O evento de facebook "Mulheres Notáveis" tem objetivo de homenagear as mulheres que foram invisibilizadas pelo dominação masculina, divulgar seus trabalhos e suas vidas e assim, contestar os papéis pré-definidos culturalmente e historicamente do que é ser mulher.
A maneira escolhida para homenagem é a troca do avatar do perfil para a foto de alguma mulher notável. Para quem não gosta de trocar de foto de avatar, também há outras sugestões de como participar, por exemplo, quem utiliza o facebook novo, pode trocar a foto de capa e também há a possibilidade de apenas postar a foto da homenageada no mural do evento. A troca de fotos começou no dia 08/02 e vai acabar no Dia Internacional da Mulher (08/03).
O evento até agora (23/02) tem quase 800 participantes. Devido o sucesso e a ativa participação dos interessados, foi dada a idéia de montar um blog para aproveitar o material que está sendo divulgado no evento.
Confira a postagem introdutória do blog: Mulheres Notáveis, escrita por mim.
A presença feminina na história é escassa, mas não exatamente por ausência de mulheres importantes, mas sim por causa da invisibilidade do sexo feminino num mundo onde a dominação é masculina. A presença das mulheres na ciência, nas artes, na filosofia e na participação política é ainda muito desvalorizada e pouco reconhecida.
A ciência, a filosofia, as artes, os esportes e a política são territórios e assuntos considerados masculinos devido aos papéis de gênero e seus destinos. O gênero masculino tem o papel de tratar dos assuntos públicos, enquanto o feminino tem o papel de tratar dos assuntos privados. A diferenciação entre o público e o privado parte da histórica divisão dos papéis sociais que posicionam as mulheres como cuidadoras da casa e dos filhos e os homens como os responsáveis por assuntos externos, como a carreira, o dinheiro e a política. Insistir na diferenciação dos gêneros em público e privado também nutre uma idéia de que é simples separar as duas esferas, que o pessoal pode ser separado do político e que ambos funcionam baseando em princípios diferentes, porém é possível visualizar que eles funcionam baseando na mesma lógica, tanto que a divisão sexual do trabalho acontece tanto no âmbito privado, quanto no público. Além disso, a divisão dos papéis sociais baseia-se na divisão dos papéis de gênero, o gênero feminino é visto como o cuidador, devida a possibilidade das mulheres de engravidarem e amamentarem e por isso é ligado ao âmbito privado, onde as relações domésticas acontecem.
As características valorizadas na sociedade patriarcal são as definidas como masculinas pelos papéis de gênero, como ser corajoso, leal, ativo e racional. Mesmo atualmente, numa época onde a maioria das mulheres também trabalha fora, ou seja, se arrisca na esfera pública, o feminino ainda é considerado subalterno dentro da política, das empresas, das ciências, dos esportes e da filosofia, porque a idéia de inferioridade feminina persiste, a divisão sexual do trabalho persiste e a esfera pública ainda é considerada império masculino. O feminino, ainda hoje, fica sempre em segundo plano por ser considerado frágil, passivo, maternal e até mesmo irracional.
Os papéis femininos pré-definidos culturalmente de mãe (reprodutora/cuidadora) e também objeto sexual aprisionam as mulheres nessas duas categorias e também na eterna dicotomia de santas e putas. O não reconhecimento dos trabalhos femininos e a pouca valorização das mulheres que vão além desses papéis alimenta a dominação masculina, visto que a suposta inferioridade feminina se manifesta na definição desses papéis. A invisibilidade das mulheres notáveis que tanto fizeram e fazem contribui para manutenção dos papéis de gênero culturalmente definidos.
O evento “Mulheres Notáveis” visa homenagear as mulheres notáveis da história, que tem os seus nomes muitas vezes apagados nas apostilas escolares e nos livros de história, filosofia e também de ciências. E contestar os papéis pré-definidos culturalmente pelo patriarcado do que é ser mulher, mostrar que as mulheres não são enfeite, ou apenas corpos femininos e mães. Enfim, mostrar que ser mulher é muito mais do que os papéis de gênero definem. Mulheres são plurais. E também demonstrar que a não divulgação das muitas mulheres cientistas, políticas, ativistas, militantes, artistas e atletas contribui para a idéia de que a dominação masculina é natural e certa.
O blog propõe ser um acervo das mulheres que estão sendo homenageadas no evento e de outras mulheres notáveis. Além das mulheres notáveis, também postaremos personagens e mitos que chamaram atenção pela ousadia, coragem e significados. Haverá diversas colaboradorxs e pelo menos semanalmente haverá uma ou mais postagens.
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