estranhos, apelando para o senso comum. O primeiro comentário d@ Anonim@ já começa falando em "coisificaçao do feto", o que evidentemente pressupoe que se trata de uma vida humana que está sendo desconsiderada (= "coisificada"), daí falando em "vida de outra pessoa", etc. E os argumentos do texto? Nao valem nada?
ResponderExcluirSobre estratégias de silenciamento, refiro-me ao ato de quem apenas reproduz o discurso dominante, sem levar em conta qualquer coisa que vá contra ele. Foi isso o que aconteceu aqui. Se o discurso dominante diz "X", voce diz "nao-X" e a pessoa que fala contra vc simplesmente se limita a repetir "X", sem considerar, abordar ou refutar o "nao-X", a postura é de que a verdade está no discurso dominante, e tudo o que esteja contra ele é automaticamente inócuo. Nesse sentido, é irrelevante que o blog seja controlado por outras pessoas, porque a estratégia pode ser mantida.
Por fim, queria reiterar que concordo com vc, quando defende que o diálogo é sempre a melhor opçao. Mas acho que nem sempre o diálogo é possível, e nem sempre isso acontece por culpa nossa.
Não possuo posição definida sobre aborto, até por isso cheguei até aqui, procuro me informar sobre o tema e minha dificuldade em estabelecer uma opinião se deve ao fato de a humanidade do feto de menos de 12 semanas ser algo incerto, não sendo provado nem que sim e nem que não. Acompanhado este debate, percebi desrespeito de ambos os lados o que me deixa mais indecisa ainda, já que não houve debate. Os dois lados se criticando pelo que não disseram e percebo que nenhum prestou a devida atenção ao que o outro falou. Discordo da Márcia quando ela diz que a Anônima criticou o conteúdo do site, mas lendo a proposta de lei da legalização e os blogs indicados por vocês, pude encontrar tudo o que a Anônima criticou, inclusive a forma como isso é debatido acontece da maneira como ela disse. O que eu quero dizer é que embora eu não tenha gostado da maneira como a Anônima falou certas coisas, isso não a desqualifica e nem invalida tudo o que ela disse. Até por que a maioria das críticas que ela fez não se refere especificamente a vocês, mas ao binarismo social que acontece na maioria dos debates sobre aborto que se transformam mesmo em diálogos de surdos.Concordo com a Márcia no que diz respeito a criticar as pessoas pelo que elas não disseram e independente do que a Anônima disse, foi exatamente o que vocês fizeram, sendo tão preconceituosos como ela. Quero dizer com isso que a forma dos 2 lados (próescolha e pró-vida)debaterem me incomodam muito e dificultam seriamente uma tomada de posição. Realmente não existe debate entre pró vida e pró escolha e TODOS acabam se enchendo de arrogância. Concordo com algumas críticas em relação a anônima (as que se referem ao que ela disse e não ao que ela não disse), assim como concordo com as críticas que alguns aqui fizeram a vocês, se a anônima os criticou por coisas que vocês não disseram, vocês fizeram exatamente a mesma coisa com ela e com todos os pró-vida que apareceram aqui. Eu só me sinto perdida no meio disso tudo
ResponderExcluirJessi, é muito legal que voce procure se informar antes de tomar qualquer decisao. Só pra tentar dar alguns esclarecimentos a partir dos pontos de vista que estou defendendo, gostaria de abordar um ponto em seu comentário: observe que nunca haverá "prova" definitiva sobre o feto de até 12 semanas ser ou nao uma vida humana, porque essa é uma questao conceitual. A única coisa "provada" é que o feto de 12 semanas nao tem um cérebro formado. Os pró-escolha associam a vida humana `a vida cerebral, que é a posiçao jurídica (daí considerarmos que uma pessoa está morta quando apresenta quadro de morte cerebral). Os "pró-vida" (uso o termo entre aspas porque os pró-escolha também sao a favor da vida; a diferença está no conceito de vida humana que cada lado adota) consideram que a vida humana independe da atividade cerebral, ou seja: que, mesmo antes de ter um cérebro, um feto já é um ser humano vivo e independente. O problema dessa última posiçao é o que comentei acima, numa das respostas: se pudéssemos considerar a vida humana algo independente da vida cerebral, simplesmente nao poderíamos considerar que a maioria das pessoas está morta. Hoje em dia, temos tecnologia para manter algumas funçoes corporais independentemente da atividade cerebral. Desse modo, se a vida humana nao tem relaçao com a atividade cerebral, poderíamos manter os milhoes de pessoas que, neste exato momento, estao sendo consideradas legalmente mortas (porque nao apresentam mais atividade cerebral) "vivas" através do uso de aparelhos, por um período de tempo indefinido, mesmo que sua atividade cerebral jamais seja recuperada. Daí o problema que apresentei anteriormente: quem defende que o início da vida humana independe da atividade cerebral deveria, para ser coerente, lutar para que, p.ex., *todos aqueles* que tenham alguma funçao corporal que possa ser mantida através de aparelhos, mesmo que o cérebro jamais apresente qualquer tipo de atividade, seja considerado vivo "ad infinitum"; e, consequentemente, que quem nao age dessa forma está automaticamente cometendo assassinato.
ExcluirO problema que vejo nesta afirmação, foi o que a Júnia colocou sobre o fato de o feto estar em processo de desenvolvimento e quem tem morte cerebral estar num processo oposto, o de degeneração, não dá para dizer que é a mesma coisa. Também me questiono sobre o fato de países como Portugal, onde o aborto é legalizado, o limite ser o de 10 semanas e não 12. Da mesma forma que colocar nascer como sinônimo de estar vivo não faz sentido. Entendo o que os pró-vida colocam não como se dissessem que um feto com menos de 12 semanas é vivo e independente, mas que não é necessário ser independente para estar vivo. Considerando fetos com mais de 12 semanas, eles possuem a capacidade de se movimentar por iniciativa individual e responder a estímulos externos. Da mesma forma que me incomodam as mortes por abortos inseguros, me incomoda a indiferença apresentada pela maioria dos pró escolha em relação ao feto, como foi destacado pela Drica. Continuo querendo sair de cima do muro, mas ainda não sei para que lado descer.
ExcluirJessi, pra mim o ponto primordial para a luta pela legalização do aborto é que o aborto inseguro é uma questão de saúde pública, fato que aparentemente você já tem conhecimento. Então, a legalização seria uma luta pela dignidade, saúde e até mesmo a vida das mulheres.
ExcluirNão considero que haja essa indiferença pelo feto, porque não considero que o assunto do aborto é fácil e é tratado levianidade. Pelo contrário, é algo que depende muito do foro íntimo de cada um. E a maior parte das pessoas que eu conheço são favoráveis a legalização, mas jamais (pelo menos teoricamente) fariam um aborto. Então, reitero, a questão não é uma insensibilidade ao feto, mas uma tentativa de garantir uma efetividade dos direitos humanos para as mulheres. (Até porque, para mim, assegurar o direito da mulher de decidir é uma maneira de "assegurar" que aquele filho que vá nascer, por ser desejado, tenha uma vida digna, com amor, carinho, educação, respeito e não violência).
Quando penso na saúde pública, nos direitos sexuais e reprodutivos femininos, penso primeiramente em informação sobre contraceptivos, incentivo, aulas de como usar, quando usar e afins. Mas, mesmo com aulas, usando tudo direitinho, é fato que há possibilidade, até prevista nas bulas e afins, de falha. E como a gente vai resolver essa questão de falha? Falar "se você faz sexo, você tem que lidar com uma possível gravidez indesejada e foda-se" ou oferecer uma oportunidade de que haja uma decisão? A primeira opção coloca as mulheres numa situação complicada, uma situação onde os direitos sexuais e reprodutivos, inclusive o direito de decidir quando ter filhos ou não ter, ficam impossibilitados de serem praticados, né?
Então, limitar o aborto até 12 semanas é uma maneira de garantir os direitos sexuais e reprodutivos femininos e garantir também o direito do feto. Afinal, a partir de certo momento, ele seria protegido.
A questão que me pega é a seguinte, se o aborto seria mesmo uma decisão entre ter filhos ounão, ou uma decisão entre deixar vivo ou matar um filho que já existe. Pelos motivos que citei acima, acredito que não faça sentido comparar um cérebro morto com um em processo de formação. Concordo com a Anônima quando ela diz que chamar aborto de "direito sexual e reprodutivo" é tratá-lo como método anticoncepcional. Percebo que os dois grupos são tão pró-vida quanto pró-escolha, mas por partirem de paradigmas diferentes, os pró-escolha se consideram os verdadeiros pró-vida e vice versa. É muito difícil saber se um aborto seria o exercício de um direito de uma pessoa sobre o próprio corpo, ou a violência de uma pessoa contra o corpo de outra. Também não acho que uma pessoa tenha que ser desejada para ter o direito de viver e acho complicado fazer afirmações baseadas em previsões sobre como será o futuro da pessoa, afinal de contas, até onde sei, não somos videntes. Uma criança abandonada pode vir a ser uma pessoa feliz ou ter uma vida degradante, mas não creio que nos caiba "eutanasiá-la" para previnir a segunda opção. De qualquer forma, fico feliz em ler aqui a expressão "direito do feto". Outra questão que me pega, é que caso o aborto seja mesmo uma violência, a forma como é largamente praticada e os riscos envolvidos no processo não justificariam sua legitimação. Em alguns blogs, cheguei a ler absurdos como usarem as guerras e a pena de morte como justificativa para a hierarquização da vida. Continuo achando bem complicado...
ExcluirBom, Jessi, vou continuar apresentando a minha visao sobre esses temas, mas é claro que voce nao precisa necessariamente concordar com ela. Quero apenas dar mais elementos para sua reflexao, esclarecendo a posiçao de alguém que se identifica como pró-escolha.
ResponderExcluir1) sobre a questao "desenvolvimento x degeneraçao", minha intençao nao é dizer que tudo é a mesma coisa, e sim demonstrar que, se nao usamos a atividade cerebral como critério para determinar o que é a "vida humana", acabamos ficando sem critério nenhum. Nao vejo como defender uma ideia de "vida humana" independente da atividade cerebral. E, no final das contas, a discussao acaba sendo essa: se o feto é ou nao uma "vida humana", porque ninguém defende irrestritamente os "seres vivos". Quando os "pró-vida" associam o aborto ao assassinato, fazem isso supondo que o feto é uma "vida humana". Os "pró-vida" nao defendem a preservaçao total e irrestrita de todo e qualquer ser vivo, porque isso colocaria óbvios problemas, p.ex., no que diz respeito `a alimentaçao.
2) o período de interrupçao voluntária da gravidez varia de país para país. A média, na Europa, é entre 12-14 semanas. Isso sao detalhes discutidos no processo de legalizaçao. O prazo é definido justamente para garantir que nao há no feto algo que possa ser considerado atividade cerebral; para isso, buscam-se critérios científicos. No caso de Portugal, até onde sei, o prazo foi reduzido por pressao de setores mais conservadores, de onde a legislaçao mais restritiva.
Por fim, gostaria de destacar o seguinte: os pró-escolha também consideram uma série de motivos práticos para a defesa da legalizaçao. A Thaís já abordou esses pontos. Na verdade, se a coisa acontece (a gravidez indesejada), nao há muito espaço para esse tipo de especulaçao, nao é verdade? Tanto que, se voce conferir no texto os dados estatísticos, verá que a maior parte das mulheres que já realizaram o aborto se identifica como religiosa. E um último ponto é o seguinte: perceba que os pró-escolha nao impoem a ninguém a decisao sobre realizar ou nao o aborto. O que se busca é apenas garantir que a mulher possa tomar essa decisao segundo suas próprias crenças e de acordo com a sua situaçao concreta.
Minha pulga atrás da orelha é o seguinte: "se nao usamos a atividade cerebral como critério para determinar o que é a "vida humana", acabamos ficando sem critério nenhum", quando você afirma isso, minha dúvida é se somos nós que determinamos isso. Acaba sendo necessário definir a humanidade apenas por critérios sociológicos, desconsiderando os biológicos por serem desconhecidos. A medicina holística reconhece outras formas de recepção sensorial e se não me engano, alguém aqui citou a memória celular. Os sistemas humanos são tão complexos e nosso conhecimento sobre eles é tão limitado que ainda acho complicado definir quando a vida humana começa. A humanidade de um ser independe dos critérios atribuídos por outros. Vários seres humanos já foram considerados não humanos por humanos privilegiados. Embora não tenha posição definida sobre o tema, concordo que a gravidez nos coloca numa posição de poder em relação aos nossos filhos e por causa disso, por exemplo, parei de fumar quando estava grávida. Além de não saber se sou contra ou a favor da legalização, eu não sei nem se contra ou a favor do ato de abortar e penso que as duas coisas estão diretamente relacionadas. O motivo que eu teria para ser contra eu mesma praticar um aborto, seria o caso de constatar que o aborto se trata de uma violência e isso já seria motivo o suficiente para ser contra a legalização. Me pergunto também por que a mesma proposta de lei que defende o limite de 12 semanas, defende que este prazo seja extendido em caso de estupro e não entendo o porquê disso se o feto proveniente de um estupro tem tanto cérebro quanto um desejado, fora o fato de os procedimentos abortivos em estágio mais avançado de gravidez provocam maior sofrimento tanto para a mulher quanto para o feto. Também acho muito difícil olhar a imagem do feto de 12 semanas e não ver um ser humano alí. Acredito que nós mulheres devemos ter a sexualidade livre e autonomia sobre nossos corpos, mas faltam preencher algumas lacunas para que eu saiba se o feto é parte do meu corpo é o corpo que pertence a ele mesmo, vivendo dentro do meu. Não gosto nem um pouco do que eu leio na maioria dos sites pró vida, mas ainda não me convenci pelo discurso dos pró escolha por causa das lacunas que mencionei. Também fiquei confusa com a afirmação de que o argumento "só é a favor do aborto quem já nasceu" foi desmontado, porque este desmonte veio da afirmação de que nascer é igual a estar vivo, o que se fosse verdade, como disse acima, não faria sentido o limite de 12 semanas baseado na atividade cerebral. Não quero trollar e nem provocar, se questiono é de forma a buscar meu próprio esclarecimento sobre a questão e acontece é que eu fiquei mais confusa ainda. Estou questionando textos em blogs pró-vida também e agradeço a paciência tanto de vocês, quanto a deles por me explicarem seus pontos de vista.
ResponderExcluirJessi, justamente por vc nao estar trollando é que estou procurando responder a todos os seus comentários. Vamos lá:
ResponderExcluir1) somos nós (humanos), sim, que determinamos o que é "vida humana", justamente porque isso é um conceito que, como tal, só pode ser elaborado e compreendido por seres humanos racionais. Mas isso nao quer dizer que haja um consenso sobre esse conceito: isso, provavelmente, nunca haverá. O que temos sao diferentes definiçoes científicas, médicas, religiosas, etc., que obviamente sao estabelecidas a partir de critérios diferentes: uma definiçao científica/médica deverá ser estabelecida a partir de conceitos objetivos e racionais, e sempre será provisória, uma vez que acompanha o desenvolvimento da própria ciencia; já uma definiçao religiosa será sempre estabelecida a partir de um dogma instituído, de uma "verdade revelada", etc. Um consenso sobre isso nunca haverá, repito, porque os conceitos religiosos, enquanto dogmas, nao podem ser normalmente alterados; já os conceitos científicos sao sempre passíveis de revisao, conforme o nosso conhecimento vai se expandindo.
2) voce insistiu bastante na questao da violencia, o que realmente é uma preocupaçao importante. Veja que a existencia ou nao de um cérebro desenvolvido tem tudo a ver com isso: sem cérebro, nao há qualquer tipo de sensibilidade, consciencia, etc.; é impossível que um feto de 12 semanas "sinta" qualquer coisa, porque ele nao tem um sistema nervoso formado que permita isso. Mas veja que estou falando do ponto de vista da ciencia majoritária, o que é amplamente aceito atualmente. Voce sempre encontrará visoes dissonantes, como ocorre com absolutamente tudo neste mundo. Voce poderá encontrar pessoas falando em nome da "ciencia" que um feto tem consciencia e sentimentos, assim como voce encontrará, mesmo hoje em dia, cristaos que defendem que os negros nao tem alma. Mas, em ambos os casos, trata-se de exceçoes.
3) os prazos dentro dos quais é permitida a interrupçao da gravidez variam de país para país, e de legislaçao para legislaçao. O prazo de 12 semanas é uma garantia de que nao há *nenhum* tipo de atividade mental no feto, mas isso é uma margem de segurança, aliás, muito cautelosa: cientificamente falando, essa atividade mental só vai começar a ser detectada depois da vigésima semana (o que ainda nao quer dizer que possamos falar em termos de uma "consciencia"). Essas extensoes de prazo costumam pensadas em funçao da mulher. Muitas vezes, o prazo é estendido em casos de estupro e incesto para que se preserve a saúde mental da mae, uma vez que tomar a decisao nessas situaçoes tende a ser algo extremamente difícil. Mas o estabelecimento desses limites busca sempre equilibrar o direito da mae e o direito do feto. Geralmente, só nao há limite de tempo para a realizaçao do aborto nos casos em que a vida materna é posta em risco.
4) quanto ao argumento do texto, o que quis dizer nele é que só um ser humano vivo, racional pode ser a favor de alguma coisa. O "argumento" segundo o qual "só quem já nasceu é a favor do aborto" é enganoso porque afirma uma coisa óbvia, visto que quem nao nasceu nao pode ser a favor de coisa nenhuma, porque nao é capaz de raciocinar ou de emitir qualquer tipo de opiniao.
Pra concluir: suas dúvidas sao legítimas, e sao compartilhadas por muitas mulheres. Ninguém neste mundo é dono da verdade (embora alguns julguem que sim). Pense na posiçao pró-escolha como uma posiçao que permite a cada mulher agir de acordo com suas crenças pessoais, sem imposiçoes, segundo o que ela considerar melhor para si mesma.
Estou apresentando os questionamentos levantados por vocês para alguns pró vida e vice-versa por achar necessário conhecer os dois pontos de vista, junto a isso também coloco alguns questionamentos meus para as duas partes. Segundo a teoria neurológica de início da vida, há controvérsias entre correntes científicas distintas se o início da atividade cerebral ocorre na oitava ou na décima semana de gestação.Além disso, fatos naturais independem de nossa atribuição de valor sobre eles, a terra não começou a girar em torno do sol quando o homem soube que era assim que acontecia, da mesma forma que o sol nunca girou em torno dela quando o homem assim dizia, não somos nós quem determinamos quando começa a vida humana, possuímos recursos para no máximo especular a respeito.
ResponderExcluirAgora sobre a afirmação de que só é a favor do aborto quem já nasceu, o própriofato de defender a legalização já seria ser a favor do procedimento, mesmo sem jamais praticá-lo. Ao defender qualquer tipo de prática, mesmo que não a preatiquemos, já somos a favor dela por mais traumática e desagradável que seja. Há por exemplo, pessoas que são a favor da pena de morte, mas nunca matariam alguém. Dadas as devidas diferenças, nos 2 casos a pessoa defende que em determinadas circunstâncias, outros pratiquem algo que ela nunca praticaria. Mesmo sem praticar, se legitima a prática. Além disso, o fato de ser a favor quem já nasceu não se deve só ao fato de só quem já nasceu poder formular o conceito de ser a favor ou contra algo, mas principalmente pelo fato de que considerando o aborto como uma violência como os pró-vida consideram, só poderia ser a favor da legitimação da sua prática quem já passou da fase de feto e não pode mais sofrer com as consequencias disso.
Pessoalmente, não consigo ver relação entre as correntes cristãs que pregam que negros não têm alma com as correntes consideradas por você como sendo pseudociência que consideram o feto como dotado de conciência e sentimentos. Há pesquisas sérias sobre os fetos feitas por cientistas das mais variadas correntes, tanto que a própria teoria neurológica do início da vida defendida no projeto de legalização possui suas contradições como citei acima. Outro fato, é que no meio científico, tudo aquilo que pertence a corrente oposta seguida por determinados cientistas tende a ser chamada de pseudociência. Como vinha acontecendo por exemplo com a física quantica, sendo que recentes descobertas tem permitido que seus preceitos possam ser metrificáveis segundo os métodos da ciência majoritária mecanicista. Além disso, diversos conceitos com aplicação prática na medicina oriental há milênios, só recentemente começaram a poder ser representados gráficamente, o que está fazendo com que práticas antes consideradas charlatanice sejam aceitas pelos conselhos de medicina. Fora isso, o avanço da ciência sempre parte da excessão. Um amigo meu que estuda física foi humilhado pelo professor por defender a teoria do Bóson de higs, afinal de contas, como diria o professor, quem seria ele para contestar Einstein? Até que um super acelerador de partículas permitiu provar que ele estava certo, sendo a maior descoberta científica dos últimos tempos. Falo isso porque o nosso conhecimento sobre a origem da vida humana é muito limitado e ainda não possuímos recursos tecnológicos para determinarmos isso com exatidão. Me pergunto se só a dúvida sobre o fato de o feto ser humano ou não já não seria motivo suficiente para não matá-lo. Aí no caso, em se tratando de outro ser humano, a mulher teria o direito de decidir o que ela considerasse melhor para simesma, com tanto que não interfirisse de maneira violenta na vida de outra pessoa. Por enquanto é isso, questiono porque quero me informar por considerar de extrema importância tomar uma posição com relação a questão do aborto por mais difícil e complicado que seja, até porque, quando eu tiver uma posição formada sobre isso ela irá interfirir nas minhas próximas decisões políticas. Obrigado!
Jessi, agora a resposta vai em duas partes, porque ficou longa demais:
ResponderExcluir1) nao existem "fatos naturais" independentes de nossa interpretaçao. Nós só temos acesso ao "real" através do conhecimento que construímos a partir dele. Veja que, quando vc está falando em "sol" e "terra", vc já está lidando com conceitos criados a partir do conhecimento humano, utilizando a linguagem. O conhecimento é a "interface" que nos permite lidar com o "real". Quando eu digo: "isto é um livro", eu estou usando um sistema linguístico e referencial que me permite referir-me ao real, "apontar" para ele, conferir-lhe um significado. O que há é uma perene busca por adaptar o nosso conhecimento construído aos "fatos naturais", ou seja, construir uma "leitura" do mundo que seja capaz de representá-lo de modo mais adequado. Por outro lado, existem muitos modos de construir esse conhecimento. A ciencia buscará construir esse conhecimento a partir de critérios objetivos, testáveis, de modo que sejam verdadeiros para todos os seres humanos, independentemente de suas crenças subjetivas. Mas, justamente porque a ciencia é testável, esse conhecimento será sempre provisório, passível de revisao. O conhecimento religioso, mítico, etc. nao é estabelecido a partir de critérios objetivos, mas a partir de dogmas ou verdades reveladas; por isso, ele nao é testável, nem válido objetivamente (depende da fé).
2) voce encontrará diferentes teorias sobre a origem da vida, assim como voce encontrará dissidencias dentro da religiao. Isso tudo faz parte do processo de legitimaçao do conhecimento. Voce sempre terá visoes majoritárias (como a de que vida humana = vida cerebral, tao amplamente aceita que é utilizada, p.ex., no caso da doaçao de órgaos) e visoes dissidentes. A diferença é que a ciencia tem critérios objetivos para testar suas hipóteses, o que nao ocorre com a religiao. Por outro lado, assim como a ciencia poderá descartar o conhecimento nao-legitimado como pseudociencia, a visao religiosa majoritária descartará visoes dissidentes como heréticas. Existem, hoje em dia, cristaos que defendem que negros nao têm alma, mas essa é obviamente uma visao dissidente, minoritária, e eu jamais diria que "os cristaos" pensam assim. Por fim, é claro que a ciencia avança a partir de "exceçoes", porque sao elas que mudam os paradigmas vigentes. Isso acontece em todas as áreas, inclusive nas religioes; no caso do catolicismo, p.ex., basta ver as discussoes recentes em torno da hipótese do Limbo.
3) essa "corrente científica distinta" que fala em atividades cerebrais com 8 semanas é uma citaçao, muito utilizada pelos "pró-vida", retirada de um artigo científico de 1982, hoje em dia obsoleto. Como eu disse anteriormente, voce sempre encontrará visoes dissidentes, seja lá no que for; mas há sempre visoes majoritárias. E, quando eu falo sobre alguma possível atividade cerebral apenas a partir de 20 semanas, estou falando a partir da visao majoritária. O limite de 12-14 semanas para a interrupçao da gravidez, na Europa, nao foi determinado arbitrariamente, mas a partir de um amplo consenso, baseado em critérios científicos majoritários, que sao os mais confiáveis objetivamente.
ResponderExcluir4) voce afirma que, segundo os "pró-vida", "só poderia ser a favor da legitimação da sua prática quem já passou da fase de feto e não pode mais sofrer com as consequencias disso". Aqui, há alguns problemas. Primeiro: é claro que só quem nao é mais um feto pode ser a favor de alguma coisa, porque apenas um ser humano racional, com cérebro desenvolvido, linguagem, etc. pode ter uma opiniao; segundo, um feto desprovido de cérebro ou sistema nervoso nao "sofre" nada, porque é impossível que alguém "sofra" alguma coisa se nao tem consciencia ou atividade mental. Além disso, há aí a implicaçao de que só adotamos posiçoes baseando-nos em nossos próprios interesses (assim: eu só sou a favor da legalizaçao do aborto porque nao fui abortado; se eu tivesse sido abortado, supostamente "seria" contra a legalizaçao). E nao é assim que as coisas funcionam: as decisoes sao tomadas levando em conta o bem dos outros; procura-se um equilíbrio. Tanto é assim que a legislaçao do aborto nao pode autorizar nenhum tipo de infanticídio. A partir do momento em que o feto se torna alguém que pode ter uma consciencia, que pode sofrer dor, enfim, que se desenvolveu a ponto de tornar-se um "ser humano", o aborto nao é mais autorizado (a nao ser nos casos em que representa um risco de vida para a mae). A posiçao pró-escolha nao é adotada por pessoas que pensam apenas em si mesmas, e sim por quem leva em conta a situaçao descrita abaixo:
5) legalizar nao é ser a favor; é reconhecer que um problema existe e que deve ser submetido a uma legislaçao específica. Legalizar nao irá estimular ou incentivar a prática do aborto, assim como proibir nao impede que o aborto seja feito. Veja que, enquanto continuam discussoes teóricas e especulativas como a nossa, 200 mil mulheres estao morrendo por ano por conta do aborto realizado em condiçoes inadequadas. Legalizar o aborto é: reconhecer que a proibiçao nao impedirá, como nao impede, que o aborto continue sendo realizado; procurar garantir que ele seja realizado em condiçoes seguras, com assistencia médica; estalecer um equilíbrio entre o direito da mae e o direito do feto, porque nao se trata de legalizar o infanticídio ou algo parecido.
Obrigada pelos esclarecimentos. Normalmente, com raras excessões os pró-vida apelam para a argumentação moral e religiosa, o que dificultava uma tomada de posição da minha parte. Mas os argumentos dos pró-escolha acabaram por influenciar muito mais a minha posição, principalmente pela afirmação categórica e impossível de provar de que fetos não são humanos e ao fato de reduzir a questão a esfera da teocracia e laicidade ou a dominação sobre os corpos das mulheres. Acredito que o estado não pode legitimar nenhuma forma de violência, mesmo que a prática desta violência sem apoio traga riscos. Agora tenho certeza, SOU PRÓ-VIDA!
ExcluirJessi, para fechar o debate, gostaria de esclarecer alguns pontos que, pelo jeito, permanecem obscuros:
Excluir1) afirmar que "fetos nao sao humanos" é tao "categórico e impossível de provar" quanto afirmar que "fetos sao humanos". Tudo depende do critério que se utiliza para designar o que é "humano". Dizer que "fetos sao humanos" significa assumir uma posiçao intrinsencamente contraditória, como a discussao anterior demonstrou exaustivamente, e como voltarei a afirmar no ponto seguinte.
2) é impossível discutir essa questao sem recorrer `a laicidade, porque a postura "pró-vida" (antiescolha) é uma postura fundamentalmente religiosa, mesmo que nao o admita. O pressuposto de que a vida humana começa na concepçao é um pressuposto religioso, particularmente cristao, no caso; mas nao é o adotado na esfera jurídica, simplesmente porque nao tem qualquer base objetiva. Carl Sagan, aliás, desenvolveu uma argumentaçao interessante a partir desse ponto, demonstrando que, se levarmos a sério a argumentaçao "pró-vida" (antiescolha), teremos de admitir que, p.ex., os espermatozóides sao vidas humanas, e que a masturbaçao é um homicídio em massa. Enfim: trata-se de escolher entre algum critério racional ou o dogma. Os "pró-vida" (antiescolha) escolhem a resposta dogmática, de natureza religiosa. Os pró-escolha buscam um critério racional e objetivo.
3) o estado já legitima formas de violencia -- veja o aparato policial, p.ex. Por outro lado, a legalizaçao do aborto nao "legitima" violencia nenhuma; apenas busca dar conta de uma situaçao que já existe. A proibiçao do aborto nao impede, nem impedirá o aborto de ser realizado. A legalizaçao do aborto nao "incentivará" essa prática. Mulheres que se assumem religiosas, portanto supostamente contrárias ao aborto, estao entre as que mais praticam o aborto no Brasil. É fato. Cabe optar entre enfrentar esse problema ou nao.
Por fim, gostaria de ressaltar que eu também sou PRÓ-VIDA, porque todos os PRÓ-ESCOLHA defendem efetivamente a vida das mulheres. Sabemos que o aborto continuará a ser praticado, como sempre foi; sabemos que mulheres continuarao morrendo por conta disso, enquanto essa prática for proibida. A legalizaçao do aborto visa a evitar essas mortes desnecessárias. Ser "pró-vida" (antiescolha) significa permitir que mulheres morram em nome de posturas dogmáticas; ser PRÓ-ESCOLHA significa defender vidas humanas de fato!
Também vou fazer mais uma consideração. Quando temos uma pessoa com morte cerebral, se não interferirmos, ela morre. Quando temos gametas, se não interferir-mos, não acontece nada, portanto não faz sentido comparar-mos seres humanos a gametas que se não encontrarem outro tipo de gameta, não se desenvolvem. No caso do feto, se não há interferência em seu processo natural, ele se desenvolve ao contrário da pessoa com morte cerebral e do gameta. Nem tudo o que contraria a ciêcia mecanicista cartesiana ocidental tem a ver com a moral cristã ou dogmas religioso apesar de os "pró-escolha" negarem isso. O mundo é maior que isso e as motivações para se preocupar ocm os direitos daqueles que anda não nasceram são muito mais diversas do que a mesma tecla que a maioria dos pró-escolha, inclusive o autor desse texto resolve bater, ignorando todo o resto. Mas conversar com vocês foi muito bom para me fazer sair de cima do muro. Agora sou militante pró-vida consciente, não poderia tomar uma posição sem ouvir o outro lado. Obrigada pelos esclarecimentos e fico por aqui, abraço!
ResponderExcluirTenho a nítida impressao de que estamos girando no mesmo lugar, porque já tratei de tudo isso nos comentários anteriores... mas, enfim, lá vou eu outra vez. Recorrer `a "natureza" é uma saída obscurantista, primeiro porque os "processos naturais" nunca o sao inteiramente quando envolvem a experiencia humana (vivemos num ambito cultural; todos os cuidados que permitem o "desenvolvimento normal" do feto, como isso é socialmente considerado, envolvendo p.ex. o próprio acompanhamento médico, nao sao "naturais"), e segundo porque nao dá pra saber se o feto se desenvolverá de modo viável ou nao (embora os "pró-vida" tipicamente nao se interessem muito por isso, e nao se importem com os prejuízos psicológicos de obrigar uma mulher a carregar um feto inviável, p.ex.). Rejeitar o que voce denomina a "ciencia mecanicista cartesiana ocidental" é igualmente recair no obscurantismo, porque esse tipo de expressao é o que se usa retoricamente para rejeitar a ciencia que nao se adequa a interesses dogmáticos; o que se esquece é que, para todo o resto, os padroes científicos sao normalmente adotados (ninguém rejeita da lei da gravidade, p.ex., nem despreza a maior parte dos produtos tecnológicos decorrentes do desenvolvimento científico, né?). Se voce fala que os pró-escolha nao se preocupam os direitos dos que ainda nao nasceram, voce deixa de lado muito do que foi debatido anteriormente, no que diz respeito p.ex. ao estabelecimento de um limite pela legislaçao do aborto. Repito que legalizar o aborto nao é autorizar o infanticídio. Os pró-escolha se preocupam seriamente com o estabelecimento de princípios que nos permitam determinar em que momento um feto se torna um ser humano; só que fazemos isso baseando-nos em critérios universais e objetivos, nao tributários de qualquer vertente religiosa ou dogmática específica. Estamos interessados na defesa da vida, de fato, dos seres humanos como um todo, sejam as mulheres que estao morrendo por conta do aborto realizado em condiçoes inadequadas, seja o ser humano que, embora nao tenha ainda nascido, já pode ser designado como tal.
ResponderExcluirDepois de ler "Rejeitar o que voce denomina a "ciencia mecanicista cartesiana ocidental" é igualmente recair no obscurantismo, porque esse tipo de expressao é o que se usa retoricamente para rejeitar a ciencia que nao se adequa a interesses dogmáticos" não precisa falar mais nada. Me desculpe por fazer você voltar em certos pontos, não foi por falta de atenção ao que você disse, apenas não achei convincente. Obriga por me ajudar em minha tomada de posição. Adeus!
ResponderExcluircerteza que é troll!
Excluirsem dúvida. Eu sabia -- sabíamos -- disso; é uma estratégia comum, que mais cedo ou mais tarde acaba se denunciando. De todo modo, ainda assim foi válido para dar prosseguimento à desmontagem do discurso antiescolha. Creio que serviu como um complemento ao texto.
ExcluirTodo mundo que discorda aqui é Troll? É alguém com alguma estratégia malígna para validar suas falácias ou alguma tentativa de qualquer coisa parecida para usurpar os direitos das mulheres? Para os dois lados existem questões mais importantes que uma disputa de retórica, mas pela maneira que você fala, parece que somos inimigos. Mas blz de qualquer forma, obrigada pela conversa e me desculpa se pareci rude em algum momento. Até
ResponderExcluirPensando como uma leitora que está fora dessa discussão, acho apenas que a Jessi parecia ser desde o começo contra a legalização do aborto. Se estava realmente tentando decidir ou não, não posso afirmar nada categoricamente, já que não conheço ninguém. No entanto, sem pensar em retórica ou em estereótipos, o que se depreende da leitura dos comentários é isso: a decisão da Jessi já estava tomada desde o princípio.
ResponderExcluirNos blogs pró-vida eles falavam que eu era uma pró-escolha que no final mudou de opinião. Por causa disso que este binarismo me incomoda. Qualquer questionamento já leva e este tipo de conclusão. Deixo claro aqui que minha crítica não é só a quem me chama de Troll aqui, até porque fui chamada de Troll nos blogs p´ro-vida onde associaram meu discurso ao discurso pró-escolha, até porque não faz sentido fazaer para eles os mesmos questionamentos que fiz aqui, assim como fazer aqui os questionamentos que fiz para eles. Não entendo porque questionamentos ofendem tanto e não é só para vocês que digo isso, vale para aqueles que me chamaram de "abortista" por chegar em blog pró-vida usando discurso "pró-escolha" para questioná-los. A impressão que tenho é de que a retórica está sendo colocada acima da questão em si. Talvez para alguns aqui pareça impossível que alguém que não seja "do lado do inimigo" questione a coerência do discurso "pró-escolha". O que me entristece é que ao mesmo tempo em que alguns aqui me chamam de Troll, alguns também me chamaram de "abortista" por ser a favor da descriminalização e por utilizar fragmentos até deste texto para questionar os pró-vida. Não faço parte desta peleja entre "conservadores" e "progressistas" e nem acho que uma questão delicada como o aborto se resume a isso. Mas cada um é livre para pensar o que quizer, mas acredito e concordo com alguns comentaristas daqui que dizem que é por causa deste binarismo que o debate sobre o aborto não existe. Pelo menos não entre quem tem posições diferentes e a coisa sempre cai no ataque pessoal, "como alguém pode prestar atenção no que eu digo e ainda assim discordar?". Tenho mais o que fazer na minha vida do que ficar gastando meu tempo escrevendo textos grandes só para provocar quem pensa diferente, se vim aqui com questionamentos, foi para tentar entender o posicionamento de quem se dz "pró-escolha", mas não vou ficar gastando tempo e energia pra provar que focinho de porco não é tomada, apesar de as vezes parecer que intelectuais conseguem ser mais dogmáticos e julgadores que os evangélicos, justamente por ter o recurso da retórica mais desenvolvido. Estejam à vontade para fazer os julgamentos que quizerem aqueles que se sentirem melhor com isso. Aos demais peço para que reflitam que nem sempre quem discorda está sendo desonesto ou falacioso, mas enfim, vou voltar para as cavernas da terra média junto com os meus amigos Trolls, antes que apareça algum orc servo de Sauron para me escravizar. Abraços!
ResponderExcluirGostaria de deixar aqui meus parabéns pelo excelente texto.
ResponderExcluirAdorei a abordagem e a discusão, há muito tempo eu estava procurando um texto que argumentasse justamente sobre esta questão. E acho que o uso que o autor fez da trollagem nos comentários foi muito inteligente, inclusive conseguiu desenvolver vários aspectos que não estão no texto e ajudam a compreender melhor esse debate que é tão necessário.
Vivemos num estado laico, e só a pressão religiosa explica o fato de no Brasil o aborto ainda não ter sido descriminalizado.
Mais uma vez, deixo meus parabéns ao autor e ao blog. Passarei a ser leitora assidua.
Virei leitora assídua[2]
ResponderExcluirObrigada pelos esclarecimentos do blog! e uma coizinha que acho que faltou:
!)Sabe a memória celular? pois é,eu já utilizei dos benefícios dessa medicina, e quem teve morte cerebral ainda a tem, em um aglomerado de células essa memória não é computada gente,e as "Sensações" que antes de 12 semanas o feto tem é sem consciência, como os anencéfalos. e de acordo com a tendência mundial, o brasil irá legalizar sim.
Enfim, não importa quando você acredite que a vida começe, a realidade brasileira é: 1 milhão de abortos por ano e 200 mil mortes, temos que dar atendimento adequando a essas mulheres, parem de olhar para seus próprios umbigos, não permita que sua visão prejudique a sociedade, adquira uma visão que MUDE algo e MELHORE algo e ..LEGALIZE JÁ
Só uma pergunta. De onde saiu essa pesquisa que afirma que ocorrem 200 mil mortes por aborto ilegal no brasil? Este número é bem superior ao número total de mortes de mulheres em idade fértil, segundo dados oficiais do SUS http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/mat10uf.def
ResponderExcluirComo vocês podem ver conferindo no site, estes números não foram inventados por nenhum movimento pró-vida, mas são dados oficiais de uma organização estatal de saúde.
Acredito que os dados do SUS não compreendem as diversas mortes clandestinas, sabe? Só as "oficiais", onde a mulher chegou a ir para o hospital e etc.
ExcluirAcontece que as mortes por abortos clandestinos, por mais que não entrem nas estatisticas de aborto, entram nas estatísticas de mortes de mulheres em idade fértil, número bem inferior a 200mil. Elas só ficariam de fora destes números caso seus cadáveres fossem ocultados e elas desaparecessem, Podem não chegar até o hospital, mas chegam ao necrotério para serem registradas. De onde surgiu este número? Estas 200 mil mortes por ano?
ResponderExcluirMarta, obrigado pelo comentário. De fato, há problemas com este número. Duas matérias que esclarecem o assunto:
ResponderExcluirhttp://oglobo.globo.com/pais/ministro-da-saude-contesta-dados-da-onu-sobre-abortos-no-brasil-4019839
http://www.viomundo.com.br/denuncias/ministro-padilha-o-erro-nao-foi-da-onu-e-sim-do-estadao.html
O que há sao 200 mil procedimentos de curetagem. 200 mil mulheres procuram hospitais para um procedimento comumente utilizado devido ao aborto. Há anualmente 1.800 casos de mortes maternas, estima-se que 11,4% devido ao aborto. Mas é preciso levar em conta que, naquele universo de 200 mil, inúmeras mulheres levarao sequelas físicas e psicológicas pelo resto da vida, sobretudo quando se trata de algo que sao obrigadas a fazer na clandestinidade e em condiçoes completamente inadequadas. Aliás, saiu um texto sobre isso hoje, no site das Blogueiras Feministas:
http://blogueirasfeministas.com/2012/11/aborto-um-relato/
Marta, obrigado pelo comentário. De fato, há problemas com este número. Duas matérias que esclarecem o assunto:
ResponderExcluirhttp://oglobo.globo.com/pais/ministro-da-saude-contesta-dados-da-onu-sobre-abortos-no-brasil-4019839
http://www.viomundo.com.br/denuncias/ministro-padilha-o-erro-nao-foi-da-onu-e-sim-do-estadao.html
O que há sao 200 mil procedimentos de curetagem. 200 mil mulheres procuram hospitais para um procedimento comumente utilizado devido ao aborto. Há anualmente 1.800 casos de mortes maternas, estima-se que 11,4% devido ao aborto. Mas é preciso levar em conta que, naquele universo de 200 mil, inúmeras mulheres levarao sequelas físicas e psicológicas pelo resto da vida, sobretudo quando se trata de algo que sao obrigadas a fazer na clandestinidade e em condiçoes completamente inadequadas. Aliás, saiu um texto sobre isso hoje, no site das Blogueiras Feministas:
http://blogueirasfeministas.com/2012/11/aborto-um-relato/
De fato, o que percebi é que quem é contra o aborto não tem NENHUM argumento convicente, todos foram desmentidos: O da memória celular, o de que "não legitimar uma vioLência em prol de outra" bla bla bla. Os abortoS ACONTECEM, e se a discriminação for salvar essas mulheres, porque não?
ResponderExcluirQuem é pró-vida agora?
Pois é, Sarah. Mas troll q é troll nao desiste nunca. Daqui a pouco aparece outro, repetindo os mesmos pseudo-argumentos q já foram tantas vezes rebatidos e refutados. Querem vencer pela insistencia, tentando fazer com q as falácias prevaleçam através da repetiçao. Este post já tem 90 comentarios; se depender deles, chegaremos às centenas, sempre girando no mesmo lugar. Essa é a "estratégia" deles, lamentavelmente.
ResponderExcluirSou contra o direito da mulher abortar por simplesmente não querer a gravidez.
ResponderExcluirO feto e uma vida, se ele não tem cérebro ate as doze semanas de gestação ele tem potencial para te-lo (excluindo-se casos não normais, digamos assim, como os anencéfalos).
Sou a favor dos contraceptivos, laqueadura gratuita sem a necessidade de já ter tido determinado numero de filhos, conscientização e divulgação da vasectomia, dentre outras coisas.
Sou a favor das mulheres escolherem ter ou não filhos desde que não o tenham feito. O feto e uma vida e acredito que não temos o direito de coisifica-los, e mata-los como se não fossem nada. Temos o direito a não te-los evitando-os com métodos contraceptivos.
O abroto em caso de risco físico ou psicológico a saúde da mãe acho valido.
Meus pontos de vista não são baseados em fundamentos religiosos, sou ateia e militante de sofá pelo estado laico e pela não intervenção da igreja na politica.
lembre-se que não existe método que é 100% eficaz. vc querendo ou não, é por causa de pessoas como vc que milhares de mulheres morrem por ano.
ExcluirSeus valores são prejudiciais para a sociedade pq não salva feto nenhum, só mata mulheres
Ai gente, haja paciência. "Potencial para sê-lo"? Então espero que defenda também os óvulos e os espermatozóides. Ou é muita desinformação, ou não leu o texto, ou não leu os comentários. Se é militante do estado laico, informe-se melhor, ou pelo menos LEIA o texto e os comentários, antes de falar mais do mesmo e repetir bobagens. Pra mim isso é mais troll "pró-vida" inventando identidade falsa, que prefiro chamar de ANTI-VIDA DAS MULHERES.
ResponderExcluirUma pessoa que nunca se casaria com outra do mesmo sexo é automaticamente contra o casamento gay, ou apenas não quer isso em sua vida? Quando se é contra algo, se chama isso de direito? Pra mim parece absurda essa história de ser contra o aborto e a favor da legalização, da mesma forma que não quero passar por um casamento gay, não quero me submeter a um aborto, mas sou abertamente a favor dos dois, pois reconheço o direito de outras pessoas em fazê-los. E assim como eu, o autor do texto e as moderadoras da página são a favor do aborto, por isso acho complicado dizer que ninguém é. Quem é contra, considera a extração do amontoado de células uma violência contra um ser humano e quando se acredita nisso é muito difícil defender a legalização.
ResponderExcluirConcordo com a Luciana, noto uma crescente tendência no movimento feminista de se dizer contra o aborto e favorável a legalização, o que não faz o menor sentido. Se o aborto for legalizado, tod@s pagaremos por ele, o procedimento será legitimado. Ou se é a favor da legalização, ou contra o aborto, não é possível ser as duas coisas ao mesmo tempo. Por isso repito que devemos tod@s nos assumir a favor do aborto, porque se dizer contra algo que se defende enquanto direito fica parecendo hipocrisia. Somos claramente a favor do aborto, não porque achamos que ele seja agradável, mas porque acreditamos que é um direito
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