segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Por que espaços políticos exclusivamente femininos são tão necessários?


De Anna Grrrl.
Quando se fala em "espaços políticos exclusivamente femininos", a polêmica se instala. Mas os motivos dessa polêmica existir e sempre dar grandes debates em grupos e coletivos feministas é só mais um sinal de como essa espécie de grupo é necessária para a nossa militância.

Por que apoiar a existência de espaços exclusivamente femininos? Bom, quando a gente pensa nos espaços que compõem a nossa sociedade, a gente percebe que nós mulheres não sentimos a sensação de "pertencimento" e liberdade em nenhum dos espaços conhecidos. A rua "é" dos homens e eles sempre fazem questão de nos lembrar disso quando alguns deles nos assediam e nos fazem temer pela nossa integridade física/sexual. A escola/faculdade/trabalho são espaços públicos, assim como a rua, logo, de pertencimento dos homens. A casa costuma seguir os moldes da sociedade patriarcal e ter como líder dela um homem, mesmo que sejam as mulheres que limpem e a mantenham. Nossa voz tem menos valor em todos esses lugares. Espera-se nesses locais que a gente se comporte como nos foi ensinado: submissas, frágeis e quietas.
  
Se todos os espaços que conhecemos, mesmo que pareçam mistos, nos sentimos como intrusas, há algo bem errado, não? E é a partir dessa reflexão é que a gente deve começar a pensar na necessidade dos espaços políticos exclusivamente femininos.

Se homens e mulheres não têm espaços iguais na sociedade, pegar um espaço e fazê-lo unicamente feminino não fere a igualdade que o feminismo busca, porque se todos os outros espaços são masculinos e esse espaço feminino servirá pra fortalecer os laços entre as mulheres e construir um movimento de emancipação e libertação, não há ofensa. A existência de um espaço que """""exclui""""" a parcela dominante da sociedade é simplesmente um mecanismo das mulheres de saírem da situação de marginalização que a dominação masculina as colocou. 

Retirado daqui: Anna Grrrl - 
Tradução: Eu luto como uma garota.
O espaço político exclusivamente feminino não fere os homens e nem tem a intenção de fazê-lo. É simplesmente uma forma de auto-organização que é extremamente necessária para o movimento feminista. Vivemos em um mundo onde a voz da mulher não tem valor, onde não acreditam em amizade feminina verdadeira, onde tentam nos calar fazendo piadinhas sobre nossos papéis de gênero a cada momento que temos coragem de levantar a voz contra as opressões sofridas, onde o termo "mulherzinha" é considerado uma ofensa. E onde a presença masculina é opressora para as mulheres, por mais que o cara seja igualitário e nos respeite, nós fomos condicionadas a temer os homens e a nos calar frente a eles. 

Nós precisamos de espaços políticos exclusivamente femininos para que possamos juntas nos organizar para combater as opressões, para fortificar nossos laços com outras mulheres, aprendermos a ouvir as outras mulheres e digo até que a existência deles é importante para que a gente combata nossos machismos internalizados. Por que a gente precisa tanto pedir para que os homens participem de mais um espaço? Será que é porque a gente foi condicionada a sempre pedir "aprovação" para o que pensamos?  Esses espaços nos ajudam a nos emancipar, a construir uma autoestima independente de aprovação masculina, a aprender a amar outras mulheres e a bater de frente com todo nosso machismo e misoginia internalizados. 

Apoiar espaços políticos exclusivamente femininos não é ser excludente. Não é oprimir homens. Não é buscar privilégios. É simplesmente fortalecer nossa luta. E multiplicá-la. Afinal, apoiar esses espaços não é ser contra espaços mistos. É simplesmente querer somar aos espaços mistos outros espaços.

E termino esse texto dizendo que muitos dos argumentos utilizados a favor da defesa dos espaços femininos se aplicam também na defesa de espaços políticos exclusivamente para mulheres negras e/ou lésbicas. E a mesma lógica se aplica também quando trabalhadores e operários buscam um espaço para discutir suas idéias sem a participação dos patrões.

Recomendamos MUITO: "Separatistas são os homens", de Cely Couto. 

E também: "Guestpost: Feministas chatas e lugares de fala" de Lídia Freitas
 "Cultura do estupro no espaço público: Nosso direito de ir e vir ameaçado." da Gizelli Sousa. 
"Por que precisamos de espaços exclusivos?" - Blogueiras Negras, sobre espaços exclusivos para pessoas negras. 
E "Não pediremos: "por favor parem de nos oprimir"" de Thaís e Flávia. 

Imagens do tumblr Anna Grrrl.
Página do facebook: Anna Grrrl.

31 comentários:

  1. Por favor não usem o termo “feminista” neste separatismo que estão criando, isso é uma grande hipocrisia, parem de confundir feministas ativistas com femismo. O que esta sendo proposto neste post é um separatismo femista, e somente isso, se não sabe a diferença entre um e outro, ai vai uma breve definição:
    Femismo é um neologismo e seu significado possui uma carga ideológica muito grande. É uma expressão que hipoteticamente significaria um conjunto de idéias que considera a mulher superior ao homem, e que, portanto, deveria dominá-lo. Como um machismo às avessas.
    Feminismos são movimentos políticos, intelectuais e teóricos que buscam a desnaturalização, reconhecimento e a superação das relações assimétricas entre os gêneros feminino e masculino.
    Acodem meninas, se vocês não gostam do machismo porque querem fazer o mesmo criando o grupo da Luluzinha, isso é explicitamente femismo!

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    1. Eu uso o termo feminismo para apoiar a existência de espaços exclusivamente femininos sim, porque isso é feminismo.

      E eu não vou aceitar seus outros comentários em caps lock super agressivos falando até que somos homofóbicas sendo que não tem NADA A VER com o assunto. E pode ter certeza que se alguma coisa não é feminismo é fazer isso: desrespeitar outras feministas usando caps lock, acusando sem qualquer vestígio de argumentação outra pessoa (mulher e feminista) dessa forma. (Não tem como eu saber se o comentário é seu mesmo, mas como foi praticamente na mesma hora, né? Dá pra levantar a suspeita).

      Femismo não existe. Não há porquê falar em femismo ou misandria ou qualquer coisa do tipo porque as mulheres são um grupo oprimido e que não tem poder pra oprimir homens estruturalmente. Não há nenhuma instituição femista, não há governo femista, não existem leis femistas. A palavra femismo só existe para você chegar aqui e desqualificar o nosso feminismo porque você acha "radical" demais.

      Acorde anônimx, o feminismo é um movimento que busca a emancipação e libertação feminina. E ele trabalha bastante com a idéia de que para haver alguma mudança social é necessário que a gente use paliativos para que um dia a gente consiga viver numa sociedade realmente igualitária. Se na nossa sociedade, as mulheres não tem espaço nenhum, nem de fala, nem de liberdade, nem de segurança, tentar criar um não é ofensivo/negativo/dizer que mulher é superior ao homem de jeito nenhum. É simplesmente buscar tirar as mulheres dessa situação de marginalização.

      Espaços exclusivamente femininos só querem uma coisa: fortalecer as mulheres, os laços entre as mulheres e a nossa força. Trabalhar com nossa autoestima e etc. Se você vê misandria nisso, sinto muito. Eu só vejo sisterhood.

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    2. Você pode optar à vontade pra participar só de grupos mistos seja lá o porquê disso. Mas você não pode tentar impedir que várias mulheres que se sentem intimidadas em grupos mistos não participem de grupos femininos. Entende?

      Por isso falei no texto. Grupos exclusivamente femininos nada tem de excludentes, restritivos ou qualquer coisa do tipo. Eles só multiplicam. Porque permite que mulheres que não se sentem bem pra participar de um grupo em ambiente misto participem do movimento, protagonizem a própria luta.

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    3. Essa pessoa não leu o texto, só pode.

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    4. Vocês viram que imagem legal que a página homem feminista de verdade postou? https://www.facebook.com/photo.php?fbid=483475285022173&set=a.458022450900790.92249.458014067568295&type=1&theater

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    5. É,realmente, ele não leu o texto e não sabe o que é feminismo. E não gosta de mulheres juntas,compartilhando,trocando experiências femininas que sejam mais do que as vontades,feitos e vida dos machos dela ou mesmo de outras fêmeas(filha,mãe). Tem que ser muito anti-mulher para não gostar de ver mulheres querendo ser amigas e desconstruindo a desconfiança tão típica que nós temos por outras mulheres. É gente que gostar de perpetuar o machismo e não consegue deixar de evitar querer dominar e entrar todos os espaços ,mesmo os que não lhe competem.

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  2. Eu prefiro não participar de espaços políticos só composto por mulheres porque eu acho que eu tenho que enfrentar minha timidez e aprender a lidar com os espaços mistos. Mas eu considero espaços femininos muito necessários, principalmente nos casos onde o espaço foi formado para as mulheres falarem de situações de violência que sofreram.

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  3. Legal, mas também as mulheres trans* precisam (e como) de um espaço exclusivista assim. Até porque tem muita feminista transfóbica e cissexista. Acho ótima e necessária essa sororidade. Acho que nem é viável um feminismo que não pense na intersecionalidade. Acho que as mulheres brancas e cisgêneras podiam parar de achar q não precisam falar/ importar-se com/ lutar sobre racismo e transfobia só porque não se enquadram nessas características. Tem que acabar esse raciocínio de 'essa luta não é minha'. E acho q esses espaços são ideais para isso.

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    1. Os espaços femininos incluem mulheres trans, né? Mas isso não impede que mulheres trans construam seus próprios espaços também.

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    2. Claro que não. Mas meu post está no contexto do texto.

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    3. Mulheres trans são mulheres, então elas estão incluídas no espaço falado no texto.

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    4. pq as pessoas sempre começam com esse papo de feministas brancas? caralho, estamos no brasil, nosso povo é miscigenado. a minoria das pessoas é branca, a maioria dos grupos feministas nao sao brancos, ha bastante diversidade. q mania de importar conceitos americanos pra nossa realidade, aff

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    5. falam em feminismo "branco" simplesmente porque ele ignora mulheres negras, mulheres pobres, mulheres trans, mulheres lésbicas e isso é uma merda

      falar que estamos no brasil e o povo é miscigenado é uma palhaçada, porque quem é negra sente na pele a discriminação, sendo miscigenada ou não

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  4. Thaís, você ja ouviu falar dos círculos de mulheres?

    olha o que Jean Shinoda Bolen diz sobre eles. *Ela é psiquiatra, analista junguiana e feminista*

    “Os Círculos de Mulheres são formados um a um. Cada Círculo expande para mais mulheres a experiência de pertencer a um deles. Cada mulher, em cada círculo, que se transforma através de sua experiência nele, leva estas mudanças para outras relações. Até que, em um determinado dia, um novo Círculo se formará e ele será o Milionésimo Círculo – aquele que faz a diferença – e nos levará a uma era pós-patriarcal.”

    "Círculos de Mulheres podem ser vistos como um movimento evolucionário e revolucionário que está escondido por trás de uma imagem aparente : parece ser apenas um grupo de mulheres reunidas, mas cada mulher e cada Círculo está contribuindo para algo muito maior.”

    Para saber mais sobre o movimento do Milionésimo Círculo
    http://valiteratura.blogspot.com.br/2011/01/o-milionesimo-circulo-dr-jean-shinoda.html

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    1. Nossa, nunca tinha ouvido falar, Samara!
      Adorei a indicação! Fiquei bastante curiosa sobre o restante da leitura. :)

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    2. Eu também não conhecia e estou encantada!

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    3. O trabalho realizado em círculos é importante para as mulheres porque esse tipo de encontro elimina a hierarquia e propicia um espaço seguro e acolhedor. Em um círculo todas são igualmente vistas e ouvidas, pois cada mulher se encontra à mesma distância do centro, propiciando um espaço igualitário de ideias, ações e iniciativas.
      Segundo a psiquiatra e analista junguiana Jean Shinoda Bolen, um círculo de mulheres em ambientes de trabalho e comunitários só traz benefícios, pois combate a desigualdade e a hierarquia, adequando a cooperação e a aproximação emocional entre seus integrantes. Ainda segundo a mesma autora, o círculo atua como centro neutralizador das diferenças, além de promover o porto seguro de todas as mulheres que o compõem, servindo como centro de referência, agente de transformação e apoio, inspirando segurança e promovendo de forma intimista o descobrimento pessoal, revelando-se a si e ao outro.
      Os círculos incentivam a conexão e a integração entre suas participantes e objetivam através do apoio mútuo, evocar experiências pessoais compartilhando-as demais mulheres, na tentativa de direcionar cada participante a encontrar sua própria subjetividade e através de relações significativas, identificar-se com o outro, contribuindo na formação de uma identidade.

      Em SP tem diversos círculos já formados e outros tantos se formando...

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  5. Eu comecei a ler pensando em não gostar, mas depois de uns minutos (OK, horas) remoendo o que li, acho no mínimo justa a possibilidade de espaços unicamente femininos. Eu não gosto da ideia de "separatismo" e acho complicado se alguém vier me dizer que eu não posso ser feminista, por exemplo, mas não parece ser isso que vocês estão propondo.

    Enfim, comento apenas para parabenizar pela escrita que ajuda a pensar ^^

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  6. eu nao me sinto à vontade em espaços mistos, nao lido bem com a minha aparencia e tenho vergonha de falar em publico por causa disso. virtualmente eu nem me importo em participar de grupos mistos (embora me dê nos nervos quando os homens começam a querer dominar os debates, chamo logo a gangue feminazi para intervir), mas pessoalmente nao me agrada nem um pouco a ideia de encontros mistos (mesmo que os homens cheguem depois de uma determinada hora, como andaram propondo recentemente. eles chegam, eu vou embora)

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  7. É uma briga imaginária, pois na vida real é impossível mandarem nas mentes alheias e separarem as coisas. Continuo com meu ativismo do meu jeito, respeito os espaços, respeito todas, respeito e entendo os argumentos, mas pls, não venham com essa de quem é mais ou menos feminista. Isso já encheu.

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    1. Uma briga imaginária? Não entendi bem o papo de "vida real", mas posso te afirmar, que quando a gente milita para ter espaços exclusivos não é que a gente queira espaços exclusivos 24 horas por dia, todos os dias da semana. A gente só quer ter nossos espaços de discussão exclusivos em paz, sem ter ninguém falando "ai, vocês são separatistas", sendo que a maioria das pessoas que participa desses espaços, também participa de espaços mistos feministas. Porque é óbvio que todo mundo convive com homens no cotidiano, porque é inevitável.

      Ninguém tá falando de quem é mais ou menos feminista, só você. A gente só está falando nosso ponto porque estamos cansadas de sermos deslegitimadas a todo momento, inclusive em grupos de discussão.

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  8. O problema a marginalização e opressão das mulheres, mas não vejo como espaços puramente femininos ajuda na construção de uma sociedades mais plural e democrática, em que todos os grupos tenham vocês. Para pensar sobre isso, relaciono duas identidades históricas que reconheço e me faço reconhecer, a de mulher e a de negra.
    Se me chamassem para um grupo em que só entrariam pessoas negras, sendo pessoas branca impedidas de entrar, eu ficaria profundamente chocada, pois essa pratica é racista. Grupos em que se discuta o problemas dos afrodescentes devem ser plurais, abertos ao encontro, a mudança e ao dialogo.
    Racismo como o machismo são discursos e por isso não estão ligados a biologia de ninguém. Assim como pode existir negros racistas, podem existir homens feministas, com o poder de contribuir para a construção de novas relações de gênero.
    A mudança não se faz excluindo, vencendo, isolando e hierarquizando, mas por acolhendo, juntando ideias, convencendo e agregando.

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    1. Mas a defesa de que haja alguns espaços exclusivos não é com base na biologia, é com base na cultura de discriminação. Enquanto houver discriminação contra negros e mulheres, espaços exclusivos são necessários como forma de auto-organizar os movimentos etc.

      Exemplo: a questão de empresários e empregados torna fácil perceber a questão. Os empresários tem poder de oprimir os empregados, então se ambos estiverem discutindo suas questões sempre num ambiente misto, os empregados sofrerão tentativas de silenciamento, se sentiram intimidados a falar sobre certos aspectos de sua opressão etc. Os espaços exclusivos para os empregados buscará auto-organizar a militância deles para que os debates nos grupos mistos ocorram de forma igualitária, vai buscar empoderar os empregados para que eles não se calem diante da opressão e afins.

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  9. Acho muito bom que hajam espaços exclusivos. Acho ruim quando tornam a relação assimétrica generalizando todos os homens como opressores ou negando-lhes direitos iguais alegando que eles já os tem naturalmente na tal cultura do patriarcado. Acho bom os espaços exclusivamente femininos. E Também os masculinos. Se há clube da Luluzinha, que haja o clube do bolinha. Se menino não entra lá, menina não entra cá? Se um espaço exclusivamente negro é muito justo, haverá justiça num espaço exclusivamente branco? Interessante é a luta das feministas americanas e europeias para que os chamados clubes de cavalheiros aceitem a presença feminina e se tornem espaços verdadeiramente coletivos. Dos Negros para que nunca mais haja separação nos bancos de ônibus e espaços públicos. De todos pela permissão de casamentos interaciais, que já foram proibidos no passado. Essa sempre foi a verdadeira luta. Haver convivência respeitosa em todos os espaços. E não separar um espaço para ser exclusivo do dono da bola.

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    1. Falsa simetria. Por que um grupo que é opressor precisaria de um espaço exclusivo sendo que todos os espaços sociais são considerados deles? Como se pode comparar a situação do opressor x oprimido, sendo que a mulher, x negrx, a lésbica são todxs considerados invasores do espaço público quando eles o adentram? Como se pode comparar ambos os casos sendo que em grupos mistos é muito comum ver tentativas de silenciamento por parte dos pertencentes ao grupo opressor contra as pessoas do grupo oprimido?

      E mais: onde foi dito no texto que somos contra grupos mistos, eventos mistos e afins? Como você pode comparar o pedido de grupos exclusivos como estratégia política com uma espécie de luta contra casamentos interraciais?

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  10. Não gosto dessa palavra: exclusividade... Exclusão me parece ruim em qualquer contexto, soa artificial como uma bolha que não tem muito a ver com a realidade. E, além do mais, não acho que exclusividade de mulheres seja uma garantia de que não exista machismo, afinal existem muitas mulheres machistas, de modo que eu pessoalmente me sentiria muito mais à vontade para me expressar num grupo misto onde homens e mulheres tenham a mesma concepção de equidade do que num meio em que só tenha mulheres, mas não exista uma 'ideologia feminista'. Para falar a verdade, a maioria dos meios comuns da sociedade onde predominam mulheres não me deixam a vontade.

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    1. Fabiana, entenda que nem todas as mulheres tiveram as mesmas vivências que você e encaram as vivências e sofrimentos decorrentes de certos acontecimentos da mesma forma que você, sendo assim, entenda que há mulheres que se sentem mal em qualquer espaço que tenha homens. Por favor, nos respeite.

      E ninguém falou que mulher não pode ser machista no texto e ninguém acha que machismo não atinge mulheres, o ambiente exclusivamente feminino é visto como um espaço seguro para muitas, mas não quer dizer que sempre será. E é uma estratégia feminista para que as mulheres questionem seus machismos e misoginias, afinal um grupo de discussão desses proporciona que as mulheres encarem que todas tem poder de voz, que todas as mulheres merecem ser ouvidas...

      E no caso, o espaço exclusivamente feminino no texto não é dizer "somos a favor de merdas como vagões exclusivos" e sim que somos a favor de coletivos exclusivamente femininos... Entende?

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    2. O texto propõe a construção de espaços políticos exclusivamente femininos como estratégia política de empoderamento e de desconstrução do machismo internalizado. Como a proposta se refere aos espaços políticos, acredito que o grupo seria composto de feministas e não refletiria os grupos exclusivamente femininos que encontramos na realidade.

      A intenção não é apoiar medidas como "Vagão Rosa" ou querer reproduzir aquelas festas em que homens vão para um lado e mulheres vão para o outro como se não tivessem assuntos ou qualquer coisa em comum. A intenção é só defender o uso de espaços políticos exclusivos como mais um meio de obter mudanças sociais.

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