sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Bancada fundamentalista planeja um Brasil teocrático

"Indiretas Feministas"

Já faz um tempo que a bancada fundamentalista, suas ações e investidas políticas para aumentar seu número me preocupa. Minha preocupação intensificou quando o Pastor Marco Feliciano assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal. Afinal, a comissão que deveria garantir os direitos de grupos vulneráveis como homossexuais e pessoas transexuais passou a ser liderada por uma figura que luta contra os direitos humanos dessas pessoas e fiquei ainda mais tensa quando houve uns boatos de que ele pretendia se candidatar à presidência. Mas nesse momento, o medo das eleições de 2014 acabou de atingir níveis alarmantes: Uma propaganda do PSC, de quase dez minutos, acabou de passar num dos horários mais assistidos na emissora Globo. Em toda a propaganda se vê aquele papinho de valorização da família, aquele papo que dá pra ver claramente que fazem uso dos ideais de uma certa religião para basear toda a ideologia do partido e que isso serve de desculpa para atentar contra os direitos humanos.

Indiretas Feministas
Dá para perceber claramente que a intenção do partido é aumentar seu número na Câmara Federal, nas assembleias estaduais e no poder executivo. E a gente sabe muito bem que a motivação para que esse número aumente é porque com mais gente há mais chance de barrar qualquer projeto de lei, política pública ou qualquer coisa do tipo que vise a garantia de direitos para grupos vulneráveis. A propaganda do partido ser tão longa, tão bem produzida e o fato de que já começou a ser divulgada como quem não quer nada deixa claro que o poder/dinheiro que eles tem disponíveis é enorme e eles usarão todos os recursos possíveis.

Só o fato de existir um partido que afirma que seus ideias se sustentam nos dogmas de uma religião num Estado Democrático de Direito e ele ter tanto poder/dinheiro para conseguir quase 10 minutos de propaganda política antes do Jornal Nacional já dá para a gente questionar bastante questões como a laicidade do Estado e a própria democracia. Principalmente quando esse partido luta justamente contra qualquer mudança que inclua garantir direitos e proteção de discriminações à comunidade lgbt*, luta contra os direitos reprodutivos e sexuais das mulheres cis e demais pessoas que tem útero e que faz uso de um discurso religioso para ganhar poder e justificar discriminações.

Indiretas Feministas
 O discurso do Feliciano não é único. Ele está no PSC, está em outros políticos, está na sociedade num todo. E a gente tem que combatê-lo, porque eu realmente não quero viver num país que é completamente dominado por pessoas machistas, misóginas, racistas, que discriminam quem tem a orientação sexual diferente da hétero, que discrimina e impede que pessoas trans tenham o mínimo de dignidade e há muita gente usando muitos recursos financeiros e de poder para garantir que o fundamentalismo seja uma voz quase única em todas as esferas de poder. Eu não quero viver numa teocracia.

Esse status foi postado originalmente no meu perfil do facebook, mas como houve pedidos para que o texto fosse postado aqui também, postei.

"Afinal, quem o Marco Feliciano representa?" - texto do Ativismo de Sofá

7 comentários:

  1. O texto é muito bom e concordo com suas colocações, mas eu percebi uma clara critica a religião evangélica, eu entendo que existe uma parcel desta preconceituosa, como esse fascista Marco Feliciano, mas esse problema não é um todo porque eu por exemplo sou da igreja Metodista e sou super contra essa interferência da religião na politica, e além do mas se colocarmos em pauta essa interferência o catolicismo é uma religião que apresenta um grande peso na politica, um exemplo disso são os crucifixos em predios publicos

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    1. Usei o termo "bancada fundamentalista" justamente para abranger qualquer interferência da religião na política, que no caso acontece no Brasil pelas religiões cristãs.

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    2. muito obrigado por responder, e me desculpe qualquer mal entendido, muito bom seu blog

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  2. Adorei o seu blog. Eu também sentiria medo naqueles 30' . Voltarei para visitá-la. Um grande abraço.

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  3. O poder que a bancada religiosa tem sempre me assustou. Não me sinto protegido, me sinto acuado, ameaçado. Não teria sabido dessa propaganda na tv sem ler esse post, obrigado. Só mais um sinal de que tudo que tememos fica mais forte, um monstro silencioso, esse fundamentalismo. Ótimo post, amo o blog!

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  4. Era só o que faltava, com tantos problemas como a corrupção, injustiça social, criminalidade, violência doméstica e estupro de vulneráveis, ainda teremos a Bíblia como "presidenta" do Brasil?
    Eu já imaginava esse fato e digo mais, a massa evangélica brasileira já está ultrapassando a massa católica e até 2020 já serão mais de 50%, aí será irreversível, será tarde demais, perderemos a nossa liberdade, tudo em nome de um "Deus" que nem sequer os próprios pastores acreditam!

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  5. Adorei o texto e acho interessante indicar um outro texto para complementar, li no blog da Marcha Mundial das Mulheres um texto chamado "Passos para a despatriarcalização do estado II: A reforma política e a luta pelo Estado Laico" que achei bem completo e nele há uma parte da Constituição Mexicana que mostra que lá líderes religiosos não podem se candidatar, a não ser que se afastem dessa atividade durante um certo período e que lá os cultos religiosos não podem ser utilizados como apoio para os candidatos. E acho que é isso que falta no Brasil pra laicidade ser preservada: Todos os deputados, como todo o povo, tem a possibilidade de escolher livremente sua religião, mas os deputados não podem utilizar sua posição como líder religioso para conseguir votos.

    O texto é esse aqui: http://marchamulheres.wordpress.com/2014/02/10/passos-para-a-despatriarcalizacao-do-estado-ii-a-reforma-politica-e-a-luta-pelo-estado-laico/

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