terça-feira, 23 de abril de 2013

O véu, o feminismo e a questão da escolha


Primeiro, falemos de islamofobia. Meu conhecimento é parco sobre o assunto e eu já adianto que ainda não consigo ver muito daquilo que nomeiam dentro de tal escopo como sendo islamofobia de fato. Mas, seria injusto negar que ela existe. Seria injusto, por exemplo, quando pensamos na cobertura absurda que a mídia faz a cada ataque que acontece no império (aka EUA). Pensemos em Boston. Para além do racismo evidente - CNN e zárias outras emissoras amplamente divulgando os suspeitos como sendo "de pele escura", para só depois descobrirmos que os suspeitos são (um era) quase duas brancas de neve - o que salta aos olhos no tratamento que se dá ao caso é uma crassa e latente islamofobia. 





No dia seguinte ao ataque, uma mulher muçulmana foi socada na rua, aqui nos EUA. Simplesmente por ser muçulmana. O soco partiu de um homem que gritou "F**am-se, muçulmanos! Vocês estão envolvidos nas explosões de Boston!". Há ainda que se salientar o fato de que, para a mídia, "terrorismo"é só aquilo que parte de muçulmanos. Esse esforço em rotular todo crime cometido em nome da religião de Maomé como "terrorismo", ao passo que se rotula crimes cometidos por fundamentalistas cristãos como "doença mental", é sintomático de como a islamofobia vem agindo no imaginário ocidental. Já ouvi inclusive a frase "nem todo muçulmano é terrorista, mas todo terrorista é muçulmano" e demorei um tanto a perceber quão grosseiramente ela enseja um juízo de valor tendencioso: a religião muçulmana traria em si o gérmen da violência. Como se todas as outras religiões que existem no mundo estivessem a tocar harpa, bebendo vinho e sorrindo, dançando abraçadinhas, em plena comunhão. 

"Então agora podemos esperar uma busca massiva pelos reguladores, gerentes e CEOs responsáveis  pela (ainda maior) matança no Texas? "Oh, isso não é terrorismo, é só capitalismo"

Segundo, falemos brevemente do Femen. É a primeira vez que me manifesto abertamente acerca do assunto, e não tenho muito a dizer. Antes de mais nada, quero deixar claro que acho lamentável o slutshaming que tem sido direcionado à Sara Winter há tempos. É péssimo abrir páginas de discussão e ver as pessoas esculhambando a Sara unicamente por sua atitude de mostrar os seios. É insuportável ver o falso moralismo que permeia tais comentários. Entretanto, eu não posso me esquivar de reconhecer que o Femen vai totalmente de encontro a tudo aquilo que creio justo e genuinamente feminista. Esse "neo-feminismo", essa mcdonaldização de uma luta social que se transforma em mero produto que tem a mídia como aliada, pra mim não faz sentido. Trata-se de uma instituição que flerta aberta e diretamente com uma direita ultra-reacionária. As evidências são muitas e não há mais como negar que o Femen se pauta por uma agenda fundamentalista. E eu, que já sou bem avessa a instituições, não poderia deixar de fazer coro com todas aquelas que dizem em alto e bom tom: o Femen não me representa!  



Tratarei agora de um terceiro ponto, que é o que me motiva a mal traçar essas linhas: feminismo e islamofobia. Na verdade eu não vou me ater muito ao Femen, mas achei válido mencioná-lo, pois foi o que motivou toda uma discussão que vem acontecendo em torno do tema, ultimamente (ou nem tão ultimamente assim, mas timing nunca foi o meu forte). Foi grande a mobilização em torno do muslimah pride e eu achei muito bonito ver mulheres muçulmanas impondo sua voz ao mundo, rejeitando o rótulo de eternas vítimas que está incutido no discurso feminista ocidental. Sabemos que o feminismo é um movimento plural, que atende um extenso número de demandas. Entretanto, é notável que, mesmo dentro do feminismo, algumas causas ficam mais visíveis que as outras. Eu acho péssimo que a idéia de um feminismo pequeno-burguês, que trata exclusivamente de interesses de mulheres brancas e de classes privilegiadas, tenha tanto destaque. Enquanto as causas de mulheres negras, mulheres trans e não-ocidentais em geral são relegadas a um plano inferior. Tudo isso denuncia o quanto o feminismo, enquanto movimento, ainda carece de análises que englobem a diversidade de vozes e interesses. A intersecionalidade (ver além da mulher branca de classe média) precisa se firmar no cenário geral do feminismo, e o caso das muçulmanas veio como um lembrete dessa urgência. 



Porém, eu tenho algumas ponderações a fazer acerca da islamofobia presente no feminismo. Acredito que qualquer manifestação minha que se dedique exclusivamente a exaltar a atitude dessas mulheres que vieram a público declarar seu orgulho em usar o véu - e apresentar o uso do mesmo como uma questão puramente de escolha - seria um ato de oblíqua diplomacia, e eu prefiro deixar a rasgação de seda de lado. Porque é justamente essa questão da "escolha"que me deixa em estado de alarme - não apenas com relação ao uso do véu, mas a toda e qualquer construção de gênero, advenha ela de "instrução divina" ou não. 


Uma coisa que eu sempre faço questão de enfatizar em discussões online é: concordo que não devemos olhar para as muçulmanas como umas coitadas que merecem ser "libertas" por nós. Acho que respeitar a próxima envolve reconhecer nela a nossa própria humanidade, e isso requer, além de humildade, entender que a pessoa não é alguém que precisa ser "consertada". O sistema está quebrado, não as pessoas. Entender e respeitar é fundamental. 


Entretanto, eu não consigo ver o "feminismo de escolha" como a grande solução para todos os entraves da humanidade. Uma passada por diversos fóruns online me dá a medida do que vem acontecendo hoje em dia: tudo, absolutamente tudo está sendo aceito e justificado pelo viés da escolha. Outro dia eu questionei a "escolha” em um fórum feminista de língua inglesa e isso foi suficiente para que eu fosse hostilizada. Ao questionar a sagrada escolha, eu estaria sendo tão opressora quanto o patriarcado, disseram. Isso muito me entristece. Questionar a questão da escolha enquanto instrumento do patriarcado deixa muita gente na defensiva, e eu acho que é justamente o que vem acontecendo nesse caso em específico. 



Uma busca no google mostra mulheres muçulmanas protestando junto ao Femen. A Amina é muçulmana. Entretanto, a impressão que fica é que apenas as ucranianas loiras estão protestando contra o islamismo, e isso não é necessariamente verdade. Eu já falei que não sou representada, e acrescento que acho bizarro o fato de que elas elenquem apenas mulheres magras e dentro dos padrões de beleza para seus protestos. Mas, eu não posso deixar de achar estranho o fato de que uma grande mobilização tem sido erguida para protestar contra as "feministas etnocêntricas", à revelia do fato de que há sim muçulmanas protestando contra os dogmas islâmicos. Amina, Dana Bakdounis, Ayaan Hirsi, Mona Eltahawy são alguns nomes que eu consigo me lembrar agora, de mulheres muçulmanas que se opõem aos símbolos da religião. 




Desde que passei a me considerar feminista, eu tenho manifestado interesse em entender os símbolos que o patriarcado utiliza para se perpetuar. Sendo assim, eu entendo a indústria da beleza como um símbolo. Esse enfoque obsessivo na aparência das mulheres é um poderoso mecanismo de controle, como bem atesta Naomi Wolf. Também não consigo ver algumas tradições, como a adoção do nome do marido, por exemplo, como algo neutro e inofensivo, como um não-símbolo do patriarcado. Não importa o malabarismo intelectual que possamos fazer para tentar justificar nossas escolhas mainstream - nome do marido, maquiagem diária, depilação por "higiene", roupas austeras ou biquíni - a partir do momento em que nos adequamos a certos moldes, estamos dizendo sim ao patriarcado. E não, eu não estou isenta disso. Saber-se oprimida não implica em transcendência automática de tal condição. 


Entretanto, o questionar é fundamental para toda e qualquer mudança. É bem verdade que nada ocorre do dia para a noite. Porém, essa lógica de que é tudo "escolha"e não compensa esquentar a cabeça com algo que repousa exclusivamente no âmbito das decisões individuais é, pra dizer o mínimo, perversa. Enquanto não entendermos de uma vez por todas que nossas escolhas são permeadas por toda uma questão de aceitação social, sendo que algumas escolhas são deliberadamente mais celebradas que outras, nada muda. E ficaremos dando murro em ponta de faca, insistindo em isentar as escolhas de seu caráter excludente e, por que não, opressor.




Dessa forma, eu acredito que é sim imperativo que o feminismo pare de olhar para o próprio umbigo e dê voz a todas as mulheres. Eu acho ótimo que as muçulmanas tenham se erguido para falar por si próprias. Acho ótimo quando qualquer mulher fale por si própria, por mais que eu discorde daquilo que esteja sendo dito. E é basicamente este o caso aqui: discordo dessa celebração quase cega da escolha. Em se tratando de patriarcado, nós precisamos sim discutir a burca. Assim como precisamos discutir símbolos cristãos, hindus e de toda e qualquer religião que tacitamente dirigem o nosso viver. Que instituição nenhuma se sobreponha à autonomia de uma mulher: eis a minha bandeira. Nunca questionarei a fé de ninguém. Mas os dogmas, esses precisam discutidos. 

"Obrigado por citar o seu exemplo pessoal para enfatizar que você usa o hijab por escolha própria, ignorando o fato de que a esmagadora maioria das mulheres muçulmanas são coagidas a fazê-lo" - Kunwar Khuldune Shahid

15 comentários:

  1. O feminismo está se fragmentando dentro de si próprio. Não há união entre as próprias feministas, nos procedimentos de ação adotados e nem mesmo nos seus objetivos. Eu só quero ver o que essas minhas amigas feministas farão quando virem que toda essa militância não tenha dado em nada. Chega ser bonito assim, no papel. Mas não se pode negar que partindo da teoria feminista, a maioria das mulheres, me refiro a nós brasileiras, admitiriam com um sorriso no rosto que são machistas. Mas que dentro dos seus próprios conceitos se sentem normais, se sentem felizes e que o feminismo não lhes representa.

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    1. Como é fácil repetir um clichê e tomá-lo como verdade absoluta, né Anônima? Deixa eu lhe contar uma coisa? O feminismo nunca foi um movimento homogêneo. Aliás, não há movimento social ou instituição humana que podemos rotular "homogênea", salvo aquelas instâncias em que a tal homogeneidade se dá às custas do silenciamento das pessoas. O que não é o caso, obviamente, do feminismo. A luta é plural.

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    2. Como falar em homogeneidade quando mulheres compõem a metade da população e podem ser diferentes entre si em diversos quesitos como a religião, a etnia, a situação econômica, a sexualidade e etc?

      O feminismo é uma questão de questionamento diário justamente por causa desses fatores, afinal, é muito difícil conciliar tudo isso, fazer todo mundo perceber que há várias opressões que interagem entre si.

      No mais: eu acredito que exista islamofobia, infelizmente ainda temos a tendência de achar que precisamos salvar as mulheres muçulmanas a todo custo, mas acredito que há pessoas que confundem questionar a escolha de seguir alguns dogmas religiosos com proibição de seguir tais dogmas.

      Questionar a escolha não é algo restrito aos dogmas religiosos, mas atinge quase tudo e não há nada de errado em apontar que trocar o seu sobrenome para o do marido é uma prática embasada no patriarcado.

      Mari

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  2. Nossa, que texto lindo *.*

    Dizer que se trata somente de escolha, é legitimar SlutShamming por ser, também, por sua vez, uma escolha das agressoras. Dizer que se trata somente de escolhas é legitimar uma gama extensa de comportamentos, atitudes, modos de pensar, modos de sentir que, por sua vez, só são o que são dentro de uma sociedade machista.

    Eu acho difícil dizer que "nós escolhemos, elas são obrigadas". Na verdade, me parece muito mais plausível dizer que nós (militantes, estudantes, qualquer um contra o machismo), aqui, também estamos dentro destas estruturas coercitivas, mas que coagem a outras coisas - que coagem a uma verta liberdade prática, igualdade e etc

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  3. Não existe essa de verdade absoluta, o que existe são pessoas diferentes, culturas, religiões e costumes diferentes. E o que se percebe é uma tentativa de homogenizar a mulher por parte do movimento feminista. É muito bom ver mulheres bem realizadas na vida, independentes em tudo por tudo. Mas também é inegável que a zona de conforto de muitas de nós ainda se dá mediante uma certa submissão ao sistema social, ao marido, ao pai conservador e a um(a) líder de ordem religiosa que porventura tenhamos e que ainda são classificados como retrógrados e inadequados ao grau de desenvolvimento alcançado pelo mundo e seus humanos. Uma ruptura precoce nisso daí representa uma ameaça ao equilíbrio natural e à transformação lenta e espontânea.
    Só para vocês terem uma ideia, recentemente uma amiga minha, no auge dos seus vinte anos, adotou de forma impensada o feminismo como modo de vida, rebelou-se contra os valores aprendidos em sua criação, saiu de casa, e saiu pegando geral, vocês me entendem né: "se homem pode, porque eu não posso?" dizia ela. Não demorou muito, se achou grávida, sem nem saber quem contracenou com ela na fecundação daquele óvulo, já que esse negócio de pai, para o feminismo extremista é só um detalhe. Desempregada, sem dinheiro e sem uma devida formação intelectual, já que interrompeu os estudos em função da gravidez complicada. Moral da história, teve que se humilhar para conseguir voltar para a casa de seus pais, se sentido muito só já que não conseguia mais se aproximar dos amigos de antigamente. As idéias feministas, outrora adotadas, já não faziam mais sentido.
    O feminismo exacerbado não é para quem quer minhas amigas, é para quem tem dinheiro, ou pelo menos formação intelectual. O que passar disso aí só vai comprometer, o que nós mulheres a duras penas conquistamos.

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  4. NAO DÁ PARA NEGAR A HISTÓRIA E O PAPEL OPRESSOR DO PATRIARCADO.As estruturas humans funcionam ainda dessa forma cultural e religiosa. Nao dá para negar o papel do feminismo como açao politica nos movimentos no direito social e humano(as sufragistas do fim do sec 19 e inicio do seculo passado colocaram suas vidas em risco em nome da igualdade social ,politica, civil.As feministas da década de 60 explodiram as consciencias.Nao era só queimar sutiãs!Os símbolos opressores como alvo daquilo que nas estruturas da cultura funcionam para manter o poder de G~enero.Portanto,a historia se faz e escreve com luta e consciencia.as Islamicas estao elevando a voz e mostrando a opressao que ha.A liberdade de se sentir oprimida como garantias de segurança faz parte tambem dessa cultura.Minha avó dizia:quem dá o pão dá o castigo! As mulheres ocidentais estao se livrando de milenios de opressao.Cada povo viverá o seu.Mas.unir as historias e buscar informaçoes de como a voz masculina ordenou,sufcou,estagnou as liberdades de expressao,de vida,escolhas de milhoes de mulheres,é fato!Hoje nao aceitamos passivamente ,de forma universal,as formas de discriminaçao as mulheres no mundo como algo separado do humano.A ONU vem observando isto e criando mecanismo de inibir tais coisas.Estruturas culturais sao invençoes do mais forte sobre o mais fraco,entao elas podem e devem ser mudadas! Já nao é mais questao de apenas aceitar atos degradantes a outro humano por ser questaode cultura.O que importa é que tal humilhaçao nos humilha a todos que se dizem humanizados. Os direitos universal humano é a proposta para a grande familia humana que mesmo nas diferenças ha um ponto comum:justiça e respeito humano.O caminho ainda é arduo,mas..avançamos.ABRAÇO.excelente post!

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  5. Muito bem colocado, Flávia. Todas as escolhas sofrem condicionalidade do ambiente em que vivemos. Não acredito que uma mulher realmente se sinta satisfeita com tantos padrões para se encaixar, o que as muçulmanas tem tanto quanto nós, ocidentais. São padrões diferentes, mas são padrões, são imposições sociais. Ok, eu uso salto porque eu gosto, eu me depilo porque eu gosto, mas a primeira vez que eu usei salto meus pés ficaram em carne viva, a primeira vez que me depilei quase desmaiei de dor. Duvido que se eu tivesse escolhido isso antes de fazer teriam sido experiencias traumáticas (parece superficial mas estou dando um exemplo apenas). Da mesma forma duvido que uma menina árabe não se sinta oprimida por usar um véu só porque menstruou, porque essa opção não existia antes? Porque em sua grande maioria é IMPOSIÇÃO. E por isso que a luta tá aí, pra respeitar a LIBERDADE ANTES DA ESCOLHA. É muito fácil respeitar escolhas que se encaixem num padrão aceitável, que não vão contra imposições sociais, e defender elas...

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  6. Bom, eu sempre olhei torto para essa nova onda de "feminismo significa respeitar as escolhas". Atualmente, isso tem me causado um incômodo gigantesco porque está sendo repetido como um mantra. Isso me parece, simplesmente, comodismo. Nenhuma flexibilização mental me convenceria do contrário.

    Veja bem, nessa questão das mulheres adotarem o nome do marido. Vejo feministas insistindo nesse lance de "tem que respeitar", "nem todas as mulheres adotam o nome do marido por causa do patriarcado", "tem outras questões envolvidas", etc. Tá. Sim, pode existir inúmeras questões envolvidas; concordo. Mas cabe um questionamento aí, não? Porque eu acho que não pegar o nome do marido é algo que a maioria das mulher nem cogita. E por quê? Porque a esmagadora maioria das mulheres não conhece um único exemplo de uma mulher que não tenha adotado o sobrenome do marido. Eu mesma achava, não faz muito tempo, que adotar o nome do marido era uma obrigação legal. Falar sobre escolhas nesse contexto é meio inútil, ao meu ver. Porque existe a opção legal, mas a tão aclamada "escolha" nem chega a ser cogitada.

    Isso se estende para inúmeros assuntos. Esses dias, em um tumblr feminista, vi uma imagem com os dizeres, em inglês, "feminismo pra mim significa escolha. Eu posso escolher ou não depilar minhas pernas etc. etc. etc.". Bom, é claro que as mulheres podem escolher. Mas, né, alguém já pensou no que a simples escolha de não depilar as pernas acarreta para uma mulher? E essas possíveis reprovações sociais não influenciariam na escolha das mulheres? A maioria das mulheres ocidentais depilam a perna simplesmente... por um escolha livre e pessoal de milhões delas?

    Questões, questões...

    Quando eu 'descobri' verdadeiramente o feminismo, após ler 'Um teto todo seu', da Virginia Woolf, estava tão animada. Tinha vontade de discutir por horas com feministas de todo o país, problematizar tudo, analisar tudo em cada detalhe. Depois, isso foi esfriando e eu fui entristecendo, porque simplesmente declarar "é questão de escolha" não é o suficiente pra mim. É clichê dizer isso, mas, não foi como eu achei que seria.

    Apesar de me considerar feminista e não duvidar nem por um segundo de que o feminismo é necessário, me sinto desanimada de participar, com frequência, de blogs e grupos sobre isso.

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  7. Oi, sei que não está dentro do contexto. Mas vcs tem algum texto sobre o mito (na minha opinião) de que "mulheres se atraem pelo que ouvem, e homens pelo que vêem"? Encontei o blog a pouco tempo estou gostando muah =*

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    1. Olá Anônimx, nós não temos nada específico sobre isso, mas eu confesso que estou tentada a pesquisar um pouco e escrever a respeito. Se o tempo permitir, creio que em breve postaremos. Beijas!

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  8. Acho q se poderia falar em escolha se as mulheres que escolhem não usar o véu fossem respeitadas igualmente como as que escolhem usar.
    A frase final ali resumiu tudo o que eu penso. Essa imposição eu acho q é por que no mundo islamico ser mulher é uma coisa tão pecaminosa q eles exigem q elas se escondam, que não tenham face. Isso é mais no caso da burca, claro q uma mulher pensa: gosto de mostrar que sou muçulmana e vou usar meu lenço para as pessoas me identificarem. Mas acho q não é tão simpes por que é bem oq vc escreveu, algumas escolhas são aplaudidas outras não e escolher obedecer (por medo, para ser aceita, qlq coisa) é sempre aplaudido.

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    1. Não devemos culpar a mulher que escolhe usar o véu, se depilar, ou qualquer outra coisa que o patriarcado pressiona. Mas não culpar não quer dizer que não devemos questionar a base dessas escolhas, né? :)

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  9. Excelente questionamento. Eu fico com a cara daquele gato mau humorado que virou meme quando vejo alguém falando que a escolha de uma neo-Amélia tem que ser respeitada. Minha definição de neo-Amélia não é aquela mulher que foi criada na mais absoluta escrotidão, com cabresto 24h e com o irmão dez anos mais novo ajudando a vigiá-la pra ela não sair da linha; há n casos em que a lavagem cerebral sobre o papel que lhes cabe é tão eficaz que a única opção é ser Amélia, a não ser que se tratem de mulheres extraordinárias.

    Neo-Amélia é aquela que teve uma criação astronomicamente menos imbecilizante, com perspectivas de autonomia e independência (em todos os sentidos), e resolve abrir mão disso para arrumar um coronelzinho provedor para casar. OK, a vida é dela, e todo mundo tem o sagrado direito de fazer da própria vida a cretinice que quiser, mas RESPEITO é querer demais. Eu tolero, porque isso é tudo o que tenho obrigação de fazer. Ou seja: na minha opinião a sua escolha é completamente imbecil, mas é a sua escolha e eu não posso e não vou fazer nada sobre isso.

    Digitei no Google o nome dessa pessoa da frase final aí e achei o texto completo. Deu vontade de aplaudir de pé.

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  10. Olha... desculpe-me... mas esse negócio de dizer que mulher muçulmana sabe o que está fazendo e que nem sempre ela é oprimida pelo islã é papo furado. A ideologia da dominação é tão forte nelas que as coitadas pensam que elas mesmas a querem. E ainda se sentem bem com isso. kkk

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  11. As meninas ja aprendem cedo o uso do veu, e por temor os usam, mas no fundo querem liberdade, ainda mais com a internet por ai mostrando 2014.

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