sexta-feira, 25 de abril de 2014

Moça, a culpa não é sua.

*Trigger warning. Texto de conteúdo potencialmente incômodo.



Moça, hoje eu escrevo para você. Sei que muitas vezes você ouviu que a culpa foi sua, que você poderia ter evitado, mas esse texto quer passar uma mensagem muito diferente dessa que todas nós estamos cansadas de ouvir (ou ler). Sei que talvez você ouviu culpabilizações de alguém bem próximo em que você confia/confiava e que você contou o que aconteceu esperando uma palavra de apoio e um abraço e quando esse apoio não veio, você sentiu o peso dessa culpabilização recair em você e acreditou que foi culpa sua. Sei que talvez você não tenha acreditado por completo, mas ainda assim, se sente culpada.

Moça, acredite em mim, acredite em nós, você não tem culpa alguma. Ao contrário do que te disseram, seu short curto, sua calça justa, o fato de você ter bebido, o caminho que você percorreu, nada disso faz com que a culpa seja sua. A culpa é do agressor. A culpa é do estuprador. 

Moça, o corpo é seu e seus sentimentos, suas vontades e suas escolhas importam. A culpa é de quem ignora seu não e passa em cima do seu consentimento. Moça, lembre-se, a culpa não foi sua.

Moça, eu não me esqueci de você que sofreu violência do seu parceiro e esteve em um relacionamento abusivo e ouviu que a violência que você sofria foi causada por você. Você não tem culpa, moça. E eu sei que talvez você pode ter ouvido isso de policiais, mas o fato deles serem policiais não transforma o que eles disseram em verdade.

Moça, não tem nada de errado em tirar fotos nuas e filmar momentos íntimos. O que é errado e criminoso é divulgar essas fotos e o vídeo sem o seu consentimento. A culpa não é sua. Sei que estão te ofendendo e te culpando, mas a culpa é de quem violou seu direito à intimidade. 

Moça, talvez você tenha ouvido ou lido que o seu sofrimento é um exagero e eu sinto muito por isso, mas além de culpar a vítima, o machismo e a misoginia também faz questão de desmerecer a voz das mulheres que sofreram violência ou estão sofrendo para silenciá-las. E a forma que eles tem de desmerecer é banalizar diversas agressões e duvidar dos relatos de violência.

Moça, a culpa não foi sua, quando você foi encoxada no metrô. Você tem direito à cidade, você tem direito a utilizar o transporte coletivo sem sofrer violência sexual. A roupa que você usava no momento não importa, você não teve culpa disso ter acontecido.

Moça, a culpa não é sua. E nós estamos aqui para te lembrar disso quantas vezes você precisar. Estamos aqui para ouvir você, estender a mão para você e oferecer nossa solidariedade para que você se empodere.

23 comentários:

  1. Observação: o texto foi escrito direcionado às mulheres (cis e trans) porque estatisticamente são as mulheres as principais vítimas de estupro e violência doméstica. Achei que utilizar a linguagem neutra seria uma forma de abranger todos, porém não ia evidenciar que essas violências e as culpabilizações são uma questão de gênero. Assim, optei em direcionar especialmente às mulheres para deixar claro que tais violências são ocasionadas pela visão que a sociedade tem das mulheres.

    ResponderExcluir
  2. Obrigada por esse texto.

    ResponderExcluir
  3. Estamos juntas ! o/ Todo apoio a essas mulheres!

    ResponderExcluir
  4. Todo apoio a essas mulheres! Estamos juntas!

    ResponderExcluir
  5. Que bobagem. É evidente que o estupro não é culpa da vítima, tanto quanto não é culpa do transeunte o assalto. Mas o transeunte que anda em uma cidade sabidamente lotada de saqueadores perversos, que estão para matar ou morrer, passeando com um grosso cordão de ouro tem o seu risco multiplicado. Da mesma maneira a estuprada, que sofre violência consideravelmente maior, tem melhor segurança se andar com recato. O estuprador não liga para direito feminino ou masculino, não está nem ai para discussões de gênero. Se for machismo pensar assim comporte-se cada um como é de direito, inclusive o rico possuidor do cordão de ouro, pois direito de ostentar ele também tem.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Anônimo, eu sequer ia aceitar esse seu comentário, visto que esse texto é direcionado para acolher as vítimas de violência sexual e o teor do seu comentário é culpabilizador, mas aceitei justamente porque a sua mensagem é um exemplo de ideia que deve ser combatida.

      Falar "moça, a culpa não é sua" não é bobagem, porque a gente vive numa sociedade que culpa as mulheres pela violência que sofrem. Essa frase ser repetida exaustivamente pelo movimento feminista é uma tentativa de apoiar as mulheres que foram humilhadas na delegacia, que ouviram absurdos de seus próprios familiares, que se culpam pelo que aconteceu. E isso é importante para empoderar as mulheres para que elas denunciem, sigam sua vida e SOBREVIVAM.

      Você afirma que a culpa do estupro não é da vítima, mas seu discurso não diz isso. Você compara a vítima de um estupro com a vítima de um assalto, sendo que são crimes completamente diferentes, visto que um é um crime contra a propriedade e o outro é um crime sexual que comumente vitima mulheres. Só essa comparação de mulher com propriedade já me parece problemática, afinal, mulheres são pessoas e não objetos. =^.^=

      Mas, ó, o principal problema do seu discurso pra mim é o "andar com recato". Primeiro, a maioria dos estupros não acontecem nas ruas. Acontecem entre "amigos", conhecidos, familiares, maridos, namorados, companheiros, vizinhos. Logo, a roupa que a vítima usava, sendo recatada ou não, não impede ou reduz o número de estupros. Estupro é uma questão de poder, não tem nada a ver com roupa curta. E ainda, o que é recato? O que é vulgaridade? Você não concorda que cada pessoa tem uma ideia completamente diferente dessas definições? E que no geral, elas se pautam num moralismo?

      Andar com recato não modifica nada em nenhum lugar do mundo (tem até um texto aqui no blog sobre isso), tanto é que estupros ocorrem em países que as mulheres usam burkas, em países frios em que na maior parte do tempo as mulheres usam sobretudos e em países de clima quente em que mulheres usam biquínis, shorts, vestidos.

      E aqui, nem parece que você leu o texto, porque ele não se restringe em acolher apenas mulheres vítimas de violência sexual, mas também mulheres que sofreram violência doméstica. Mulheres que quando vão denunciar são obrigadas a ouvir que "gostam de apanhar", "que mereceram apanhar", "que devem ter feito algo pra merecer a surra" e até "você deveria ter imaginado que ele seria um agressor". E, olha, muitas mulheres sofrem violência doméstica com a "justificativa" de não serem recatadas o suficiente para o marido ciumento, sabe? E sabe o que esse "recato" para alguns homens significa? Se você saiu para trabalhar, você já não é recatada o suficiente. Olha só, como sua frase, pode ser perigosa.

      E mais: crianças muitas vezes são vítimas de violência sexual e sua frase me faz pensar que para você isso seria evitável se crianças agissem de forma menos vulgar... É, acho essa sua ideia bem complicada, né? Não é bem a roupa da criança que provoca estupros, né? Idosas também são estupradas e a maioria delas se veste com "muito recato".

      Excluir
    2. Sofri uma tentativa de estupro usando moletom e calça jeans, num dia frio para caramba, acho que a única parte descoberta do meu corpo era o rosto, porque até touca de lã eu estava usando, será que eu estava recatada o suficiente para o anônimo?

      Excluir
  6. Prezada Thaís, obrigado por publicar meu ponto de vista.

    Citei o recato, pois você menciona roupas curtas e justas em seu texto. Pelas regras mais ordinárias da vida, em meu entender, as mulheres como os homens poderiam andar nus, pois o direito a incolumidade física e moral, o respeito à alma do próximo é anterior as suas preferências de moda. A moça acima mencionou sua vestimenta, mesmo assim quase foi vítima. Que bom que escapou do pior, mas sei que sua dor emocional persiste até hoje. Mas é inocência supor que a pessoa que sabendo do perigo se veste de maneira insinuante por saber que tem direito a vestir-se como quer. Direito tem sim, e também direito de não ser julgada por isso. Ora mas o que vale ter direito para quem não respeita direitos? Tenho absoluta certeza que dependendo de sua psicopatia o marginal preferirá a vitima menos vestida por vários motivos que vão desde a praticidade em remover (ou afastar) a peça para um assalto mais efetivo, até o seu próprio álibi em mentir a si mesmo que a vítima queria ser estuprada, ou um possível sistema de compensação psicológica onde o tarado, sabendo que vai fazer mal a alguém faça aquela que ele julgue mais disponível.

    Quanto a comparar o crime de honra com o crime de propriedade, por que não? Não comparei as mulheres com objetos, você é que chegou a essa conlusão. Você cita elementos de ordem subjetiva, mas tratei apenas em termos objetivos. É claro que a hediondez do crime de estupro não se compara ao furto, mas isso é uma valoração subjetiva. Ontem mesmo flagramos um assalto. A vítima teve o celular roubado porque o exibia em lugar ermo, sabendo que era ermo o lugar e que não se deve exibir o artigo. Estaria com o seu bem se tivesse se precavido. Discutindo com minha família a respeito, minha filha disse que a vítima tem o direito de usar o celular até na cabeça, e ela mesma concluiu que apesar disso é inteligente não exercer esse direito, pois marginais não respeitam direitos.

    Você diz que estupro é questão de poder, mas te digo que o poder de estuprar é questão de poder. O estupro em si é questão de psicopatia. Psicopatia que sofrem homens e mulheres, estas porém sem poder de estuprar. Quem disse que mulheres não fazem isso também a homens e outras mulheres? Basta você pesquisar para ver que isso acontece.

    Quanto ao esculacho que sofre a vítima do estupro, bem, quanto a isso você tem toda a razão. Infelizmente até quando tem razão parece querer transformar a dor da vítima em algo romântico e não algo digno de ser tratado por profissionais de modo a minorar a dor, posto que a marca mesma não se apagará jamais. Ademais, uma porcentagem significativa das que são esculachadas em seu seio familiar e social o são por mulheres, pelas mães inclusive.

    Não acredito que sua boa intenção de ajuda tenha efeito maior que, talvez, um momento de melhora na alto estima de uma vítima leitora, que em seguida, pelo "apoio" mergulhe em pior depressão.
    Meus votos de melhoras a todas.

    Quanto a anônima do dia 6 de maio, votos de superação. Queria apenas dizer que se um maldito estuprador quiser pegar alguém, vai pegar ainda que toda vestida de paletó e sobretudo, inclusive não seria estranho se o criminoso preferir o tipo vestido, pela sua doença específica... Se preferir as evangélicas como forma de profanar-lhe uma possível santidade... Se preferir as masculinizadas como forma de quebrar-lhe o ego... Tem doente de todos os estilos. Simplesmente, é muito maior a chance da moça seminua cair nessa cilada.

    Você estava usando moletom e calça jeans e estava em um lugar ermo. Pode dizer como escapou, gostaria de saber se você puder contar.

    Não me queira mal.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Anônimo, ao ler sua resposta, eu percebi que você não tá entendendo que eu não estou dizendo simplesmente que mulheres tem direito de viver uma vida sem estupros e que mulheres tem direito de andar de roupa curta sem se tornarem vítimas de estupro. (Não é essa a discussão, se fosse, eu sequer responderia um comentário que acha que mulher não tem esses direitos). O que eu estou dizendo é que roupa curta e estupros não são causa/consequência. Estou dizendo que você dizer que roupa curta e estupro tem relação é puro achismo, puro senso comum, porque não há nenhuma prova disso. Pelo contrário, o que a gente mais vê ao ler relatos de estupro e PESQUISAR/ESTUDAR sobre o assunto é que as roupas não influenciam nisso.

      O papo de "ande com recato" é simplesmente uma forma de controlar o corpo das mulheres, ou seja, machismo. Estupradores não atacam suas vítimas pelas suas roupas. Atacam por oportunidade, atacam por odiar mulher, atacam até mesmo por acharem que a vítima é frágil/não reagirá. A motivação de um estupro é poder, mas acho que você não entendeu essa colocação em sua completude, porque olha só, o poder que um estuprador quer exercer em sua vítima se relaciona diretamente com machismo e misoginia (e em alguns casos, lesbofobia). "Poder" não existe desvinculado das opressões. O estuprador estupra uma mulher porque ele acha que mulheres são objetos sexuais, por exemplo. Porque é incapaz de ver a mulher como um indivíduo.

      Repito, estupros, em sua maioria, acontecem entre conhecidos, familiares, namorados, amigos e não no meio da rua, num lugar ermo. Estupros ocorrem dentro de casa, sabe? E mais uma vez eu te lembro que crianças são vítimas de estupro e eu pelo menos não consigo imaginar como uma criança pode andar de forma vulgar na rua casa e ser estuprada por um vizinho por não ser "recatada o suficiente".

      Você fala de uma forma que me faz pensar que você ignora completamente os casos de estupro fora dessa ideia padrão de lugar ermo, mulher sozinha, atacada por um maníaco sexual. Por isso, acho que você acha que todo estuprador é um tarado, um psicopata, um monstro, sendo que na real, não é. Estupradores estão em todos os meios sociais, não tem doenças mentais, necessariamente, às vezes são amigos/parentes da vítima. Você tem que entender que estupro não é só cometido por maníacos do parque e sim por homens "normais", justamente porque a gente vive numa sociedade que é misógina. A sociedade, em geral, só condena o estupro e o estuprador quando ele é cometido por "monstros", nessas situações de "ideia padrão de como um estupro é", nas outras situações, duvidam da palavra da vítima. (E, bom, nas duas situações, falam da roupa dela). Mulheres são estupradas pelos seus maridos, dormindo, simplesmente porque os caras não conseguem ver mulher como gente. Quando você afirma que estupradores são psicopatas, você coloca o estupro como se fosse algo que acontece menos do que acontece na realidade. Quando você afirma isso, você colabora com a ideia de que um "cidadão de bem" não pode ser um estuprador e isso facilita a sociedade culpar a vítima dizendo que ela queria e coisas do tipo. (...)

      Excluir
    2. (...)

      Eu e nenhuma feminista "romantizamos" a dor das vítimas, tanto é que nós sabemos que cada vítima reage de forma diferente. Você, inclusive, acha que sobreviventes de estupro agem sempre de forma x, ao supor que TODAS precisam de tratamento, não? As pessoas são diferentes e reagem de formas diferentes. Eu (e nem você) podemos afirmar quem esculacha a sobrevivente em casa, já que não temos dados, né? Mas eu posso afirmar que o esculacho que ocorre é produto da nossa cultura de culpabilização (que você reafirmou ao dizer que temos que andar recatadas). Mas se você quer saber minha opinião, eu acho que quem esculacha as vítimas são maioria homem. Dá uma lida em relatos de estupro que você vai ter a mesma impressão que eu, eu acho.

      E bom, eu não acho que estou amparada de só boas intenções, mas também de conhecimento de causa, já que sou mulher e convivo com vítimas de estupro, de violência doméstica e outros abusos de ordem machista. E eu não sei em que mundo dizer "A CULPA NÃO FOI SUA" ajuda alguém a piorar, até porque essa frase é o que a maioria das sobreviventes dizem que precisavam ouvir. Inclusive, em abusos de outra ordem, essa frase foi essencial pra mim.

      Mais uma vez reitero, estupradores não estupram por doença. E, na boa, eu não li a sobrevivente do relato da calça jeans dizer que ela estava num lugar ermo e acho que essa sua suposição é causada pelo fato de você achar que estupros só acontecem nessa situação específica. (Que por sinal, acontece mais raramente que os estupros entre conhecidos, dentro de casa e afins).

      Excluir
    3. Anônimo, você está desatualizado.

      1º) Estupro não é crime contra a honra, é crime contra a dignidade sexual.

      2º) Você está falando em andar com recato.

      Volta para os anos 50, dinossauro!

      Excluir
  7. Thaís, a parte do "local ermo" foi por minha conta. Com certeza a moça não foi abordada na praça de alimentação do shopping.
    Mas você tem razão quando salienta que ignorei o fato da maioria dos estupros ocorrerem em ambiente familiar. Minha discussão não visa alcançar qualquer forma de vitória argumentativa.

    Não penso que alertar a vítima de que a culpa não foi dela seja prejudicial. Nada que chame a parte para a realidade, de maneira racional, pode ser prejudicial. Isso inclui demonstrar à vítima que a culpa do abuso não foi ela, caso a mesma se sinta inclinada a achar que foi. Prejudicial é fazer um post todo subjetividade, um "motivacional" parecendo um devocional embriagante de emoções. Exponha fatos às pessoas que você quer ajudar. Explique porque elas não são as culpadas. Seja objetiva, não transforme o já desgraçado malgrado das vítimas em suas identidades pro resto da vida.

    Também acho que a maioria são homens, como você disse. Por maioria, entende-se que não são exclusivamente os homens à fazer isso. Inclusive somente uma ínfima minoria de homens fariam isso, ou você acha que em uma nação, ainda que bruta como a nossa, todos os homens teriam esse comportamento? Se por acaso achasse isso, penso que seria por mero preconceito quando também me perguntaria, se fosse o caso: qual a origem desse preconceito?

    Estupradores não estupram por doença? E estupram por que? Por saúde? Por que sim? Que outro motivo existe que leve alguém a cometer essa barbárie contra outrem? Por que homens são todos maus por natureza, logo tudo quanto é homem é estuprador em potencial? Se é o caso porque a ojeriza que todos os homens demonstram frente a esse crime? Saiba que o estupro é um dos únicos crimes punidos com morte desde antes da existência de leis como as que conhecemos. Eram as mulheres que puniam com morte os estupradores?

    Ora Thaís, você foi a primeira a comentar o seu texto. Se antecipou para justificar (para si) a razão de um texto tão tendencioso e apaixonado.

    Responda só para você:
    Por que por tanta paixão nesse texto? Por que culpar o gênero masculino lhe causa uma catarse tão grande? Por que a frase citada foi tão essencial para você? Esses abusos de outra natureza foram provocados em você por gente de que gênero?

    Considere objetivamente que homens podem ser bons e bondosos, mesmo a despeito do que os seus sentimentos dizem, pelo menos estatisticamente, pelo menos no campo das possibilidades, ainda que por consideração deliberada, já que não foi pelas vias da racionalidade que você chegou as sua conclusões. Pode ter até feito a manutenção de um posicionamento que se tornou caro à você por racionalismos e racionalizações, mas que não se sustentam, exceto em uma realidade particular.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. "não transforme o já desgraçado malgrado das vítimas em suas identidades pro resto da vida." - Você é que transforma as sobreviventes a uma só identidade quando você diz que elas não precisam disso aqui e afirma que todas precisam de tratamento, porque você afirma que sabe mais do que essas pessoas precisam que elas mesmas. Muitas mulheres me agradeceram por esse texto, anônimo. Mulheres que foram vítimas de estupro, de relacionamento abusivo e de violência doméstica. E eu agradeço a todas as mulheres que me mostraram textos do tipo quando eu precisei.

      Cara, a gente não está brincando de fazer texto bonitinho, a gente não tá romantizando tristeza decorrente de violência machista, a gente tá fazendo política, esmiuçando problemas sociais sérios que atingem nós mulheres. Não me venha me ensinar como eu devo lutar por algo que me atinge diretamente. Existe violência contra a mulher porque existe um sistema estruturado com base na ideia de que mulheres são inferiores, objetos e que devem ser passivas e submissas sempre. Essa violência se inicia no machismo e é alimentada por ele porque a misoginia desvaloriza a voz das mulheres, desvaloriza relatos, formas de enfrentamento, desvaloriza o feminismo.

      E eu em nenhum momento falei que todos os homens são estupradores. Ponto. Nem sequer vou responder o resto, porque já percebi que você é só mais um comentarista cheio de má fé e que faz questão de desqualificar a nossa voz a todo custo, porque zombar do texto como você fez, mal interpretar minha fala para dizer que eu disse que todos os homens são estupradores é desonestidade pura.

      Excluir
    2. O anônimo desonesto é incapaz de dar atenção a tudo que você escreveu, Thaís. Ele não vê, finge não ver, não quer ver que ele não entende sobre tudo e não quer admitir que você e qualquer mulher saiba bem mais que ele sobre culpabilização da vítima, ele não admite que uma mulher saiba bem mais sobre ele em qualquer assunto.
      Observe só o texto dele, todo em tom paternalista que tenta esconder a agressividade dele, mas depois, ele num tom super passivo agressivo desqualifica você e o texto apelando para desonestidade e má fé. Ele não quer admitir que o estupro é um problema social decorrente do machismo e misoginia, porque ele quer continuar sendo machista e dizendo para as mulheres serem recatadas. Ele não quer reconhecer que estupradores não são todos doentes mentais e monstros porque ele não quer reconhecer que práticas comuns na sociedade, que pode ser que os amigos dele façam, são estupros. Por exemplo: embebedar uma mina até ela cair para transar com ela é algo comum e eu até eu já ouvi ALGUNS homens falando isso como se não fosse nada e depois se dizendo contra estupro (sim, porque eles acham a mesma coisa que vc, que estupro é só na rua, feito pelo desconhecido, num lugar ermo).
      Até agora estou procurando onde a Thaís falou qualquer coisa que pudesse ser interpretada como "homens são ruins, monstros, eu odeio homens", sendo que ela falou de cultura e o texto dela está claro, já que ela escreve bem. Você supõe que ela tem um problema: odiar homens, e que o texto (e o feminismo) dela é originado dessa premissa de ódio. Toda feminista ouve isso o tempo todo, anônimo. Seu antifeminismo ficou evidente com esse comentário.
      Pode se doer todinho porque o texto dela é ótimo e ela está falando coisas que são ululantes.

      Excluir
  8. An, han... Abrace sua ideologia. Talvez você não tenha coisa melhor em que se firmar, mas isso é realmente uma pena pois é a coisa mais parecida com nazismo que já vi e só eleva o ser a mesma altura de alma que aquele regime elevou Hitler.

    Só uma coisa: todo ente estuprado precisa de tratamento sim. Procure o psicólogo mais mequetrefe que ele te dirá.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nossa, que previsível. Chamou uma feminista de feminazi. Aprendeu direitinho nos fóruns do 4chan.

      Sempre vi a terapia como algo que todas as pessoas deveriam fazer. Não estou falando para as sobreviventes não fazerem terapia, estou só dizendo que nem todas sentem a necessidade (até porque costuma ser bem caro e a necessidade muitas vezes é medida a partir do preço e psicólogos são humanos e estão inseridos na mesma sociedade que a gente e podem muito fazer um tratamento partindo de premissas culpabilizadoras que não ajudam em nada).

      Você é que quer ensinar como sobreviventes devem agir e não eu. Eu só estou dizendo que cada uma reage e lida com o que aconteceu de maneira diferente.

      Excluir
  9. Anônimo,
    Um estuprador, estupra porque acha que pode fazer isso. Porque se sente no direito. Porque tem toda uma cultura que diz isso pra ele. Que diz que uma mulher que não esteja recatada, está assumindo o risco, está se colocando a disposição. Que acha que a mulher é quem provoca, e portanto, sem perceber, joga nas costas da vítima a culpa pela agressão que ela sofreu. Um estuprador, estupra, por ódio, pra machucar, pra agredir. Estupra porque ACHA que o corpo da mulher pertence a ele. E quando ela ousa mostrar que não, que ela tem o direito de ir por onde quiser, vestida como quiser, se e quando quiser, estupra pra mostrar que não, não pertence, e que ela não, não ela não pode. Ou até pode, mas assim, ela que sabe neh, o risco é todo dela. Vestiu com pouco recato, ta assumindo o risco. Exemplo estupros maritais, que acontecem porque maridos acham que o corpo da mulher com quem se casaram, só porque se casaram com elas, pertence a eles, e não importa se ela diz não, você já come ela msm... Outro exemplo, esse de um conhecido, que comeu uma mina na festa, estando ela apagada mal conseguindo falar. Ele achou de boa porque eles já tinham ficado uma vez, e mesmo ela não tendo consentido, ele achou que tava ok. Vai dizer que ela é quem não deveria ter bebido? Não seria mais fácil correto ensinar pro tal "doente" que não se deve estuprar alguém? Que não se toca alguém sem que essa pessoa esteja em condições de consentir?

    Estupra pra mostrar pra mulher que ousou sair na rua como quisesse que o corpo dela não pode pertencer a ela assim, como ela ousa?

    Estupros acontecem porque a mulher ousou sair de casa. Ousou trabalhar fora. Ousou vestir o que quer. Ousou ser dona de si. Ousou viver sua sexualidade sem culpa cristã, como e com quem quer. (com quem ela quer, não com todo mundo que quer ela, veja bem, são coisas beeeem diferentes!) Estupros acontecem porque acreditava-se que a mulher que não estava acompanhada por um homem na rua estava pedindo por isso, uma variante mais velha de “mulheres vestidas com pouca roupa estão assumindo os riscos”.

    Ou seja, o seu comentário está cheio da mesma lógica que leva estupradores a estuprarem. Percebe o quanto isso é perigoso? Você diz que concorda que a culpa não é da vítima, e em contraposição, faz um monte de comentários que corroboram pra que estupradores não sejam culpados pelas suas próprias atitudes. Alimenta, sem querer, toda uma cultura de estupro. Alimenta sem querer, os caras que acham que mulher de roupa curta merece ser estuprada.Contribui pra msm lógica cruel que transforma mulheres em estupraveis. E aí, você é um psicopata? Uma pessoa terrivel? Ou é só alguém normal que reproduz a lógica machista e misógina de milênios da nossa sociedade?

    ResponderExcluir
  10. Assim é confortável demais pra quem estupra. Afinal de contas, se essa pessoa possui algum transtorno de personalidade, ela é alguém terrível, um monstro, e não um homem comum. Muito mais fácil pra qualquer homem não ter que encarar os olhos de um agressor pra não ver que ele é só um homem como ele, sobre o pretesto de “não, mas quem faz isso é um monstro, um psicopata, homem de verdade não agride mulher...”
    Muito mais fácil chamar estuprador de doente do que repensar quais são as atitudes de pessoas comuns, como eu, como você, que fazem com que estupros sejam naturalizados.
    Entendo, nenhum de nós gosta de perceber nossa parcela de culpa em questões tão tensas, mas peraí.

    No mais, converse mais com mulheres, e leia relatos de estupros, porque assim, pelo que vi cê não deve nem conhecer nenhum estuprador, nem conhecer nenhuma vítima de estupro, porque olha, dos estupradores que eu conheci, nenhum era psicopata. Todos os homens normais. E dos relatos de estupro que eu li, e ouvi, eles eram namorados, eles eram vizinhos, eles eram pais, avós, amigos. Homens em quem você confia, não só meros desconhecidos na rua (o que também acontece.). Homens que não são monstros, mas pessoas. Que possuem virtudes, que possuem bondade, e que mesmo assim, estupraram.

    E relaxa aí, ninguém aqui disse que homens não podem ser bons, bondosos, e que todo homem é estuprador. Só que assim, seguindo sua linha de raciocínio, nenhum homem é, neh. Porque afinal quem estupra são doentes, não são homens normais. Só que não.

    E só pra vc saber, não sou a anonima do outro comentario, mas sofri uma tentativa de estupro numa rua movimentada do bairro, caminho pro posto de saude local, às 9 da manhã, vestindo uma camiseta tres vezes o meu tamanho porque pertencia ao namorado, calça jeans e tênis. Meu erros? Achar que tenho o direito de me deslocar sozinha sem ficar cheia de medo e paranóia. Sem ter que ter um homem do meu lado pra me proteger. Presumir que homens não acham que eu sou estupravel só por estar andando sozinha na rua. Acreditar nessa bondade aí que cê tá falando.

    ResponderExcluir

  11. Estupro/ameaça de estupro nada mais é que uma forma de manter as mulheres subservientes aos homens.
    Seja mantendo seus corpos (q pertencem a eles, neh, por isso tem q ser recatada, pros outros nao olharem) bem escondidinhos, seja se mantendo em casa bem escondidinha.
    Dizer pra mulher sair mais, ou menos recatada, nada mais é que sugerir que "se tu não andar na linha você pode ser estuprada".
    Se cê não consegue ver isso não for uma forma cruel de opressão, controle e dominação, eu sinceramente, não sei se tem qualquer coisa que pode ser dita que vá te fazer enxergar o que tá há um palmo do seu nariz.

    ResponderExcluir
  12. Desculpe pelo último comentário grosseiro, considerei que você foi grosseira primeiro.

    Não sou desonesto.

    Você escreve bem, mas o texto do seu post é uma bobagem.

    Lamento pelo seu abuso sofrido. Faço votos que seja ou continue feliz.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bobagem? E lá mais um homem desmerecer o trabalho de uma mulher. Diminuir o sofrimento de mulheres. Reduzindo tudo a vitimismo ou falta de racionalidade.
      Desculpa, amigo, mas como os do seu tipo são muitos e muito presentes fica cada vez mais difícil acreditar na existência desses homens "bondosos". Homens empáticos já seria suficiente pra mim.

      Excluir
    2. o texto tem um viés empoderador e isso é buscar pela mudança dessa cultura machista, eu leio esse texto e me sinto forte para enfrentar a culpa que sinto, pq sei que outras mulheres são solidárias comigo.

      Excluir
  13. Estava procurando algo que me fizesse parar de me culpar por um assedio que sofri e que muitos falaram a culpa foi sua quem mando beber quem mandou conversar quem mandou quem mandou sendo que nunca se passou pela minha mente ter algo com o cretino e mesmo cortando a pessoa não queria entender e sim tirar proveito da minha situação passei muito tempo depressiva isso me ajudou bastante pois tem gente que só pensa em fazer as pessoas ficarem piores do que já estão se sentindo mas ninguém sabe o que é passar por isso Obrigada !

    ResponderExcluir