O texto que vos apresento abaixo está longe de ser uma unanimidade. Eu mesma confesso que nunca pensei na Beyoncé como um "grande ícone feminista". Tenho mudado de idéia. Principalmente por ter visto a última apresentação da diva, e pela leitura do texto abaixo, que traduzi com o intuito de postar aqui. E também pela leitura desse outro texto aqui (em inglês).
Para contextualizar: o artigo trata, basicamente, da apresentação bombástica que a Beyoncé fez durante o intervalo do jogo de abertura do Super Bowl. Uma explicação rápida acerca do que é o Super Bowl se encontra aqui.
O nosso intuito, ao trazer esse texto para vocês, é estimular um debate a respeito. Eu, Flávia, acredito ser muito importante que mais e mais pessoas famosas se assumam feministas. Mesmo que elas se contradigam volta e meia, ou frequentemente, eu acho crucial que tenhamos mais visibilidade. E mais irmandade, afinal, ninguém está livre de contradições. Eis:
Imagem retirada da page do Machismo Nosso de Cada Dia, no Facebok |
Se o que você viu foi uma exposição ofensiva, inapropriada e hipsersexualizada de pernas e outras partes mal-cobertas, deixe-me sugerir que você viu apenas o que você estava encarando, não o que realmente aconteceu naquele palco.
Se o que você viu foi uma artista levando homens (e mulheres) por toda a América a cometer o pecado da luxúria em seus corações, você perdeu o ponto totalmente.
Porque a performance da Beyoncé domingo passado em Nova Orleans não foi sobre sexo. Foi sobre poder, que a Beyoncé teve em abundância. Na verdade, o show dela foi uma das mais constrangedoras, encorpadas e proféticas demonstrações de poder feminino que eu já vi na televisão mainstream.
O fato de uma mulher negra ter se afirmado e se apropriado do seu poder durante essa celebração misógina e consumista conhecida como o Super Bowl realçou a bravura e o brilhantismo da mesma. Não é de admirar que as pessoas tenham tentado retomar o controle dela e de seu corpo ao marginalizar e sexualizar a sua performance.
A Beyoncé estava atraente, sexy? Certamente. Mas, mais do que tudo, ela estava poderosa. Poucas coisas são mais ameaçadoras à audiência masculina do que uma mulher bonita e poderosa que não precisa de um homem, nem mesmo de um olhar masculino.
Talvez os amigos não notaram conscientemente que não havia sequer um homem no palco. Durante aqueles poucos minutos, não houve vozes masculinas e nem corpos masculinos no controle, apenas mulheres que se recusaram a ser apropriadas. E não se tratava apenas de muheres dançando lá em cima, apesar do foco das câmeras ter sido basicamente nisso. As mulheres no palco estavam criando, tudo. Elas se apropriaram de imagens tradicionais masculinas e as transformaram em femininas - não apenas imitaram os homens. Elas estavam reinvindicando papéis e instrumentos tradicionalmente ligados a homens: os chavelhos e os saxofones, o solo pirotécnico de guitarra.
Elas foram ferozes, mas se negaram a se masculinizar ou a se objetificar.
Parte de meus amigos zombaram da Beyoncé, postando insultos como " pior intervalo de show de todos os tempos" ou "tirem essa porcaria desse projeto de música do meio do campo". Teve um que simplesmente rotulou toda a apresentação como "Peitos do Sul Selvagem", um sofisma decididamente racista e sexista.
A resposta das minhas amigas foi marcadamente diferente. Uma exclamou, "o corpo dela é maravilhoso! Eu adoro como ela é encorpada! Eu quero aquele corpo e aquela energia!" O corpo da Beyoncé é importante - não porque é hipersexualizado - mas porque se tratava apenas de um corpo de mulher, não de um corpo de mulher esculpido para um homem.
Então aqui, no meio dos comerciais e de uma cultura que objetificava as mulheres e seus corpos e no meio de um espetáculo esportivo que constrói poder em termos de violência, a Beyoncé começou sua performance derrubando a narrativa. Ao caminhar pelo palco, Beyoncé demonstrou mais poder em um punhado de passos premeditados e desafiadores que ambos os times durante todo o primeiro tempo. Em resumo, durante aqueles poucos passos, andando como uma mulher, a Beyoncé declarou posse daquele palco - daquele estádio - e, mais importante, reinvidicou posse de seu próprio corpo durante as mais misóginas e objetificantes quatro horas de cultura de massa.
É preciso ser guerreira pra conseguir fazer algo assim. Não foi de surpeender que na metade do show, a deusa guerreira hindu Durga apareceu, encarnada pela Beyoncé. Numa tela de pop-up, mãos emergiram e rodearam a Beyoncé por trás. Não se tratavam de mãos masculinas. Não eram as mãos de Justin Timberlake ameaçando despi-la em um "guarda-roupas defeituoso". Tratam-se das mãos dela e elas tentam abraçá-la, não para possui-la mas sim para expandir seu poder.
A imagem de Durga é a mais apropriada para a performance da Beyoncé. Durga, cujo nome significa um forte que não pode ser invadido. Durga, a mãe, a guerreira, a que protege do mal. Durga, a guerreira que luta contra demônios, e os vence.
Durante as duas semanas passadas, críticas foram disparadas à Beyoncé por dublar o hino nacional nas festividades de posse do presidente Barack Obama. Ela foi satirizada e descartada. Mas, domingo passado, a Beyoncé riu por último.
Quando as ex-integrantes do Destiny's Child deixaram o palco, a Beyoncé irrompeu em um poderoso número de dança. Naquele momento, parecia que ela estava dançando sobre o túmulo fresco do sexismo, da supremacia masculina, de todos os trolls que tentaram reduzi-la a qualquer coisa que não fosse bonita, talentosa, poderosa, qualquer coisa que fosse menos que uma mulher.
Foi uma dança de desafio.
E todas as mulheres do palco se juntaram a ela.
Não houve vergonha.
Beyoncé presenteou o mundo com a sua performance. Por 14 minutos, as mulheres não foram posse de ninguém. Ao invés disso, durante aqueles minutos poderosos e proféticos, a Beyoncé e as mulheres do palco se apropriaram da noite.
Naquela noite, os homens, a misoginia, a objetificaçao ou sexismo não venceram, ainda que tenham contado com a maior parte do tempo no ar.
Ao invés disso, graças à Beyoncé, as mulheres se apropriaram do Super Bowl XLVII."
* Texto de David Henson. Original, em inglês, aqui.
Para contribuir para o debate, vou colar aqui o que escrevi quando terminei de ler o texto:
ResponderExcluirNão considero a Beyoncé um símbolo do feminismo, acho até bem longe disso, mas curti o texto bastante, porque eu realmente vi muitos homens falando que deixaram a tevê no mudo durante o intervalo, porque ai veria ela gostosa, mas não teria que ouvir as músicas e afins. E eu achei isso tão sintomático: eles querem o tempo todo resumir todas as mulheres apenas ao corpo/beleza delas. Independente do talento, do sucesso e etc, sabe? Parece que o problema de muitos homens não é com a música pop feita por mulheres (porque vejo isso acontecer em algum nível com todas as outras cantoras pops famosas), mas sim com o fato de que são mulheres fazendo, mulheres ficando ricas, poderosas, mulheres que eles nunca poderiam prover, sabe? Mulheres que ao ficarem tão poderosas, pisam em vários ideais do que a mulher deve ser. E são mulheres que FALAM, pode até ser que a maior parte das músicas dela reafirmem o status quo, mas elas falam, né? É a voz de uma mulher mexendo com milhões. E não a voz só de homens.
E fico pensando também na resistência dos homens com músicas que não são feitas por homens pra homens, sabe? Muito disso ai tá ai.
"mulheres que eles nunca poderiam prover"
ExcluirAcho que vc foi no ponto!
Qualquer dúvida que se tinha sobre Beyoncé ser feminista acabou assim que ela lançou esse disco novo. <3
ExcluirQualquer dúvida que tínhamos acabou quando ela se declarou feminista, né? <3
ExcluirGostei muito do texto. Sou uma grande fã de mulheres musicistas em geral, mas ainda mais fã da Beyoncé pelo seu talento. Ela é boa no que se propõe a fazer. Isso quer dizer que ela canta bem, e faz performances incríveis. Você consegue perceber que todo aquele espetáculo maravilhoso é apenas o resultado óbvio de muito trabalho e muito esforço. Quando eu vi que só tinha mulheres no palco, tocando ao vivo com ela, não me espantei. Confesso que já esperava. E o melhor é que eram mulheres negras. E algumas mulheres negras com cabelos estilo black power que eram totalmente incríveis.
ResponderExcluirAcredito que por ser um ícone, uma figura pública, você acaba sempre vendendo uma imagem (a qual pode ser vendida por você mesma ou por seus agentes). Mas ligado ao processo de venda, há também o processo de compra, de como os espectadores vão receber aquela imagem vendida, comprando-a ou não. Então imagino que essa relação possa sofrer influências machistas em mais de uma instância. Acho que no caso da Beyoncé, eu a chamaria de grande ícone para o feminismo porque não vejo machismo na imagem vendida, apenas na imagem comprada.
A imagem vendida, pelo que eu posso ver (e talvez esteja enganada, cega pelo meu feminismo lindo), é a de uma mulher que tem muito talento, que gosta de fazer o que faz e que faz isso muito bem, obrigada. De modo que se a Beyoncé tivesse o mesmo talento pra seguir qualquer outra carreira que não tivesse o corpo como um enfoque (enfoque que eu digo é porque ela precisa do corpo para dançar e se expressar, assim como uma atriz ou uma esportista precisam) ela seria brilhante anyway. Então eu imagino uma médica, uma advogada, uma engenheira, uma programadora e etc MUITO BOA e consigo imaginá-la sendo a Beyoncé.
Por outro lado, a imagem comprada é aquela que vem de cada um e da configuração da nossa própria sociedade. Então, a imagem que eu compro é a de uma mulher negra (isso é importante) linda e talentosa pra caralho que dá a oportunidade pra outras mulheres estarem ali, fazendo seu trabalho junto com ela no palco, e acho isso incrível porque o espaço da mulher ainda é muito restringido em comparação ao espaço do homem.
Minha irmã, por exemplo, que é mais ligada em artes do corpo, como teatro e dança, acha a Beyoncé foda porque as coreografias são muito bem elaboradas, ficam lindas quando executadas e são difíceis de se realizar (ainda mais em cima daquele salto e cantando como essa mulher canta). Mas eu sei que muitas pessoas só vêem uma "gostosa com pouca roupa".
Então eu me pergunto: really?
Você vê todo o trabalho que a Beyoncé teve pra preparar o show, compondo músicas, cantando, dançando, fazendo todo o processo, que seja. E a única coisa que vc consegue ver são as pernas e os peitos?
Não. Eu não acho que ela está vendendo só pernas e peitos. E se estivesse vendendo porque ela quer, não seria problema nenhum. Ela pode vender o que bem entender. Esta é a mágica libertadora do feminismo quando se trata do seu próprio corpo. Vejam a Rihanna, por exemplo. A meu ver, a Rihanna se propõe a vender uma imagem mais sexualizada. Ela faz mais letras com conotação sexual, fala mais abertamente sobre isso em entrevistas e obtém bons resultados, musicalmente falando (vide as letras de Cockiness, Watch N' Learn, Bithday Cake etc).
Eu costumo gostar muito de ver performances da Beyoncé ao vivo por causa de uma coisa clara (que está inserida na minha compra da imagem) que é o modo como ela sorri e agradece depois de uma performance. Eu vejo um sorriso sincero de "meu trabalho foi bem executado e foi bem reconhecido pelos meus fãs", e é realmente isso que eu compro da imagem dela, alguém que faz o que gosta, que faz direito, e que satisfaz seus inúmeros fãs (como eu).
Entretanto, ela está presa numa sociedade que nunca vendeu mulheres talentosas. Está presa numa sociedade que escreve matérias sobre as atletas medalhistas das olimpíadas como "namorada de fulano" ou "musa do tênis". Está presa numa sociedade que acha que se a mulher foi promovida é porque trepou com o chefe.
Nossa eu sou muito fã da Beyoncé, e agora sou seu fã também, que texto incrivel, tudo que disse se aplica muito bem no novo album da Beyoncé, se não tiver escutado acho que vale a pena ouvir.
ExcluirEsse é um trecho da nova musica da Beyonce chamada Flawless:
Nós ensinamos as meninas a se retraírem
Para diminui-las
Nós dizemos
"Você pode ter ambição
Mas não muito
Você deve ser bem sucedida
Mas não muito
Caso contrário, ameaçará o homem"
Porque eu sou uma fêmea
Estou esperando pelo casamento
Estou esperando fazer as minhas próprias escolhas na vida
Sempre tendo em mente que
O casamento é o mais importante
Agora o casamento pode ser uma fonte de
Alegria, amor e apoio mútuo
Mas por que nos ensinam a aspirar ao casamento
E não ensinam a mesma coisa aos meninos?
Nós nos vemos como concorrentes, meninas
Não por emprego ou por realizações
O que eu penso que pode ser uma coisa boa
Mas pela atenção dos homens
Nós ensinamos as meninas que não podem ser seres sexuais
Da mesma forma que os meninos são
Feminista - a pessoa que acredita na igualdade
Social, política e econômica entre os sexos
Em outras palavras (e POR FIM), o que eu queria dizer é que vejo que a Beyoncé está presa ao slutshaming. Mas, genial que é, está seguindo em frente, fazendo o que acha correto (vejam as declarações em favor dos direitos LGBT's, por exemplo), deixando as pessoas sem saber o que pensar, porque está nos obrigando a pensar e perceber coisas novas:
ResponderExcluirBeyoncé está ajudando a superar o slutshaming porque não quer mais que as mulheres estejam presas a ele.
E caso alguém queira debater sobre a NFL, também estou aberta (acompanho, gosto de assistir, fiz rugby por causa do futebol americano e tenho o jogo de video game. haha).
ResponderExcluirBeyoncé realmente passa uma idéia de emancipação, de "gosto do que faço", de força e tudo mais. E lógico, acho ela super talentosa no que faz.
ResponderExcluirE essa resistência que vejo por partes de algumas pessoas contra ela é obviamente mais que uma questão puramente musical, porque eles a desprezam e pronto. E quando eles falam "TV no mudo só pra ver a gostosa da Beyoncé sem me irritar com aquela música lixo" não é só uma ofensa ao trabalho dela, é uma ofensa às mulheres e seus trabalhos/talentos.
Sim, e quando falam isso, além de nos ofender e ofender o trabalho dela, também influenciam em como as outras pessoas a verão.
ExcluirO clássico caso de quem não tem opinião formada (porque não se informou) e daê se baseia no que está ouvindo por aí.
Eu gostaria de deixar essa letra de uma das músicas do albúm Sasha Fierce e que me ajudou muito a superar uma traição que eu tinha sofrido. Eu sempre achei essa letra muito questionadora.
ResponderExcluir"If I were a Boy
Even Just for a day
I'd Roll outta bed in the morning
And throw on what I wanted then go
Drink beer with the guys
And chase after girls
I'd kick it with who I wanted
And I'd never get confronted for it
Cause they'd stick up for me
If I were a boy
I think I could understand
How it feels to love a girl
I swear I'd be a better man
I'd listen to her
Cause I know how it hurts
When you lose the one you wanted
Cause he's taken you for granted
And everything you had got destroyed
Beyoncé pra mim não é feminista, mas ela é uma inspiração de força para várias mulheres e isso é inegável.
ResponderExcluirNunca gostei daquela sua música "Who run the world", que inclusive foi questionada por feministas, já que o tema é frequentemente usado por pop stars - mulheres - que fazem hits incentivando essas ações, mas que muitas vezes não são nada feministas - porém, concordo com o post.
ResponderExcluirComo muitas sou uma grande fã da Beyoncé e nada me surpreendeu tal declaração, de uma mulher negra que sempre defende seus pontos de vista com determinação. E a apresentação no Super Bowl não foi diferente de um trabalho de empoderamento que faz com a equipe de trabalho dela, a Banda "Suga Mama" que a acompanha desde 2007 na sua grande maioria são mulheres negras que arrasam no que fazem, são as melhores.
ResponderExcluirEm todas as apresentações que assiste dela tratam de inspirar várias mulheres a serem poderosas e lutarem pelos seus direitos, na forma lúdica de uma música, uma dança, uma imagem.
Não acho a B feminista nem nunca achei,mas é inegável q ela é uma força feminina descomunal.Também não sou uma grande fã da música q ela faz mas algumas são realmente pérolas feministas. New Shoes é fantástica.E como eu não eu quero ser desonesta devo confessar q minha antipatia por ela é antiga.Não consigo simpatizar com ninguém q use pele.Seja uma mulher forte ou não.
ResponderExcluirGabriela.
O que importa é que ela é linda e gostosa.
ResponderExcluir"‘I think I am a feminist in a way. It’s not something I consciously decided I was going to be; perhaps it’s because I grew up in a singing group with other women, and that was so helpful to me. It kept me out of so much trouble and out of bad relationships. My friendships with my girls are just so much a part of me that there are things I am never going to do that would upset that bond. I never want to betray that friendship because I love being a woman and I love being a friend to other women.
ResponderExcluir'I think we learn a lot from our female friends – female friendship is very, very important. It’s good to support each other and I do try to put that message in my music,’ she says (she talks quickly, perhaps a little nervously) with a smile.
Read more: http://www.dailymail.co.uk/home/you/article-1301838/Beyonc--The-multi-talented-star-reveals-planning-next.html#ixzz2KFVh6IJ0
Follow us: @MailOnline on Twitter | DailyMail on Facebook"
Nunca soube que ela fazia declarações tão fortes como essa. :)
ExcluirAi, fiquei até mais apaixonada por ela.
Se ela se disse feminista, ela é. Vejo que muita gente caça a carteirinha das famosas que se dizem feminista.
ResponderExcluirConcordo.
ExcluirPq Beyoncé seria feminista? Só por que ela é rica e famosa? Dizer que Beyoncé é feminista é meio forçaçao de barra, na mimha opinião. Não curto nenhuma dessas "divas".
ResponderExcluirPorque ela disse que é. E porque ela tem atitudes que poderiam ser consideradas feministas. Ela ser famosa não impede necessariamente que ela possa ser feminista.
ExcluirNo meu bairro, há meninas que sonham em ser como Beyoncé e meninas que sonham como Angela Davis. As meninas que sonham em ser como Beyoncé são as mais alienadas e apegadas a padrões de gênero e de beleza. Será por acaso? Além disso, não concebo como o feminismo pode se desenvovler desvinculado de outras demandas sociais. Me parece mais aquela tendência do femminismo baseada no conceito de empowerment, segundo o qual é possível que as mulheres consigam espaços de poder dentro do capitalismo. Logo, o capitalismo seria reformável. Para mim, essa é uma luta estéril. Não é possível uma derrota do patriarcado sem a destruição do capitalismo. Afinal, Beyoncé é mulher, é negra, mas é uma mulher que reforça os padrões de gênero e beleza contra o qual tanto lutamos. Isso é, na minha opinião, no mínimo contraditório para uma feminista.
ExcluirTambém acredito que não haverá a destruição do patriarcado, enquanto existir o capitalismo.
ExcluirMas eu acho que ignorar a importância das declarações da Beyoncé, da importância dela para a autoestima de muitas mulheres, o fato de que ela prioriza mulheres e afins é injusto, porque todxs nós temos nossas contradições.
E eu, particularmente não curto essa separação entre corpo bonito x mente brilhante. Acho ela bem rasa e mais uma forma de estimular a competição feminina e reduzir às mulheres a determinados esteriótipos. E o lance de falar de meninas se espelharem em Beyoncé ou em Angela Davis me soou reforçador dessa dualidade.
Inclusive lembrei de dois textos que tem aqui no blog:
http://ativismodesofa.blogspot.com.br/2012/09/estetica-e-futilidade-uma-associacao.html
http://ativismodesofa.blogspot.com.br/2012/10/a-mulher-inteligente-segundo-o.html
Acho contraditório que o discurso de Beyoncé reforce a importância da autoestima de muitas mulheres,e ao mesmo tempo ela ser uma artista que se destacada sobremaneira por ter uma beleza bem padrão: cabelo alisado e pintado de loiro, corpo esbelto com curvas "na merdida certa" (argh!), enfim...
ExcluirAinda prefiro outros exemplos de mulheres com posturas feministas e admiráveis.
Vou dar uma conferida nos links e fazer meus comentários por lá.
E sobre a dicotomia corpo bonito/mente brilhante, o fato é que, para quem a admira e a vê como exemplo,Beyoncé se destaca muito mais por sua imagem do que por suas opiniões.
ExcluirA Beyonce se destaca pelo corpo, mas ela não é apenas um corpo. Ela manifesta suas opiniões e muitas delas podem ser consideradas feministas. Reduzi-la apenas a um corpo é ignorar a carreira musical dela e quem ela é
ExcluirMari
É infrutífera uma luta feminista sem luta contra o capitalismo. Acreditar que é possível vencer o machismo sem falar no fim do capitalismo é acreditar que o capitalismo pode ser reformado e que temos chance de vencer a opressão dentro desse sistema. Por isso, a postura de Beyoncé não me impressiona nem um pouco.
ExcluirBeyoncé é uma artista, ela compõe músicas, logo o que ela "diz" também conta, não?
ExcluirO capitalismo vai cair hoje? Amanhã? Na próxima semana? Então valorize o que a Beyoncé faz pelas mulheres ao falar de feminismo porque isso é chamar atenção para o problema, é inspirar mulheres a ler sobre, a conversar sobre, a não ter medo da palavra "feminismo". A mudança que ela promove pode ser apenas "inicial", mas já é alguma coisa.
Anônimo, em primeiro lugar, eu valorizo o que/quem eu quiser, vc não manda em mim.
ExcluirEm segundo lugar, acho que todo o impacto causado pela Beyoncé em algumas feministas de uma tremenda ingenuidade. Artistas de massa como Beyoncé só pensam em lucro e o fato de ela se dizer feminista me parece mais uma forma que seus empresários encontraram para tirar algum proveito do feminismo.
Mas se pouca gente entendeu esse lado "feminista" dela, o erro está no jeito que ela passou a mensagem...Se é q ela quis passar alguma mensagem...pra mim ela quis mostrar o corpo mesmo...não q isso seja um problema, cada um faz o q quer com seu corpo, mas ela corroborou para a sexualização da mulher.
ResponderExcluirEu assiste a essa apresentação extasiado, mas não havia parado para pensar sobre ela. Sempre associo a Beyonce a poder. Ela é uma mulher poderosa. E isso é importante. Desde os tempos de Destiny Child ela se mostrou feminista, cantou para as mulheres, sobre as mulheres. Um espetáculo.
ResponderExcluirE ainda mostra a camaradagem entre as amigas que surgem no palco para apoia-la, sem aquela velha historinha de inveja que insistem em contar sobre as meninas.
Enfim, adoro o seu blog e adorei o post. Gosto tanto que por causa de você comecei uma nova série no meu novo blog. E coincidentemente também falo de uma diva controversa.
Dê uma olhada depois: http://www.naonsta.com.br/2013/02/isso-e-feminismo-ta-gaiola-das.html
Anônimo: a intenção não importa muito depois que a mensagem foi recebida. O feminismo já se apropriou da apresentação da Beyoncé. ...muito mais que o outro lado.
ResponderExcluirAcho que, dentre todas as artistas Pop, minha Gaga é a mais feminista.
ResponderExcluir"Se eu fosse um homem, e eu estivesse sentado aqui, com um cigarro na mão, pegando no meu pinto e falando que eu faço música porque eu gosto de comer mulher e dirigir carros rápidos, você me chamaria de rockstar. Mas quando eu uso sexualidade na minha música e nos meus clipes, e com o fato de eu ser MULHER e fazer música POP, você me julga e você diz que (minha expressão de sexualidade na minha arte) desvia a atenção. Eu sou só uma rockstar."
Em Scheisse: If you're a strong female, you don't need permission (se você é uma (fêmea) mulher forte, você não precisa de permissão)
"Express your woman-kind, fight for your right"
certo...para as feministas,a mulher se auto-objetificar é uma forma de poder...aí depois reclamam da mídia machista,dos homens que só nos julgam pela aparência,do tal "jornalismo punheteiro"...faz algum nexo isso,minhas caras colegas? Sempre é justificável para as feministas uma mulher que se apresenta como objeto-sexual e depois queremos que os fabricantes de cerveja sejam punidos por colocarem mulheres semi-nuas em suas propagandas??
ResponderExcluirclarice
Não é certo você ofender as mulheres que usam roupas curtas e se apresentam como "objeto", você tem que ir contra é o sistema que coloca a mulher nessa situação de objeto sempre e só a valoriza nessa posição.
ExcluirBeyoncé defende mulheres e o empoderamento delas, ela se declara feminista, acredito que tudo isso já mostra que ela não se resume ao seu corpo. Ela é muito mais e você ao resumi-la em objeto é que a objetifica, porque ela é claramente mais do que isso.
Eu não ouço música do tipo da dela, mas sei que quando alguém diz que uma mulher é objeto pela suas roupas, dança e afins, é a pessoa que objetifica aquela mulher e a reduz apenas aquilo.
Ela não se define como feminista, pelo contrário já até afirmou que o feminismo é meio "extremista" pra ela, afinal, ela tem marido.
ResponderExcluirMas acho que sim, ela contribui para o empoderamento das mulheres.
Pessoas mudam de idéia, não? Ela já declarou isso mesmo, mas agora ela tem um disco que grita "Eu sou feminista".
ExcluirFeminista não pode ter marido? Hum... agora o feminismo dita padrões e regras...
ResponderExcluirEm qual parte do texto vc leu isso?
Excluireu também tinha a mesma opinião acerca dessa cantora, até ouvir a música do seu novo trabalho "drunk in love" onde ela ridiculariza Tina Turner, que sofreu diversos abusos de seu marido Ike Turner.. no fim da musica ouvimos claramente Jay-Z cantar "eat the cake Ane Mae" procure na internet, e você vai entender do que estou falando.
ResponderExcluirps: seu blog está servindo para abrir meus olhos e enxergar que muitas da vezes eu sou a minha própria vilã, meu algoz. Obrigada.
Eu sou fã da Beyoncé e também fiquei muito triste com essa música, mas ai desvalorizarmos tudo o que ela já fez por causa de uma contradição é um grande erro, e além do mais isso acontece na parte do marido dela então acho que mesmo ela tendo uma certa responsabilidade, a maior culpa é dele, mas fiquei triste sim
ExcluirSim, uma incoerência gritante com o resto todo do cd. Mas acho que Beyoncé, como todas nós, podemos errar e aprender com o erro. Espero que isso tenha ocorrido com ela, porque pipocou de textos criticando essa música.
ExcluirBeyonce ela é uma feminista nata ela defende as mulheres e por isso suas músicas sempre fala que as mulheres são as donas pois ela jamais dependeu de um homem pois tudo que ela tem hj ela conseguiu com méritos próprio e acho que as mulheres tem que ser sempre maior do que qualquer homem...
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